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cinema épico ou histórico
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Um dos primeiros temas históricos abordados em cinema foi a vida de Joana D'Arc, no filme de 1898 Jeanne D'Arc de Georges Hatot. A partir de então, foram realizados cerca de vinte filmes sobre esta heroína por autores de épocas tão distantes como Georges Méliès, Cecil B. De Mille, Carl Dreyer, Victor Flemming, Roberto Rossellini, Otto Preminger, Luc Besson, entre outros.

No princípio do século XX, fundava-se em França a produtora cinematográfica Film D'Art, que tinha como especial objetivo dignificar a Sétima Arte com temas de qualidade e pretendia apropriar-se do público tradicional do teatro. A sua primeira produção, uma espécie de teatro filmado, baseou-se num facto histórico, o assassínio de Henrique I de Lorena e que teve o nome L'Assassinat du Duc De Guise (O Assassinato do Duque de Guise, 1908), do realizador Le Barguy e do seu assistente André Calmettes, ambos da Comédie Française, que teve um grande sucesso. Alguns anos depois, foi o filme Queen Elizabeth (Raínha Isabel, 1912), protagonizado pela célebre Sarah Bernhardt, que viria também a causar sensação. É interessante verificar que quando o cinema se quis tornar um assunto sério foi buscar temas de História e Arte que viriam a ser objeto de um comércio muito lucrativo. Perante este sucesso, as produtoras italianas decidiram abordar o cinema histórico com os seus próprios temas e, ao contrário dos franceses, puseram-se a filmar ao ar livre com um grande número de figurantes, como em Quo Vadis? (1912), de Enrico Guazzoni, e Cabíria (1914), de Giovanni Pastrone. Os filmes italianos fizeram furor tanto na Europa como nos EUA, lançando a moda dos grandes espaços e das grandes epopeias nos ecrãs. Dizem que foi "Cabíria" que inspirou o grande realizador americano D. W. Griffith nas grandes encenações de Intolerance (Intolerância, 1916), um marco na expressão da linguagem cinematográfica em que o realizador denuncia aquela que considera ser uma das maiores fraquezas da humanidade.

Cartaz de "Gladiator" (Gladiador), filme realizado por Ridley Scott, em 2000
Cartaz de "The Ten Commandments" (Os Dez Mandamentos), um filme de Cecil B. De Mille, de 1956, no qual participaram Charlton Heston e Yul Brynner, entre outros
Na Alemanha, para além de Joe May com Veritas Vincit (1918), é o trabalho de Ernst Lubitsch que terá mais reconhecimento internacional neste género com Madame Dubarry (1919) ou The Pharaoun's Wife (A Mulher do Faraó, 1921).
Na Alemanha, da República de Weimar, vale ainda a pena salientar a série de filmes dedicados aos grandes homens da história como Fridericus Rex (1922-23), de von Cserèpy, o primeiro de uma série dedicada a Frederico II da Prússia. Napoleão foi também uma personalidade da história abordada por realizadores desde a Alemanha aos EUA. Nos EUA do pós- Primeira Guerra Mundial, foi Cecil B. De Mille que assumiu este género de cinema histórico com grandeza, através de filmes como The Ten Commandements (Os Dez Mandamentos com duas versões, uma em 1923 e outra em 1956), King of Kings (O Rei dos Reis, 1927), The Sign of the Cross (O Sinal da Cruz, 1932), Cleopatra (Cleópatra, 1934), The Crusades (As Cruzadas, 1935) ou Samson and Delilah (Sansão e Dalila, 1949), entre outros.

Os filmes de De Mille tinham muito espetáculo mas pouco rigor histórico e se eram do gosto popular acabaram por abafar trabalhos interessantes de outros realizadores da época, como é o caso de Mervyn Le Roy com Quo Vadis? (1951), Henry King com David and Bathsheba (David e Betsabé, 1951) ou King Vidor com Solomon and Sheba (Salomão e a Rainha do Sabá, 1959). Mas este tipo de cinema continuou a ser popular até aos nossos dias e atingiu uma maior qualidade com, por exemplo, The Three Musketeers (Os Três Mosqueteiros, 1948), de George Sidney, Viva Zapata! (1952), de Elia Kazan, Land of the Pharaouns (Terra dos Faraós, 1955), de Howard Hawks, Spartacus (1960), de Stanley Kubrick, Tom Jones (1963), de Tony Richardson, Napoleon (Napoleão, 1925-27), de Abel Gance, os filmes históricos de Sacha Guitry ou o cinema histórico sueco de Alf Sjöberg, entre muitos outros exemplos.

Foi o estilo preferido de muitos regimes do século XX - como o regime fascista de Mussolini ou o comunista da URSS, com os filmes de Serguei Eisenstein. Género muito cultivado, o cinema épico ou histórico nunca deixou de ser apreciado e realizado como é exemplo Gladiator (Gladiador, 2000), de Ridley Scott, com um grande número de Óscares e de popularidade de audiências. Mais recentemente, Mel Gibson descreveu os momentos finais de Jesus Cristo em The Passion of the Christ (A Paixão de Cristo, 2004).

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Como referenciar
Porto Editora – cinema épico ou histórico na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-12 00:04:06]. Disponível em
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