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Cioso
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Da autoria de António Ferreira, a comédia Cioso parece ter sido escrita, depois da Bristo, entre 1554 e 1558, embora só tenha sido editada, juntamente com aquela, em 1622.
Como a outra comédia já referida, Cioso está estruturada em cinco atos, tendo como tema enformador da ação o ciúme de Júlio, mercador e banqueiro de profissão. Na verdade, sendo casado com uma bela mulher, a loura Lívia, este mercador, exagerando nas suas cautelas, mantém-na permanentemente "aprisionada" dentro da sua própria casa, sita na Praça de S. Marcos, na não menos bela Veneza, lugar onde se centraliza a ação. Inconformada com a situação, Lívia derrama lágrimas de sofrimento e confidencia a sua triste sorte à sua ama Brómia que não deixa de apontar o dedo acusatório ao comportamento insensato de Júlio.
Embora intrínseco à sua estrutura mental, o ciúme de Júlio é acirrado pela chegada a Veneza de um moço português de nome Bernardo. Fixado em Génova, este jovem vai para Veneza recomendado à hospitalidade de Júlio por um amigo comum chamado Benedito.
António Ferreira
Constituindo "o eixo da ação dramática", como diz Jacinto Prado Coelho, in Dicionário de Literatura, a chegada de Bernardo desencadeia uma atitude irracional por parte de Júlio, à qual não é alheia a paixão que aquele nutrira por Lívia, antes do seu casamento e que só não resultou porque o pai desta, César, ao contrário de sua mulher Pórcia, atentava mais nos casamentos de conveniência do que nas ligações por amor.
Desconhecendo que Júlio era casado com Lívia, Bernardo, fiel à sua antiga paixão, procura Lívia.
No meio destas dificuldades, Bernardo, representante do tipo lusitano suspiroso, defensor do "amor platonizante", procura a ajuda do seu bom amigo Octávio, que defende, de forma clara, a conceção do "amor sensual".
Por outro lado, os pajens Ardélio, ao serviço de Bernardo, e Janoto, ao serviço de Octávio, que, recorrendo a uma série de artimanhas, conseguem que o cioso, cheio de debilidades e de vícios, aja de forma a "cavar a sua própria sepultura". Para o sucesso da missão (proporcionar a Júlio uma noite de amor com Faustina), é muito importante o papel desta cortesã, apaixonada por Octávio e desejada por Júlio, e de Clareta, criada daquela. Para salvaguardar qualquer adversidade, Júlio, antes de sair de casa, dá instruções a Brómia (velha ama) para não abrir a porta em nenhuma situação nem sequer a alguém parecido com ele.
A situação precipita-se porque, surpreendido por Octávio na cama com a cortesã, Júlio foge para casa e não consegue entrar dado o facto de Brómia seguir à risca as orientações que ele lhe dera. Enquanto isto, Bernardo e Lívia encontram-se na própria casa de Júlio, com a ajuda de Ardélio.
Enganado por Lívia, sua mulher, e por Faustina, a cortesã que tanto desejava, Júlio parece aprender a lição.
A peça termina, à maneira das obras de Plauto e Terêncio, com um banquete.
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Como referenciar
Porto Editora – Cioso na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 19:15:12]. Disponível em

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