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Convento de Cristo
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No interior do antigo castelo dos Templários da cidade de Tomar, edificou-se o magnífico e labiríntico Convento de Cristo. Desde o românico ducentista da charola, passando pelos sóbrios claustros góticos de Quatrocentos à exuberância do gótico final dos portais e janelas, até ao classicismo dos dormitórios ou ao barroco dos séculos XVII e XVIII, aqui se revelam algumas das mais soberbas páginas da história da arte portuguesa. Expressão maior da arte na cidade de Tomar, o Convento de Cristo, o Castelo dos Templários e a sua cerca envolvente encontram-se classificados como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.
O Convento de Cristo é um repositório de estilos artísticos, que vão desde o século XII até aos finais do século XVIII, possuindo um dos mais notáveis núcleos do período de vigência do manuelino. O castelo foi edificado em 1160 por D. Gualdim Pais, servindo de base à Ordem dos Templários em Portugal. Extinta esta por decisão papal, D. Dinis substituiu-a pela Ordem de Cristo, decorria o ano de 1319.
A edificação do cenóbio começou a expandir-se a partir do oratório inicial dos Templários, a charola, construção dos finais do século XII, de planta central com dezasseis faces, onde se expressa a solidez da linguagem da arte românica, reforçada pelos seus contrafortes e o coroamento ameado. O seu interior, que desenha uma estrutura octogonal, apresenta exuberante decoração, a maior parte da qual realizada durante todo o século XVI. Destacam-se as belas tábuas cristológicas do pintor régio Jorge Afonso (c. 1510-1515) ou de Gregório Lopes (c. 1536-1538). Também é de mencionar o primoroso trabalho em talha dourada dos baldaquinos e dos anjos heráldicos, obra gótica dos princípios do século XVI e da autoria do flamengo Olivier de Gand.
Convento de Cristo: torre sineira na fachada do edifício
Muralhas e torre do castelo dos Templários
Claustro de D. João III, no Convento de Cristo em Tomar
Jardins do convento
Janela do Convento de Cristo, Tomar
Entrada do Convento de Cristo (estilo manuelino)
Na continuação da charola espraia-se a igreja manuelina, dividida em dois níveis - com o seu coro e sacristia -, iniciada nos princípios da centúria de Quinhentos, obra do arquiteto Diogo de Arruda. Cobre-a uma magnífica abóbada de cruzaria de ogivas nervadas, partindo de mísulas profusamente decoradas com motivos vegetalistas e figuras aladas ostentando as insígnias reais manuelinas. Ao longo das paredes, rasgadas por óculo e janelões ogivais, dispõem-se sóbrios cadeirais em madeira, de alto espaldar. Exteriormente, o grandioso portal manuelino é uma parceria de João e Diogo de Castilho, este último encarregue da parte escultórica. Uma vez mais, esta fachada é uma glorificação da arte manuelina, no seu jogo de rendilhadas pilastras, baixos-relevos naturalistas, imagens de santos, rematados por pináculos cogulhados e platibandas com a simbólica esfera armilar e a cruz de Cristo.
A fachada sul contém um dos ex-libris do monumento: trata-se da cenográfica janela manuelina. Retangular e preenchida por reticulado vazado, ela é emoldurada por um exuberante emaranhado de nós de cordas, raízes e troncos, pináculos cogulhados, e rematada por esferas armilares. Na base da janela, a figura de um velho atlante sustenta toda esta fantasiosa composição. Encima-a o escudo de D. Manuel I, sobrepujado por uma cruz de Cristo. Os dois poderosos botaréus-pináculos que ladeiam a janela manuelina prolongam os seus temas escultóricos, contendo ainda anjos e estátuas de D. João II e de D. Manuel I. A parte superior da fachada apresenta ainda o espantoso óculo preenchido por espiral com motivos de cordas e velas enfunadas pelo vento.
Dos oito claustros que compõem este labiríntico convento, um sobressai pela sua beleza e audácia planimétrica. Referimo-nos ao Claustro de D. João III, iniciado em 1533 por João de Castilho, mas logo remodelado por Diogo de Torralva e concluído por Filipe Terzi, já na 2.a metade do século XVI. Distribuindo-se em dois pisos, com uma monumental fonte central, a sua planta é surpreendente e apresenta uma solução dinâmica entre superfícies planas e convexas, onde impera a Serliana - elemento arquitetónico da autoria do italiano Sebastião Serlio, e que consiste numa solução de arco de triunfo ladeado por pares de colunas ou pilastras -, colunas da ordem dórica e jónica, em conjugação com aberturas de puras formas geométricas.
Outras dependências conventuais apresentam soluções de uma grande beleza formal, como são o caso dos claustros do século XV ou das alas onde se localizam os dormitórios e o refeitório, construídas posteriormente.
Com a extinção das ordens religiosas, por decreto do governo liberal de 1834, o Convento de Cristo entra numa fase de decadência. Mas a sua importância histórica, política e artística consagrou-o como um dos mais paradigmáticos monumentos de Portugal.
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Como referenciar
Porto Editora – Convento de Cristo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-10 17:33:39]. Disponível em
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