coordenação
Na gramática tradicional, "coordenação" designa o tipo de relação sintático-semântica que permite ligar elementos que possuam a mesma estrutura, a mesma função sintática e a mesma função semântica. Dito de outro modo, os elementos coordenados têm que ser formalmente iguais, i.e., só é possível que um substantivo seja coordenado com outro substantivo, que um sintagma preposicional seja coordenado com outro sintagma preposicional, mas nunca um substantivo pode ser coordenado com um adjetivo, nem um sintagma preposicional com um sintagma nominal, como é possível verificar pelo contraste de gramaticalidade (i, ii)/agramaticalidade (iii) das frases seguintes:
i) A varina vendeu sardinhas [Subst., Objeto Direto, Paciente] e robalos [Subst., Objeto Direto, Paciente].
ii) As castanhas estavam quentes [Adj., Pred. Sujeito, Atributo] e boas [Adj., Pred. Sujeito, Atributo].
iii) *A pergunta essencial parece ser esta [Pron., Pred. Sujeito, Atributo] e simples [Adj., Pred. Sujeito, Atributo]:para onde vamos?
Esta capacidade de juntar qualquer tipo de unidade sintática, seja um núcleo (ex: substantivo, adjetivo, advérbio, pronome), um sintagma ou uma frase simples, é uma propriedade que permite distinguir a coordenação da subordinação, que apenas liga frases simples.
Outra propriedade que caracteriza a coordenação é a pouca mobilidade dos termos coordenados. Por outras palavras, ao contrário do que acontece com as frases subordinadas completivas e adverbiais, que podem ser colocadas antes ou depois da frase subordinante ou principal (iv, v, vi, vii), no caso das orações coordenadas esta deslocação não é possível (cfr. ix, xi) sem risco de agramaticalidade. Vejam-se assim os seguintes exemplos:
iv) É importante [Subord Completiva] separar o lixo[Frase Principal].
v) Separar o lixo [Frase Principal] é importante[Subord Completiva].
vi) Mal o professor chegou [Subor. Adverbial], começámos a reunião [Frase Principal].
vii) Começámos a reunião [Frase Principal], mal o professor chegou [Subor. Adverbial].
viii) Fomos para o Brasil [Frase Principal], mas não fomos em férias [Frase Coordenada].
ix) *Mas não fomos em férias [Frase Coordenada], fomos para o Brasil[Frase Principal].
x) Não só apanhou uma multa por excesso de velocidade[Frase Principal], como também por falta de documentos [Frase Coordenada],.
xi) *Como também por falta de documentos [Frase Coordenada], não só apanhou uma multa por excesso de velocidade[Frase Principal].
A coordenação é estabelecida através de conjunções coordenativas e locuções conjuntivas de coordenação que, de acordo com o seu significado, introduzem variados nexos lógico-sintáticos. Segundo a classificação da gramática tradicional, existem as seguintes frases coordenadas:
• Copulativas: indicam adição; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: e, também, nem, não só...como/mas também.
• Adversativas: indicam oposição; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: mas, porém, todavia, contudo, no entanto.• Disjuntivas: indicam alternativa; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: ou, ou...ou, seja...seja, quer...quer.
• Conclusivas: indicam conclusão; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: logo, portanto, assim, por consequência, por conseguinte, por isso.
• Explicativas: indicam explicação; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: pois (posposto), isto é, ou seja, por exemplo, ou melhor, a saber, quer dizer, ou por outra.
A coordenação pode ainda ser sindética (quando existe uma conjunção explícita a introduzir o constituinte coordenado) ou assindética (quando há omissão da conjunção; é substituída por uma vírgula; equivale a repetir a conjunção <e>):
xii) Gosto de amêndoas de chocolate e de amêndoas de licor. (coordenação sindética)
xiii) Gosto de amêndoas de chocolate, de licor, de frutos, etc. (coordenação assindética)
Contributos recentes inseridos no quadro da gramática generativa vieram trazer novas perspetivas acerca da noção gramatical de coordenação, sendo uma das principais novidades a inclusão, no âmbito da coordenação, do grupo das orações comparativas e das orações consecutivas, tradicionalmente inseridas na subordinação. Esta inclusão pode ser comprovada recorrendo, por exemplo, ao teste da deslocação de constituintes. Como os confrontos entre os exemplos xiv/xv e xiv/xvii evidenciam, a anteposição das frases consecutivas e comparativas em relação à frase principal é uma manobra que provoca agramaticalidade:
xiv) A varina vendeu mais sardinhas [Frase Principal] do que a padeira comprou bolos [Frase Comparativa].
xv) *Do que a padeira comprou bolos [Frase Comparativa], a varina vendeu mais sardinhas [Frase Principal].
xvi) O livro é tão bom [Frase Principal] que o li num dia[Frase Consecutiva].
xvii) *Que o li num dia [Frase Consecutiva], o livro é tão bom [Frase Principal].
i) A varina vendeu sardinhas [Subst., Objeto Direto, Paciente] e robalos [Subst., Objeto Direto, Paciente].
ii) As castanhas estavam quentes [Adj., Pred. Sujeito, Atributo] e boas [Adj., Pred. Sujeito, Atributo].
iii) *A pergunta essencial parece ser esta [Pron., Pred. Sujeito, Atributo] e simples [Adj., Pred. Sujeito, Atributo]:para onde vamos?
Esta capacidade de juntar qualquer tipo de unidade sintática, seja um núcleo (ex: substantivo, adjetivo, advérbio, pronome), um sintagma ou uma frase simples, é uma propriedade que permite distinguir a coordenação da subordinação, que apenas liga frases simples.
Outra propriedade que caracteriza a coordenação é a pouca mobilidade dos termos coordenados. Por outras palavras, ao contrário do que acontece com as frases subordinadas completivas e adverbiais, que podem ser colocadas antes ou depois da frase subordinante ou principal (iv, v, vi, vii), no caso das orações coordenadas esta deslocação não é possível (cfr. ix, xi) sem risco de agramaticalidade. Vejam-se assim os seguintes exemplos:
iv) É importante [Subord Completiva] separar o lixo[Frase Principal].
v) Separar o lixo [Frase Principal] é importante[Subord Completiva].
vi) Mal o professor chegou [Subor. Adverbial], começámos a reunião [Frase Principal].
vii) Começámos a reunião [Frase Principal], mal o professor chegou [Subor. Adverbial].
viii) Fomos para o Brasil [Frase Principal], mas não fomos em férias [Frase Coordenada].
ix) *Mas não fomos em férias [Frase Coordenada], fomos para o Brasil[Frase Principal].
x) Não só apanhou uma multa por excesso de velocidade[Frase Principal], como também por falta de documentos [Frase Coordenada],.
xi) *Como também por falta de documentos [Frase Coordenada], não só apanhou uma multa por excesso de velocidade[Frase Principal].
A coordenação é estabelecida através de conjunções coordenativas e locuções conjuntivas de coordenação que, de acordo com o seu significado, introduzem variados nexos lógico-sintáticos. Segundo a classificação da gramática tradicional, existem as seguintes frases coordenadas:
• Copulativas: indicam adição; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: e, também, nem, não só...como/mas também.
• Adversativas: indicam oposição; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: mas, porém, todavia, contudo, no entanto.• Disjuntivas: indicam alternativa; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: ou, ou...ou, seja...seja, quer...quer.
• Conclusivas: indicam conclusão; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: logo, portanto, assim, por consequência, por conseguinte, por isso.
• Explicativas: indicam explicação; são principalmente introduzidas pelas conjunções e locuções: pois (posposto), isto é, ou seja, por exemplo, ou melhor, a saber, quer dizer, ou por outra.
A coordenação pode ainda ser sindética (quando existe uma conjunção explícita a introduzir o constituinte coordenado) ou assindética (quando há omissão da conjunção; é substituída por uma vírgula; equivale a repetir a conjunção <e>):
xii) Gosto de amêndoas de chocolate e de amêndoas de licor. (coordenação sindética)
xiii) Gosto de amêndoas de chocolate, de licor, de frutos, etc. (coordenação assindética)
Contributos recentes inseridos no quadro da gramática generativa vieram trazer novas perspetivas acerca da noção gramatical de coordenação, sendo uma das principais novidades a inclusão, no âmbito da coordenação, do grupo das orações comparativas e das orações consecutivas, tradicionalmente inseridas na subordinação. Esta inclusão pode ser comprovada recorrendo, por exemplo, ao teste da deslocação de constituintes. Como os confrontos entre os exemplos xiv/xv e xiv/xvii evidenciam, a anteposição das frases consecutivas e comparativas em relação à frase principal é uma manobra que provoca agramaticalidade:
xiv) A varina vendeu mais sardinhas [Frase Principal] do que a padeira comprou bolos [Frase Comparativa].
xv) *Do que a padeira comprou bolos [Frase Comparativa], a varina vendeu mais sardinhas [Frase Principal].
xvi) O livro é tão bom [Frase Principal] que o li num dia[Frase Consecutiva].
xvii) *Que o li num dia [Frase Consecutiva], o livro é tão bom [Frase Principal].
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Como referenciar
Porto Editora – coordenação na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-29 02:43:38]. Disponível em
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Porto Editora – coordenação na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-29 02:43:38]. Disponível em