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Crise de 1578-1580
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O desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir em 1578 abriu caminho à União Ibérica, assistindo-se em Portugal a uma crise de sucessão dinástica que interrompe a linha natural da dinastia de Avis e, consequentemente, levará à perda da independência de Portugal (1580, que vai culminar com a aclamação de Filipe II de Espanha nas Cortes de Tomar, em 1581, como rei de Portugal). O período entre 1578 e 1580 é conhecido como o período da perda da independência.
 
Três correntes de opinião e seis candidatos ao trono de Portugal surgiram neste período de crise dinástica, que se pode dividir em quatro momentos: o primeiro é o período da realeza de D. Henrique, em que se evocam as razões jurídicas e a estratégia política dos seis candidatos, em torno das Cortes de Almeirim; o segundo corresponde ao período que decorreu desde a morte do Cardeal-Rei D. Henrique, a 30 de janeiro de 1580, e em que o trono foi entregue a cinco governadores, até à aclamação de D. António, Prior do Crato, na vila de Santarém, a 19 de junho de 1580, período este em que só os três candidatos mais fortes - Filipe II, D. Catarina de Bragança e D. António, Prior do Crato - mantêm as suas pretensões; o terceiro período corresponde à curta realeza de D. António e à invasão de Portugal pelas tropas do Duque de Alba, até ao recontro militar em Alcântara, altura em que Portugal fica à mercê do rei de Castela pela vitória militar conseguida; por último, regista-se o período da vinda para Portugal de Filipe II e a sua aclamação nas Cortes de Tomar, em abril de 1581.
 
A crise dinástica, patente em 1580, constitui um dos grandes momentos da História de Portugal, tendo sido esse ano marcado por uma grande controvérsia política. Porém, já tinha um desfecho previsível, pois desde há muito que ambas as coroas visavam uma união, cada uma defendendo a sua supremacia.
 
Qualquer um dos candidatos não era descendente direto do rei: Filipe II, rei de Espanha, era neto de D. Manuel e filho de D. Isabel, que seguia à linha extinta de D. João III; D. António, Prior do Crato, filho bastardo ou legitimado do segundo filho varão de D. Manuel, o Infante D. Luís; o Duque de Saboia, Manuel Felisberto, era neto de D. Manuel e filho de D. Beatriz, segunda filha de D. Manuel; o príncipe Alberto Rainúncio de Parma, filho da Infanta D. Maria de Parma e neto do Infante D. Duarte; D. Catarina, duquesa de Bragança, filha do Infante D. Duarte e, finalmente, D. Catarina de Médicis, rainha-mãe de França, que alegava a sua pretensão ao trono remontando ao século XIII, por altura do casamento de D. Afonso III com D. Matilde de Bolonha, de quem ela se considerava legítima descendente.
 
O Cardeal D. Henrique, tio de D. Sebastião, subiu ao trono na sequência do desaparecimento deste. Tendo o privilégio de nomear o herdeiro, o que talvez tivesse evitado a perda da independência, em 1580, resolveu deixar o problema em suspenso nomeando cinco governadores para o substituírem, o que facilitaria a pretensão ao trono por parte dos reis de Espanha. Foi assim uma péssima estratégia para a causa nacional e para a Casa de Bragança, já que o Cardeal poderia ter dado o trono a essa família ducal. O cardeal acabou por falecer dada a sua idade avançada.
 
Crê-se que no final da sua vida, D. Henrique alimentou a esperança de declarar D. Catarina sucessora do trono, mas os adeptos do partido castelhano, cada vez mais poderosos, teriam feito ver os inconvenientes desta opção, que podia levar a uma invasão de Portugal por parte do rei de Espanha.
 
A maioria do povo apoiava D. António, que rejeitava a ideia de um rei espanhol em Portugal.
 
Filipe II beneficiava de muitos fatores: força difícil de combater por um país cujo exército e tesouro eram escassos; bom administrador, contribuindo para a paz interna, condições de que Portugal carecia há já algum tempo; as suas promessas de conservar a soberania portuguesa na forma de uma monarquia dual; a sua excelente diplomacia e argumentos monetários, no seio das gentes influentes portuguesas, sugerindo, convencendo, ameaçando e subornando, acabando por colocar a nobreza e o clero do seu lado, pois para além de não possuírem grande riqueza, receavam ao mesmo tempo os motins populares chefiados por D. António, Prior do Crato. Também, para a grande burguesia, a união ibérica era vantajosa porque iria fortalecer o sistema financeiro do Estado e permitir a abertura de novos mercados e a supressão das barreiras alfandegárias.
 
Deste modo, não levou muito tempo para que Filipe II, filho de Carlos V de Espanha e de Isabel de Portugal, conseguisse obter o apoio do alto clero, de grande parte da nobreza, dos intelectuais, comerciantes e burocratas. Até os duques de Bragança acabaram por aceitar a sua candidatura.
 
Venceu por várias vezes D. António em batalhas chefiadas pelo Duque de Alba. D. António, entretanto, aclamado rei pelo povo em Lisboa, Santarém e Setúbal, acabou por se refugiar em França, tentando continuar a luta com o auxílio deste país e da Inglaterra, embora fosse nos Açores que a defesa da independência tivesse sido mais forte.
 
Filipe II partiu, assim, de Badajoz para Elvas, em dezembro de 1580. Como havia surtos de Peste Negra em Lisboa, acabou por ficar mais tempo no Alentejo, de onde enviou uma carta convocando as Cortes para Tomar, em abril de 1581, onde foi solenemente jurado e aclamado rei de Portugal, com o título de Filipe I.
 
 
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Porto Editora – Crise de 1578-1580 na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 18:02:09]. Disponível em
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