cultura de massa
Dentro do estado interativo que caracteriza o fenómeno comunicativo, de que se constitui a sociedade, torna-se resultante este conceito cultural de massa, derivado das sucessivas aplicações tecnológicas no campo da comunicação. Este conceito cultural expressa-se, portanto, nos seus resultados: realiza-se pela homogeneização cultural, como resultado pretendido e conseguido de um ponto de vista. Desde logo advém de um aspeto dominador: uma sobrevalorização do emissor sobre o recetor de mensagens. A dominação estabelece-se através da detenção do meio de comunicação e do aperfeiçoamento da sua tecnologia. Para além da orientação conceitual daquilo que se designa por massa, outras considerações conceituais podem ser feitas: ou massa num sentido de opacidade; ou massa num sentido de solidez ou coesão. Num sentido crítico ou utilitário do poder.
Com algum distanciamento, a cultura de massas apresenta alguns aspetos que podem ser objeto de crítica: desde logo o desequilíbrio a favor do emissor sobre o recetor, que se torna, de facto, dono e senhor de toda a comunicação. Depois, no seu aspeto homogéneo, a estandardização a que leva este método comunicativo, tornando todos os recetores iguais entre si. Por fim, uma completa inversão do conceito cultural: em vez de uma evolução cultural por avanço, depois seguida por mais vastos grupos sociais, é substituída por discutível gosto de uma enorme maioria não identificada. Torna-se evidente esta realidade social na telebassura, no telelixo, resultante deste conceito e destinado a audiências de duvidoso gosto, apoiada pelas potencialidades de um lucro fácil, na preferência da diversão sobre a informação e na substituição da verdade sobre aquilo que se pretende que seja verdade.
Noutro aspeto da sua análise, outra diretividade da cultura de massas é feita pelo aproveitamento político: as potencialidades tecnológicas são conduzidas no sentido de uma homogeneização social e conduzidas para um aproveitamento político. Por efeito dessa prevalência emissora - ou por monopólio, ou por controlo - e da repetição da mensagem, consegue-se a dominação política.
Esta cultura de massa tornou-se, sociologicamente, uma característica de sociedades totalitárias. Mas também de sociedades ocidentais, não só detentoras de meios de comunicação dominantes, como também no aproveitamento temporário de maiorias absolutas. Existe, portanto, uma relação de diferença entre a tentação de dominação política e tecnológica e a capacidade de resistência a ela por parte das sociedades enfraquecidas nessa capacidade de resistência.
As principais críticas foram feitas, inicialmente, por tendências marxistas sobre aquilo que chamaram apropriadamente "indústrias da cultura". A Escola de Frankfurt, pela negativa, criticava a sociedade americana nas suas feições pragmáticas, no sentido de apenas tirar efeitos dessa situação de prevalência da detenção capitalista dos meios. A Escola de Birmingham, pela positiva, preferia antes a manutenção de uma ligação de defesa da parte de uma cultura popular, feita através de uma tradição trabalhista. De todo o modo, acentuando, de um modo ou outro, uma ofensiva ou uma defensiva marxista.
Tal situação modifica-se numa segunda geração da escola alemã, através de Jürgen Habermas. A teoria orienta-se no sentido de considerar um elo de construção social, de sociabilização, substituindo a posição marxista, da essencialidade das relações de produção, pela relevância da comunicação como conformadora social. Neste espírito de alguma conformação perdem as tendências marxistas iniciais muita da sua força, construindo mais que dialetizando as forças sociais e perdendo muito do seu sentido crítico inicial.
Mas a principal modificação cultural que se está a operar neste domínio é-nos dada pela importância cada vez maior do recetor e a sua capacidade indireta, por recusa de audiência, ou direta, por capacidade de escolha de menus computadorizados. Isto fará com que, cada vez mais, o inicial "serviço público", principalmente de televisão, se coloque ao "serviço do público", em razão do qual os meios de comunicação existem.
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