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D. Maria II
Monarca portuguesa, filha de D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil e de sua primeira mulher, D. Leopoldina de Áustria, nasceu no Rio de Janeiro em 4 de abril de 1819 e morreu em Lisboa, em 15 de novembro de 1853, vítima do seu décimo primeiro parto. Segunda rainha reinante de Portugal e trigésimo monarca português (1834-1853), ficou conhecida pelo cognome de "a Educadora".
Contava dois anos quando o Brasil se tornou independente e seu pai, D. Pedro, foi proclamado imperador do Brasil. Quando, em 1826, D. João VI morreu, D. Pedro, legítimo herdeiro do trono português, sendo imperador do Brasil, abdicaria da Coroa a favor de D. Maria, após outorgar a Portugal a Carta Constitucional, sendo a primeira de duas condições o casamento dela com o seu tio D. Miguel.
D. Maria da Glória contava então sete anos. Porém, D. Miguel, apesar de jurar a Carta Constitucional (a segunda condição posta por D. Pedro para abdicar do trono) e de celebrar os esponsais com a sobrinha, quando regressa ao reino, em 1828, acaba por fazer-se aclamar rei absoluto, pelo que o casamento nunca chegaria a realizar-se.
D. Maria, na Europa, acaba por deambular entre a França e a Inglaterra, onde os governos não eram favoráveis às suas pretensões, regressando ao Brasil em 1829 com a sua madrasta, D. Amélia de Beauharnais, até que D. Pedro, após abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II (1831), resolve empenhar-se na luta contra D. Miguel, liderando a causa liberal. Parte com sua filha para a Europa e, após conseguir os apoios financeiros necessários e organizar os liberais emigrados, assume nos Açores, em 1832, a regência do trono português na qualidade de duque de Bragança.
Prepara então uma expedição militar que desembarca no norte do reino, dando início a uma guerra civil que se prolongaria até 1834 (Convenção de Évora-Monte). Em 1833, vislumbrando-se a vitória liberal, D. Pedro manda o marquês de Loulé buscar a sua filha a Paris, onde ficara. Em 1834, ano também da morte de seu pai, D. Maria é proclamada rainha.
Com quinze anos apenas, D. Maria II tem a seu cargo um país destroçado pelas invasões francesas e pela guerra civil, enfrentando uma grave crise financeira, e vê-se no centro das lutas entre cartistas e vintistas. Logo no primeiro ano do seu reinado debate-se com intrigas, agitações, questões graves como o Contrato do Tabaco, da venda conjunta das Lezírias e o problema do envio do corpo expedicionário contra os carlistas de Espanha.
Em 28 de janeiro de 1835 casa com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morreria dois meses depois. A 9 de abril de 1836 casa em segundas núpcias com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota. Do enlace nasceram onze filhos, entre os quais D. Pedro e D. Luís, futuros reis de Portugal.
Sucedem-se os movimentos de revolução e contrarrevolução, dos quais a rainha nem sempre se mantém alheia. Assim, aquando da Revolução de setembro, D. Maria intenta, em Belém, o golpe de Estado que ficou conhecido por Belenzada. Em 1837, teria de enfrentar o movimento levado a cabo pelos setores moderados - a Revolta dos Marechais. No ano seguinte, é confrontada com a aprovação da Constituição de 1838. Em janeiro de 1842, novo golpe de Estado reporia a Carta outorgada por D. Pedro e traria à ribalta Costa Cabral, que acabaria por tornar-se próximo da rainha, chegando, na altura, a aventar-se a hipótese de entre ambos existir uma relação mais íntima. Segue-se em 1846 a Maria da Fonte e uma nova guerra civil - a Patuleia.
Nesta terrível crise, em que as Juntas revolucionárias por todo o reino se opunham às forças governamentais, a rainha desenvolveu esforços no duplo sentido de ativar a resistência liderada por Saldanha e evitar a intervenção estrangeira, o que acabaria por acontecer, só terminando com a Convenção de Gramido em 1847.
Por tudo isto se constata que D. Maria II governou num período particularmente díficil da História portuguesa, momento da dolorosa passagem do absolutismo ao constitucionalismo.
Contava dois anos quando o Brasil se tornou independente e seu pai, D. Pedro, foi proclamado imperador do Brasil. Quando, em 1826, D. João VI morreu, D. Pedro, legítimo herdeiro do trono português, sendo imperador do Brasil, abdicaria da Coroa a favor de D. Maria, após outorgar a Portugal a Carta Constitucional, sendo a primeira de duas condições o casamento dela com o seu tio D. Miguel.
D. Maria da Glória contava então sete anos. Porém, D. Miguel, apesar de jurar a Carta Constitucional (a segunda condição posta por D. Pedro para abdicar do trono) e de celebrar os esponsais com a sobrinha, quando regressa ao reino, em 1828, acaba por fazer-se aclamar rei absoluto, pelo que o casamento nunca chegaria a realizar-se.
D. Maria, na Europa, acaba por deambular entre a França e a Inglaterra, onde os governos não eram favoráveis às suas pretensões, regressando ao Brasil em 1829 com a sua madrasta, D. Amélia de Beauharnais, até que D. Pedro, após abdicar do trono brasileiro em favor de seu filho, D. Pedro II (1831), resolve empenhar-se na luta contra D. Miguel, liderando a causa liberal. Parte com sua filha para a Europa e, após conseguir os apoios financeiros necessários e organizar os liberais emigrados, assume nos Açores, em 1832, a regência do trono português na qualidade de duque de Bragança.
Prepara então uma expedição militar que desembarca no norte do reino, dando início a uma guerra civil que se prolongaria até 1834 (Convenção de Évora-Monte). Em 1833, vislumbrando-se a vitória liberal, D. Pedro manda o marquês de Loulé buscar a sua filha a Paris, onde ficara. Em 1834, ano também da morte de seu pai, D. Maria é proclamada rainha.
Com quinze anos apenas, D. Maria II tem a seu cargo um país destroçado pelas invasões francesas e pela guerra civil, enfrentando uma grave crise financeira, e vê-se no centro das lutas entre cartistas e vintistas. Logo no primeiro ano do seu reinado debate-se com intrigas, agitações, questões graves como o Contrato do Tabaco, da venda conjunta das Lezírias e o problema do envio do corpo expedicionário contra os carlistas de Espanha.
Em 28 de janeiro de 1835 casa com o príncipe Augusto de Leuchtberg, que morreria dois meses depois. A 9 de abril de 1836 casa em segundas núpcias com D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota. Do enlace nasceram onze filhos, entre os quais D. Pedro e D. Luís, futuros reis de Portugal.
Sucedem-se os movimentos de revolução e contrarrevolução, dos quais a rainha nem sempre se mantém alheia. Assim, aquando da Revolução de setembro, D. Maria intenta, em Belém, o golpe de Estado que ficou conhecido por Belenzada. Em 1837, teria de enfrentar o movimento levado a cabo pelos setores moderados - a Revolta dos Marechais. No ano seguinte, é confrontada com a aprovação da Constituição de 1838. Em janeiro de 1842, novo golpe de Estado reporia a Carta outorgada por D. Pedro e traria à ribalta Costa Cabral, que acabaria por tornar-se próximo da rainha, chegando, na altura, a aventar-se a hipótese de entre ambos existir uma relação mais íntima. Segue-se em 1846 a Maria da Fonte e uma nova guerra civil - a Patuleia.
Nesta terrível crise, em que as Juntas revolucionárias por todo o reino se opunham às forças governamentais, a rainha desenvolveu esforços no duplo sentido de ativar a resistência liderada por Saldanha e evitar a intervenção estrangeira, o que acabaria por acontecer, só terminando com a Convenção de Gramido em 1847.
Por tudo isto se constata que D. Maria II governou num período particularmente díficil da História portuguesa, momento da dolorosa passagem do absolutismo ao constitucionalismo.
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Como referenciar
Porto Editora – D. Maria II na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-09 14:39:07]. Disponível em
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