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De Profundis
Autoria: Faure da Rosa
Data de publicação: 1958
Local de publicação: Lisboa
O título deste pequeno romance institui a narrativa como indagação sobre a profundidade, a interioridade de um narrador, que, regressando à casa onde vivera a infância e a juventude, enceta, pelo monólogo interior, uma viagem ao passado, na busca dos motivos que o levaram a acabar os seus dias sem afetos e sozinho. A oposição passado/presente constitui menos uma oposição alegria, inocência da infância/dor do presente, do que a consciência pungente de que já no passado estavam disseminadas as raízes do sofrimento presente. A narrativa corresponde, então, a um momento de exame de consciência, verdadeira confissão de um narrador que compreende agora que a "magoada frustração de toda a vida" e o "vazio de perplexidades e hesitações" em que se debate foram cavados por "sobranceria e ambiciosa avidez" que o conduziram a sistematicamente ignorar os sentimentos dos outros e a mover-se com o fito na recuperação económica da casa. O fosso entre o eu e os outros equivale, então, a um conflito ideológico que opõe o narrador, capitalista, convertido ao catolicismo, ao idealismo de Gustavo e Tininha, fiéis às leituras juvenis de Hugo, Tolstoi, Romain Rolland, Gorki, Marx, Lenine, e defensores da classe operária, enquanto "melhor e mais são repositório de valores". A apresentação de um conflito maniqueísta entre patrão/empregados, valores éticos/ rentabilização económica, encontro de dois interesses que se chocam e que são irredutíveis um ao outro, pode remeter para aproximação com a estética neorrealista.
Data de publicação: 1958
Local de publicação: Lisboa
O título deste pequeno romance institui a narrativa como indagação sobre a profundidade, a interioridade de um narrador, que, regressando à casa onde vivera a infância e a juventude, enceta, pelo monólogo interior, uma viagem ao passado, na busca dos motivos que o levaram a acabar os seus dias sem afetos e sozinho. A oposição passado/presente constitui menos uma oposição alegria, inocência da infância/dor do presente, do que a consciência pungente de que já no passado estavam disseminadas as raízes do sofrimento presente. A narrativa corresponde, então, a um momento de exame de consciência, verdadeira confissão de um narrador que compreende agora que a "magoada frustração de toda a vida" e o "vazio de perplexidades e hesitações" em que se debate foram cavados por "sobranceria e ambiciosa avidez" que o conduziram a sistematicamente ignorar os sentimentos dos outros e a mover-se com o fito na recuperação económica da casa. O fosso entre o eu e os outros equivale, então, a um conflito ideológico que opõe o narrador, capitalista, convertido ao catolicismo, ao idealismo de Gustavo e Tininha, fiéis às leituras juvenis de Hugo, Tolstoi, Romain Rolland, Gorki, Marx, Lenine, e defensores da classe operária, enquanto "melhor e mais são repositório de valores". A apresentação de um conflito maniqueísta entre patrão/empregados, valores éticos/ rentabilização económica, encontro de dois interesses que se chocam e que são irredutíveis um ao outro, pode remeter para aproximação com a estética neorrealista.
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Como referenciar
Porto Editora – De Profundis na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-10 18:24:11]. Disponível em
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