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Ditadura de César (48 a. C.)
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Por muitos considerado o fundador daquele que viria a ser o Império Romano, ou melhor, do estado imperial romano, Caio Júlio César emergiu na vida política no período das lutas intestinas que conduziram ao fim da República patrícia. Com os grandes da cidade formou uma aliança que se esperava resolver os problemas de estado. A essa aliança deu-se o nome de primeiro triunvirato (em 60 a. C.); para além de César, este era composto pelo seu grande rival, Pompeu, e por Crasso. Prestigiado pelas conquistas na Gália, pressentia-se uma tomada do poder por Júlio César.

Crasso morrera numa campanha oriental contra os Partos (53 a. C.); antecipando o confronto, Pompeu conseguiu que o Senado o designasse como cônsul único (52 a. C.) mas Júlio César derrotou-o na batalha de Farsália (48 a. C.), quatro anos depois. Depois deste acontecimento, Pompeu refugiou-se no Egito onde César o perseguiu. Querendo alcançar as boas graças do vencedor da Gália, o rei Ptolomeu, do Egito helénico, mandou assassinar Pompeu, o que apenas serviu para atiçar ainda mais a ira de César. Desembarcado em Alexandria, castigou os assassinos do rival, depôs o rei e designou Cleópatra (69-30 a. C.), com quem terá mantido um romance, rainha do Egito. De seguida, pacificou o Oriente, reconquistou a África ao seu rival, Cipião, do partido de Pompeu, com o triunfo em Tapsus (46 a. C.), e submeteu definitivamente a Hispânia com a vitória em Munda (45 a. C.) sobre o filho de Pompeu.

Após a batalha de Farsália, foi proclamado ditador. Foi cônsul, censor e grande pontífice, declarado inviolável. Teve direito a estátuas, monumentos e altares.
A sua ambição parecia estar satisfeita e César mostrou-se clemente. Devolveu os direitos políticos aos filhos de Sila e confiou cargos a antigos pompeanos.
César reduziu um quarto das dívidas privadas; restabeleceu para 150 mil a cifra dos beneficiários da anona; recolonizou Cartago; deu trabalho aos pobres; restringiu o divórcio; favoreceu as famílias numerosas, as classes média e rural e reduziu o poder do Senado e dos Comícios.

Os cavaleiros passaram a partilhar com os senadores as funções judiciais, e foi publicada uma lei de "majestade"; foram também abolidas as associações mais turbulentas. Os publicanos e os governadores foram mais controlados. As populações fiéis da Gália transalpina receberam direitos de cidade e a Lex Julia Municipalis reorganizou os municípios italianos.
César foi acusado de aspirar à realeza; esta acusação acabaria por evoluir numa conjura que ditou a sua morte. Apesar de avisado César foi ao Senado nos idos de março do ano de 44. Brutus, um dos políticos favorecidos por César e seu filho adotivo, apunhalou-o. Ainda moribundo terá exclamado "Também tu, meu filho!" Após vinte e um golpes tombou junto da estátua de Pompeu, o seu inimigo de outros tempos.

César também foi um homem de cultura. Ordenou a reforma do Calendário; depois de Cícero foi o primeiro orador do seu tempo; compôs obras de gramática como o "Tratado de Analogia"; escreveu a polémica obra intitulada "Anti-Catão"; e foi o autor da história da "Guerra das Gálias".
A sua vida, obra e morte foram imortalizadas por William Shakespeare na tragédia Júlio César.

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Porto Editora – Ditadura de César (48 a. C.) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-22 14:38:08]. Disponível em
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