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Eduardo Teixeira Coelho (ETC)
Autor de banda desenhada, ilustrador e publicitário português, Eduardo Teixeira Coelho (ETC) nasceu a 4 de janeiro de 1919, em Angra do Heroísmo, e morreu a 31 de maio de 2005, em Florença, Itália.
Aos 11 anos foi para Lisboa, onde frequentou um curso comercial, tendo mais tarde feito um curso de desenho por correspondência.
Começou por trabalhar para a publicidade e colaborou com o Sempre Fixe em 1936, realizando sequências cómicas. A partir de 1942, foi ilustrador de revistas variadas, como O Senhor Doutor, Filmagem, Engenhocas e Coisas Práticas, e a coleção "Aventuras".
Seria a sua colaboração com O Mosquito que projetaria o seu nome como autor de referência na Ilustração e nas Histórias aos Quadradinhos, tendo começado a ilustrar para esta famosa revista em 1942.
N'O Mosquito, o seu traço de cariz clássico, típico da BD realista dos anos 40 do século XX, foi-se impondo e ganhando popularidade em episódios que tanto tinham um fundo histórico como fantástico. Das muitas histórias em BD publicadas neste periódico destacam-se O Caminho do Oriente, com texto de Raul Correia, que surgiu entre 1946 e 1948 (editada em seis volumes pela Futura, em 1983), a história "Os náufragos do barco sem nome", também de 1946 (incluída no álbum O Mosquito - 60.º Aniversário, em 1996) e "A Balada da Conquista de Lisboa", de 1947 (surgiu no álbum O Mosquito - Aventuras & Curiosidades, em 1997).
Outros trabalhos importantes foram "A Moura e a Fonte", "A Moura e o Dragão" (ambos de 1946), "A Lei da Selva" (1948), o "Falcão Negro" (1949), "Os Doze de Inglaterra" (1950-1951) e "O Suave Milagre" (1950), famoso conto de Eça de Queirós, histórias em que grande parte dos argumentos foram criados ou adaptados por Raul Correia.
Em simultâneo, começou a colaborar com um dos mais importantes periódicos espanhóis, a revista Chicos (1944 e 1947), e na sua versão El Gran Chicos (1945-1948), pelo que em Espanha se tornou num autor muito apreciado.
Com José Ruy e Domingos Saraiva, colaborou na cenografia do célebre Cortejo Histórico de Lisboa (1947), sob a direção de Leitão de Barros, que comemorou os 800 anos da conquista de Lisboa (1147). Ainda com José Ruy e para Leitão de Barros, participou também nos trabalhos de decoração de dois filmes (Camões, de 1946 e Vendaval Maravilhoso, de 1949), sem esquecer o projeto da nau São Vicente.
Fez também muitos desenhos para os mais variados jornais, como o Diário de Notícias e O Século, para revistas como a Eva, a Portugal Ilustrado e a Olá, e ilustrações para vários livros de Educação Física da autoria do capitão Alberto Feliciano Marques Pereira.
Com o fim de O Mosquito em 1953 e depois de vários trabalhos dispersos, ETC tentou a sua sorte no estrangeiro, tendo estado em Espanha, em França e no Reino Unido, até se fixar em Itália (Florença). Curiosamente, antes tinha recusado uma proposta da conceituada agência estado-unidense King Features Syndicate, que implicava a sua fixação naquele país.
Acerca da sua carreira no Reino Unido, ETC teve trabalhos publicados nas revistas Comet (1955-1956), Playhour (1956), Robin Hood Annual (1957) e Thriller Picture Library (1957).
Em França publicou durante vários anos as suas BD na revista Vaillant (a partir de 1955), que depois se designou Pif Gadget (1969). As principais séries que criou para a Vaillant e Pif Gadget foram: Ragnar (1955-1969), Davy Croekett (1957), Wango (1957-1958), Yves le Loup (1960-1962), Robin des Bois (1969-1975), Le Furet (1975-1976), Eric le Rouge (1976-1977) e Ayak (1977 a 1984), para além de diversas histórias completas.
Entre 1964 e 1965 fez várias aventuras de Cartouche, para a editora Jeunesse et Vacances, e colaborou também com a revista Pirates (1959-1978). Nesta produtiva época escreveu muitas histórias sob o pseudónimo de Martin Sièvre e teve Jean Ollivier como o seu principal argumentista. Roger Lécureux foi um outro autor para quem desenhou várias histórias.
Concebeu também as histórias de Pipolin (1957-1963), estas de género humorístico, criou a série Biorn, publicada na revista Pirates (1959-1978) e republicada na Brik (1968), adaptou "Les Orgues du Diable", de Robin Carel, para o jornal L'Humanité (1968), segundo argumento de Jean Sanitas, ilustrou "Thorwald Erikson", "Les Enfants de la Commune" e "Tapis de Boukhara" (uma aventura de Nasdine Hodja), todas para o Almanach de l'Humanité (1970-1972), segundo argumentos de Roger Lécureux.
Participou em seis fascículos (de um total de 24) da coleção "Histoire de France en bandes dessinées", editada pela Larousse (1976-1978), com textos de Jean Ollivier, que posteriormente surgiu em oito volumes cartonados, e numa outra coleção de BD histórica feita por vários autores, também lançada pela Larousse (1978-1980), "La Découverte du Monde en bandes dessinées" ("A Descoberta do Mundo. Uma História Universal em banda desenhada"). Esta coleção foi editada em Portugal pelas Publicações Dom Quixote, entre 1981 e 1984, para além de outros países. Para esta coleção desenhou cinco capítulos (de um total de vinte e quatro) sobre diferentes épocas, sob argumentos de Jean Ollivier e François Lambert. Ainda para o grupo Hachette, ilustrou títulos de Histoire Junior e La Mémoire des Celtes (1985-1986), com textos de Jean Ollivier.
Em Itália, país onde acabou por se fixar (em Florença), realizou alguma banda desenhada dispersa, publicada em revistas prestigiadas como Sgt. Kirk (1978) e Comic Art (1984), tendo-se especializado na ilustração de armaduras, de armas brancas e de navios ao longo dos tempos, colaborando com os mais prestigiados museus italianos e tendo diversos livros editados. O seu primeiro livro deste tipo de ilustração data de 1968. Em Portugal foi editado A Arte de Bem Navegar - Navios Europeus do Século XIV ao Início do Século XVI (2000), livro bilingue (em português e em inglês) com comentários do autor, tendo sido realizada uma exposição com os originais na Amadora (Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem). No álbum História da BD Publicada em Portugal (2.ª parte, 1996) apresentam-se algumas páginas com ilustrações de armaduras da autoria de ETC.
Mesmo depois de sair de Portugal, o público nacional continuou a acompanhar a produção de BD de ETC, com histórias publicadas nas revistas O Mosquito, (V série), Cavaleiro Andante, Falcão, Mundo de Aventuras, Jornal do Cuto e Seleções BD. Em paralelo, foram editados diversos álbuns, compilando as suas histórias mais famosas, sobretudo por intermédio da Editorial Futura.
Ao nível das distinções, em 1973 recebeu o Prémio "Yellow Kid" Para o Melhor Desenhador Estrangeiro, do Festival de Lucca, em Itália, o mais antigo certame do género em todo o Mundo. Em Portugal foi distinguido em 1986 com o Prémio "O Mosquito" Especial, do Clube Português de Banda Desenhada no 5.º Festival de BD de Lisboa e, em 1997, com o Troféu de Honra do 8.º Festival Internacional de BD da Amadora. No ano seguinte, realizou-se uma importante exposição retrospetiva e foi editada uma monografia sobre ETC no Festival da Amadora.
Aos 11 anos foi para Lisboa, onde frequentou um curso comercial, tendo mais tarde feito um curso de desenho por correspondência.
Começou por trabalhar para a publicidade e colaborou com o Sempre Fixe em 1936, realizando sequências cómicas. A partir de 1942, foi ilustrador de revistas variadas, como O Senhor Doutor, Filmagem, Engenhocas e Coisas Práticas, e a coleção "Aventuras".
Seria a sua colaboração com O Mosquito que projetaria o seu nome como autor de referência na Ilustração e nas Histórias aos Quadradinhos, tendo começado a ilustrar para esta famosa revista em 1942.
N'O Mosquito, o seu traço de cariz clássico, típico da BD realista dos anos 40 do século XX, foi-se impondo e ganhando popularidade em episódios que tanto tinham um fundo histórico como fantástico. Das muitas histórias em BD publicadas neste periódico destacam-se O Caminho do Oriente, com texto de Raul Correia, que surgiu entre 1946 e 1948 (editada em seis volumes pela Futura, em 1983), a história "Os náufragos do barco sem nome", também de 1946 (incluída no álbum O Mosquito - 60.º Aniversário, em 1996) e "A Balada da Conquista de Lisboa", de 1947 (surgiu no álbum O Mosquito - Aventuras & Curiosidades, em 1997).
Outros trabalhos importantes foram "A Moura e a Fonte", "A Moura e o Dragão" (ambos de 1946), "A Lei da Selva" (1948), o "Falcão Negro" (1949), "Os Doze de Inglaterra" (1950-1951) e "O Suave Milagre" (1950), famoso conto de Eça de Queirós, histórias em que grande parte dos argumentos foram criados ou adaptados por Raul Correia.
Em simultâneo, começou a colaborar com um dos mais importantes periódicos espanhóis, a revista Chicos (1944 e 1947), e na sua versão El Gran Chicos (1945-1948), pelo que em Espanha se tornou num autor muito apreciado.
Com José Ruy e Domingos Saraiva, colaborou na cenografia do célebre Cortejo Histórico de Lisboa (1947), sob a direção de Leitão de Barros, que comemorou os 800 anos da conquista de Lisboa (1147). Ainda com José Ruy e para Leitão de Barros, participou também nos trabalhos de decoração de dois filmes (Camões, de 1946 e Vendaval Maravilhoso, de 1949), sem esquecer o projeto da nau São Vicente.
Fez também muitos desenhos para os mais variados jornais, como o Diário de Notícias e O Século, para revistas como a Eva, a Portugal Ilustrado e a Olá, e ilustrações para vários livros de Educação Física da autoria do capitão Alberto Feliciano Marques Pereira.
Com o fim de O Mosquito em 1953 e depois de vários trabalhos dispersos, ETC tentou a sua sorte no estrangeiro, tendo estado em Espanha, em França e no Reino Unido, até se fixar em Itália (Florença). Curiosamente, antes tinha recusado uma proposta da conceituada agência estado-unidense King Features Syndicate, que implicava a sua fixação naquele país.
Acerca da sua carreira no Reino Unido, ETC teve trabalhos publicados nas revistas Comet (1955-1956), Playhour (1956), Robin Hood Annual (1957) e Thriller Picture Library (1957).
Em França publicou durante vários anos as suas BD na revista Vaillant (a partir de 1955), que depois se designou Pif Gadget (1969). As principais séries que criou para a Vaillant e Pif Gadget foram: Ragnar (1955-1969), Davy Croekett (1957), Wango (1957-1958), Yves le Loup (1960-1962), Robin des Bois (1969-1975), Le Furet (1975-1976), Eric le Rouge (1976-1977) e Ayak (1977 a 1984), para além de diversas histórias completas.
Entre 1964 e 1965 fez várias aventuras de Cartouche, para a editora Jeunesse et Vacances, e colaborou também com a revista Pirates (1959-1978). Nesta produtiva época escreveu muitas histórias sob o pseudónimo de Martin Sièvre e teve Jean Ollivier como o seu principal argumentista. Roger Lécureux foi um outro autor para quem desenhou várias histórias.
Concebeu também as histórias de Pipolin (1957-1963), estas de género humorístico, criou a série Biorn, publicada na revista Pirates (1959-1978) e republicada na Brik (1968), adaptou "Les Orgues du Diable", de Robin Carel, para o jornal L'Humanité (1968), segundo argumento de Jean Sanitas, ilustrou "Thorwald Erikson", "Les Enfants de la Commune" e "Tapis de Boukhara" (uma aventura de Nasdine Hodja), todas para o Almanach de l'Humanité (1970-1972), segundo argumentos de Roger Lécureux.
Participou em seis fascículos (de um total de 24) da coleção "Histoire de France en bandes dessinées", editada pela Larousse (1976-1978), com textos de Jean Ollivier, que posteriormente surgiu em oito volumes cartonados, e numa outra coleção de BD histórica feita por vários autores, também lançada pela Larousse (1978-1980), "La Découverte du Monde en bandes dessinées" ("A Descoberta do Mundo. Uma História Universal em banda desenhada"). Esta coleção foi editada em Portugal pelas Publicações Dom Quixote, entre 1981 e 1984, para além de outros países. Para esta coleção desenhou cinco capítulos (de um total de vinte e quatro) sobre diferentes épocas, sob argumentos de Jean Ollivier e François Lambert. Ainda para o grupo Hachette, ilustrou títulos de Histoire Junior e La Mémoire des Celtes (1985-1986), com textos de Jean Ollivier.
Em Itália, país onde acabou por se fixar (em Florença), realizou alguma banda desenhada dispersa, publicada em revistas prestigiadas como Sgt. Kirk (1978) e Comic Art (1984), tendo-se especializado na ilustração de armaduras, de armas brancas e de navios ao longo dos tempos, colaborando com os mais prestigiados museus italianos e tendo diversos livros editados. O seu primeiro livro deste tipo de ilustração data de 1968. Em Portugal foi editado A Arte de Bem Navegar - Navios Europeus do Século XIV ao Início do Século XVI (2000), livro bilingue (em português e em inglês) com comentários do autor, tendo sido realizada uma exposição com os originais na Amadora (Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem). No álbum História da BD Publicada em Portugal (2.ª parte, 1996) apresentam-se algumas páginas com ilustrações de armaduras da autoria de ETC.
Mesmo depois de sair de Portugal, o público nacional continuou a acompanhar a produção de BD de ETC, com histórias publicadas nas revistas O Mosquito, (V série), Cavaleiro Andante, Falcão, Mundo de Aventuras, Jornal do Cuto e Seleções BD. Em paralelo, foram editados diversos álbuns, compilando as suas histórias mais famosas, sobretudo por intermédio da Editorial Futura.
Ao nível das distinções, em 1973 recebeu o Prémio "Yellow Kid" Para o Melhor Desenhador Estrangeiro, do Festival de Lucca, em Itália, o mais antigo certame do género em todo o Mundo. Em Portugal foi distinguido em 1986 com o Prémio "O Mosquito" Especial, do Clube Português de Banda Desenhada no 5.º Festival de BD de Lisboa e, em 1997, com o Troféu de Honra do 8.º Festival Internacional de BD da Amadora. No ano seguinte, realizou-se uma importante exposição retrospetiva e foi editada uma monografia sobre ETC no Festival da Amadora.
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Porto Editora – Eduardo Teixeira Coelho (ETC) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-18 20:57:42]. Disponível em
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