4 min
escultura
Técnica
Escultura é uma expressão artística que se fundamenta na criação de objetos tridimensionais.
Alargando o campo estético da pintura, que tem um carácter eminentemente visual (embora, durante a última centúria tenha conhecido notável incremento das dimensões sensoriais), a escultura adiciona a perceção táctil e as sensações de matéria, volume, peso e espaço. Estas características permitem aproximá-la da arquitetura, verificando-se que em muitas culturas era corrente a associação de esculturas com as estruturas arquitetónicas.
A escultura tradicional pode classificar-se de exenta (quando tem a forma de estátua de vulto redondo) e de relevo (adossada a um plano de suporte) - neste caso com as subclassificações de baixo relevo ou alto relevo.
Pode elaborar-se aplicando vários processos. O mais corrente é o entalhe, também designado por cinzelado, um processo subtrativo que se baseia na eliminação de matéria a um bloco de maneira a obter-se a forma pretendida. Michelangelo constitui um dos expoentes máximos desta técnica de trabalho. Embora seja mais frequente o uso de pedra, nomeadamente do mármore, é também possível o emprego de madeira ou de outros materiais mais raros, como o marfim. Tanto as esculturas em madeira como as de pedra são muitas vezes policromadas.
Outro dos processos tradicionais de escultura é o modelado, feito com materiais brandos como cera ou argila. Devido à fragilidade do resultado, o modelado usa-se sobretudo para esbocetos e estudos preliminares ou ainda como base de criação de moldes para estátuas executadas com metais fundidos.
A fundição de esculturas, com utilização de moldes remonta à pré-história. O metal mais utilizado para este fim é o cobre e as suas ligas: o bronze e o latão.
A construção consiste em reunir e sobrepor em solução de assemblage ou de collage uma série de objetos ou materiais, obtendo-se formas mais ou menos complexas. Este processo de criação teve particular expansão e divulgação durante o século XX. Picasso realizou algumas esculturas nas quais utilizava objetos existentes, reunidos para formar uma nova peça. John Chamberlain ou o francês César executaram vários trabalhos que empregavam materiais pobres e reciclados. Uma das formas contemporâneas da escultura, a instalação, constitui uma expansão do campo tradicional em direção à dimensão espacial da arquitetura. Muitas instalações foram realizadas com processos de assemblage. A arte contemporânea permitiu ainda a experimentação de novas técnicas e de materiais inusitados como o uso de motores e de peças em movimento ou a utilização de fontes luminosas (como o néon), de imagens vídeo e de som.
Arte
Os mais antigos objetos esculpidos datam de cerca de 30 000 anos a. C. De pequena dimensão, estas esculturas representavam figuras femininas conhecidas por Vénus e ligavam-se ao culto da fertilidade.
Na Mesopotâmia e no Egito antigo a escultura adquiriu um sentido monumental, surgindo o retrato e a representação de personagens, geralmente ligadas à arquitetura. O relevo conheceu grande aplicação na civilização Egípcia e Persa.
Na Grécia, esta forma de expressão ganhou um desenvolvimento técnico e estético notável. As primeiras manifestações, datadas do período arcaico, eram relativamente estilizadas, denunciando limitações técnicas no trabalho dos materiais. No período clássico, a partir do século V a. C., auge da cultura artística grega, foi possível a identificação de vários autores com percursos criativos próprios, como Fídias, Praxíteles ou Lísipo. Predominava nesta altura a representação canónica mas naturalista de figuras humanas - deuses ou atletas - com grande sentido de movimento e de equilíbrio.
Os Romanos associaram a tradição escultórica Etrusca (cultura que trabalhou essencialmente em terracota) do território itálico com o estilo da Grécia clássica. Difundiram a sua estética a toda a Europa e região mediterrânica. Para além de desenvolverem pela primeira vez o retrato realista e a temática equestre, aplicaram em grande escala a escultura à arquitetura, surgindo sob a forma de estatuária ou de baixos relevos em edifícios comemorativos como os arcos de triunfo ou as colunas celebrativas de vitórias.
Quase desaparecida após a queda do Império Romano, esta forma artística conheceu novo desenvolvimento nos períodos românico e gótico, associada, enquanto elemento ornamental (de pórticos, capiteis, frisos, etc.), aos templos cristãos.
No século XV, com o eclodir do Renascimento em Itália e o aparecimento da figura do artista enquanto criador individual e já não submetido ao trabalho hierarquizado das corporações medievais, a escultura atingiu uma nova fase de apogeu estético. Recuperando algumas soluções estilísticas do período clássico grego e romano, os escultores Lorenzo Ghiberti e Donatello criaram estátuas em estilo naturalista em que atingiam grande perfeição na reprodução do real e dos pormenores anatómicos das figuras. Um dos expoentes máximos da escultura foi o artista polifacetado Michelangelo entre cujas obras se contam o notável David, a famosa Pietá da Basílica de S. Pedro de Roma ou as estátuas dos túmulos dos Medici em Florença.
Nos períodos Barroco e Rococó, os grandes centros artísticos foram Roma, onde trabalharam Lorenzo Bernini, autor de "Apolo e Dafne" (1622-1624) e do magnífico "Êxtase de Santa Teresa de Ávila" (1645-1652), Paris (François Girardon e Antoine Coysevox) e a Baviera (irmãos Asam).
A escultura neoclássica, retomando temas e formas da antiguidade greco-latina teve no italiano Antonio Canova um dos seus expoentes.
No século XIX foi a França que tomou a liderança cultural e artística da civilização ocidental. Auguste Rodin, artista surgido na transição do período romântico para o Realismo e autor de obras emblemáticas como O Beijo ou O Pensador, foi, a par de Michelangelo e de Bernini, um dos mais importantes escultores da história, pioneiro de alguns movimentos estéticos e artistas do século XX.
Escultura é uma expressão artística que se fundamenta na criação de objetos tridimensionais.
Alargando o campo estético da pintura, que tem um carácter eminentemente visual (embora, durante a última centúria tenha conhecido notável incremento das dimensões sensoriais), a escultura adiciona a perceção táctil e as sensações de matéria, volume, peso e espaço. Estas características permitem aproximá-la da arquitetura, verificando-se que em muitas culturas era corrente a associação de esculturas com as estruturas arquitetónicas.
Pode elaborar-se aplicando vários processos. O mais corrente é o entalhe, também designado por cinzelado, um processo subtrativo que se baseia na eliminação de matéria a um bloco de maneira a obter-se a forma pretendida. Michelangelo constitui um dos expoentes máximos desta técnica de trabalho. Embora seja mais frequente o uso de pedra, nomeadamente do mármore, é também possível o emprego de madeira ou de outros materiais mais raros, como o marfim. Tanto as esculturas em madeira como as de pedra são muitas vezes policromadas.
Outro dos processos tradicionais de escultura é o modelado, feito com materiais brandos como cera ou argila. Devido à fragilidade do resultado, o modelado usa-se sobretudo para esbocetos e estudos preliminares ou ainda como base de criação de moldes para estátuas executadas com metais fundidos.
A fundição de esculturas, com utilização de moldes remonta à pré-história. O metal mais utilizado para este fim é o cobre e as suas ligas: o bronze e o latão.
A construção consiste em reunir e sobrepor em solução de assemblage ou de collage uma série de objetos ou materiais, obtendo-se formas mais ou menos complexas. Este processo de criação teve particular expansão e divulgação durante o século XX. Picasso realizou algumas esculturas nas quais utilizava objetos existentes, reunidos para formar uma nova peça. John Chamberlain ou o francês César executaram vários trabalhos que empregavam materiais pobres e reciclados. Uma das formas contemporâneas da escultura, a instalação, constitui uma expansão do campo tradicional em direção à dimensão espacial da arquitetura. Muitas instalações foram realizadas com processos de assemblage. A arte contemporânea permitiu ainda a experimentação de novas técnicas e de materiais inusitados como o uso de motores e de peças em movimento ou a utilização de fontes luminosas (como o néon), de imagens vídeo e de som.
Arte
Os mais antigos objetos esculpidos datam de cerca de 30 000 anos a. C. De pequena dimensão, estas esculturas representavam figuras femininas conhecidas por Vénus e ligavam-se ao culto da fertilidade.
Na Mesopotâmia e no Egito antigo a escultura adquiriu um sentido monumental, surgindo o retrato e a representação de personagens, geralmente ligadas à arquitetura. O relevo conheceu grande aplicação na civilização Egípcia e Persa.
Na Grécia, esta forma de expressão ganhou um desenvolvimento técnico e estético notável. As primeiras manifestações, datadas do período arcaico, eram relativamente estilizadas, denunciando limitações técnicas no trabalho dos materiais. No período clássico, a partir do século V a. C., auge da cultura artística grega, foi possível a identificação de vários autores com percursos criativos próprios, como Fídias, Praxíteles ou Lísipo. Predominava nesta altura a representação canónica mas naturalista de figuras humanas - deuses ou atletas - com grande sentido de movimento e de equilíbrio.
Os Romanos associaram a tradição escultórica Etrusca (cultura que trabalhou essencialmente em terracota) do território itálico com o estilo da Grécia clássica. Difundiram a sua estética a toda a Europa e região mediterrânica. Para além de desenvolverem pela primeira vez o retrato realista e a temática equestre, aplicaram em grande escala a escultura à arquitetura, surgindo sob a forma de estatuária ou de baixos relevos em edifícios comemorativos como os arcos de triunfo ou as colunas celebrativas de vitórias.
Quase desaparecida após a queda do Império Romano, esta forma artística conheceu novo desenvolvimento nos períodos românico e gótico, associada, enquanto elemento ornamental (de pórticos, capiteis, frisos, etc.), aos templos cristãos.
No século XV, com o eclodir do Renascimento em Itália e o aparecimento da figura do artista enquanto criador individual e já não submetido ao trabalho hierarquizado das corporações medievais, a escultura atingiu uma nova fase de apogeu estético. Recuperando algumas soluções estilísticas do período clássico grego e romano, os escultores Lorenzo Ghiberti e Donatello criaram estátuas em estilo naturalista em que atingiam grande perfeição na reprodução do real e dos pormenores anatómicos das figuras. Um dos expoentes máximos da escultura foi o artista polifacetado Michelangelo entre cujas obras se contam o notável David, a famosa Pietá da Basílica de S. Pedro de Roma ou as estátuas dos túmulos dos Medici em Florença.
Nos períodos Barroco e Rococó, os grandes centros artísticos foram Roma, onde trabalharam Lorenzo Bernini, autor de "Apolo e Dafne" (1622-1624) e do magnífico "Êxtase de Santa Teresa de Ávila" (1645-1652), Paris (François Girardon e Antoine Coysevox) e a Baviera (irmãos Asam).
A escultura neoclássica, retomando temas e formas da antiguidade greco-latina teve no italiano Antonio Canova um dos seus expoentes.
No século XIX foi a França que tomou a liderança cultural e artística da civilização ocidental. Auguste Rodin, artista surgido na transição do período romântico para o Realismo e autor de obras emblemáticas como O Beijo ou O Pensador, foi, a par de Michelangelo e de Bernini, um dos mais importantes escultores da história, pioneiro de alguns movimentos estéticos e artistas do século XX.
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Como referenciar
Porto Editora – escultura na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-10 12:55:34]. Disponível em
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