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ETA
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A ETA (Euskadi Ta Askatasuna, "o País Basco e a sua Liberdade") surgiu em 1959 de uma dissensão das juventudes do Partido Nacional Basco (PNV), liderada por intelectuais e estudantes que entraram em rutura com a inoperância do PNV.
Nessa altura, o País Basco vivia a sua segunda industrialização, a classe operária e o socialismo passaram a ser uma referência ideológica; por outro lado, os fundadores da ETA foram influenciados pelas lutas de libertação travadas no Terceiro Mundo. Os membros da ETA conceberam o País Basco como uma nação ocupada por Espanha. A política franquista de bloquear completamente o nacionalismo criou terreno propício à formação de um nacionalismo radical, estando assim associada à origem do uso da violência.
Embora até 1968 o combate tenha sido apenas propagandístico, a organização passou a articular-se em quatro frentes: militar, política, sindical e cultural. O primeiro grande atentado da ETA ocorreu em agosto de 1968 quando foi assassinado o chefe da polícia de Irún, Melitón Manzanas. A ETA investe não só em ações de violência mas também em greves e protestos, que levaram já a prisões em massa e a pesadas penas.
Símbolo da ETA (Euskadi Ta Askatasuna)
Aspeto das gigantescas manifestações contra a ETA em Espanha, em 1997
Em 1970, o movimento sofreu uma cisão entre "revolucionários" e "nacionalistas". Os primeiros raciocinavam em termos de luta de classes e criticavam o primado do nacionalismo e da luta armada. Os segundos defendiam a prioridade militar e definiam o País Basco como uma colónia. Iria ser nesta fase que a ETA atingiria o seu apogeu. O julgamento de Burgos, em 1970, em que 16 militantes bascos foram acusados de "banditismo, rebelião e terrorismo", suscitou uma grande manifestação anti-franquista e constituiu a maior operação de promoção nacional e internacional da ETA.
A 20 de dezembro de 1973, através de uma potente explosão telecomandada, a ETA matou o chefe do Governo, o almirante Carrero Blanco, cujo automóvel foi projetado à altura de um quinto andar. Foi uma das mais importantes operações desta organização.
Em 1974, o movimento sofreu uma nova cisão, com a saída de militantes operários para quem a luta armada prejudicava a luta das massas. Mas os que decidiram permanecer também não se encontravam unidos. Dividiram-se em ETA p. m. (político-militar) e ETA m. (militar). Os últimos conduziriam as suas ações militares tendo como única bandeira a luta pela independência. Os que formaram a ETA p. m. não excluíam o abandono da luta armada caso o país regressasse à democracia.
Os anos que se seguiram revelaram-se trágicos para a ETA p. m. No ano da morte de Franco (1975), foi dizimada, com mais de 500 militantes presos. Era a vez do regresso da ETA m. e o início da deriva da luta armada para o terrorismo, uma vez que a maioria dos quadros saíram do movimento.
A ETA encontra-se organizada em dois níveis: o primeiro é constituído pela estrutura militar, que age por conta própria; o outro, por um conjunto de organizações que se encontram articuladas em redor da Coordenadora Patriótica Socialista (KAS), de um organismo sindical (LAB), de um movimento de jovens (Jarrai), de um grupo ecologista (Eguski), das organizações de famílias e de apoio aos presos (Gestoras pró-amnistia) e de uma frente política, o Herri Batasuna (União do Povo), que representava cerca de 12% do eleitorado basco nas últimas eleições.
Os atentados, com ou sem vítimas, os sequestros e o célebre "imposto revolucionário" em nome da ETA, têm tornado cada vez mais impopular o nome da organização e os seus objetivos, mesmo entre a sociedade basca, na qual muitos setores anunciam uma grande saturação em relação à violência que parece não cessar. Os principais alvos continuam a ser militares, polícias, magistrados, jornalistas e políticos opositores ou não alinhados com o terror da ETA. Neste último caso, vários vereadores e militantes do Partido Popular (PP), de José Maria Aznar, Presidente do Governo espanhol, têm sido alguns dos alvos preferenciais desde há alguns anos, como sucedeu em 13 de julho de 1997, com o assassinato, com um tiro na nuca, de Miguel Angel Blanco, um conselheiro municipal do PP em Ermua, localidade basca, abatido depois de um sequestro que visava uma troca do político por "etarras" detidos em prisões espanholas. A onda de consternação ganhou foros de revoltada indignação nacional em Espanha e condenação fora do país, com o apoio cada vez menor da sociedade basca. Já antes, em 19 de fevereiro de 1996, na sequência do atentado mortal em Madrid contra Francisco Tomaz y Valiente, presidente do Tribunal Constitucional, levado a cabo em 12 de fevereiro, mais de um milhão de pessoas se manifestou em Madrid contra a ETA. Era a primeira de um conjunto de manifestações que se têm sucedido em Espanha desde então.
A execução fria e cruel de Miguel Angel Blanco foi no entanto um marco decisivo no rumo da ETA e da sua relação como povo basco e com o governo de Madrid. Depois de vários atentados, greves e manifestações nacionalistas, apoiadas politicamente pelo HB, a ETA propôs em 20 de novembro de 1997 uma trégua ao governo espanhol, que a rejeitou, pois a organização exigia em troca a libertação dos "etarras" detidos nos calabouços espanhóis. Em resposta à rejeição, mais um conselheiro municipal basco foi abatido, em Irún, a 11 de dezembro (José Luis Caso), como outros durante os primeiros seis meses de 1998 (quase todos conselheiros municipais, vereadores em Portugal). Em 15 de julho, todavia, Madrid manda fechar o Egin, diário basco de tendência separatista (o "órgão oficial" da ETA, segundo muitos analistas espanhóis). Em 16 setembro seguinte, surpreendentemente, a ETA propõe um cessar-fogo unilateral e ilimitado a Madrid, que respondeu em 3 de outubro com a autorização pelo governo de Aznar para que se iniciassem negociações com a ETA. Ao mesmo tempo, o HB renovava a direção política do partido, excluindo gradualmente os extremistas afetos à ETA.
As tréguas duraram até dezembro de 1999, quando a espiral de violência por parte da ETA recomeçou, com mais de 30 atentados mortais desde então, alguns com redobrados "requintes" de crueldade e aparatosas operações, agudizando as relações já de si difíceis e tensas entre Madrid e a ETA.
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Como referenciar
Porto Editora – ETA na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 21:01:50]. Disponível em

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