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Exposição do Mundo Português
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A Exposição do Mundo Português merece ser considerada uma das grandes iniciativas político-culturais do Estado Novo, em razão dos meios empregues e do significado ideológico que lhe estava subjacente. Decorreu em 1940, no contexto de uma dupla comemoração: oito séculos depois de 1140, data entendida como a da independência nacional, e três séculos passados sobre a Restauração.

Nesse período de comemorações e de grande atividade cultural realizou-se, por exemplo, o restauro de monumentos nacionais, a exposição dos "Primitivos Portugueses" e a reabertura do Teatro S. Carlos. Mas, do vasto programa de realizações culturais de 1940 destacava-se este evento.

A opção estética adotada nas comemorações provocou violentas críticas por parte dos artistas académicos, que se sentiram negligenciados, liderados pelo Coronel Arnaldo Ressano Garcia, caricaturista e presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA).

Este proferiu duas conferências na SNBA, a 19 e 20 de abril de 1939, onde atacou os modernistas, recorrendo ao exemplo de Hitler, que, segundo dizia, "varreu os museus de todas as imundices artísticas" ao contrário de Mussolini, muito citado por António Ferro, que na sua opinião se revelara um fracasso no plano artístico. Neste confronto quem ficou a perder foi Arnaldo Ressano Garcia e com ele os académicos, definitivamente afastados da ribalta cultural de então.

Nesta era de grandiosas comemorações de datas importantes na história nacional, usadas como eficaz propaganda do regime, foi instalada no Terreiro de Belém a Exposição do Mundo Português, que tinha como presidente da Comissão Executiva Júlio Dantas. Entre os outros nomes em destaque encontravam-se António Ferro (responsável pela parte secretarial da Comissão Executiva) e Cottinelli Telmo.

A Exposição teve lugar na zona lisboeta de Belém, junto ao Rio Tejo. O certame era composto por secções de História, Etnografia e do Mundo Colonial. Entre os inúmeros pavilhões destacavam-se os seguintes: da Honra e de Lisboa (Cristino da Silva), da Fundação, Formação e Conquista, da Independência, dos Descobrimentos (Pardal Monteiro), da Colonização, dos Portugueses no Mundo (Cottinelli Telmo) e ligada a este o pavilhão de Portugal de 1940 dirigido por António Ferro; de Etnografia Metropolitana com a Reconstrução das Aldeias Portuguesas (Segurado), da Vida Popular (Veloso Reis), o colonial com a reprodução da vida ultramarina e o Pavilhão do Brasil do teorizador da Casa Portuguesa (Raul Lino), que parecia refletir o "glorioso prolongamento da nossa civilização atlântica".

Do conjunto surgia a imagem de Portugal como cabeça de um majestoso império e dono de um passado de glórias invulgares. Junto da Torre de Belém foi montada uma caravela, da responsabilidade de Leitão de Barros e Martins Barata, e o "Padrão dos Descobrimentos" que, de uma forma simbólica encerravam a exposição. A direção e planificação dos trabalhos foi entregue a Cottinelli Telmo (1897-1948), um artista multifacetado, conhecido, sobretudo, pela sua obra arquitetónica.

Nesta grandiosa realização cosmopolita trabalhou a maioria dos artistas modernistas (12 arquitetos, 19 escultores e 43 pintores), com a exceção de Soares, Eloy, Cassiano Branco e Keil do Amaral, numa época em que Portugal parecia alheado do resto da Europa a viver o horror da guerra. Aliás, esse era um dos objetivos do evento: demonstrar a eficácia governativa do regime, capaz de manter Portugal longe dos problemas mundiais devastadores, numa aparente atmosfera de progresso e de prosperidade.

Em paralelo com a Exposição, fez-se um Congresso do Mundo Português, que contou com a participação de centenas de historiadores. Com a Exposição coincidiu ainda a efetivação de um ambicioso plano de obras públicas, com o arranque de muitos projetos, especialmente em Lisboa e arredores, e a inauguração de outros, como o Estádio Nacional.
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Como referenciar
Porto Editora – Exposição do Mundo Português na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-12 01:39:13]. Disponível em
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