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Fim do Bloco de Leste
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A formação do Bloco de Leste iniciou-se no fim da Segunda Guerra Mundial, quando a União Soviética criou um largo conjunto de países-satélites, cujos regimes políticos, as chamadas Democracias Populares, eram controlados pelo Kremlin, através dos Partidos Comunistas nacionais. A URSS, a Jugoslávia, a Polónia, a Roménia, a Bulgária, a Hungria e a República Democrática da Alemanha encontram-se assim separadas do resto da Europa pela "cortina de ferro", unidas entre si, numa só grande família comunista.

Os anos 60 representam o auge do poderio soviético e comunista, criando um mundo firmemente fechado às novidades e mantido coeso por uma enorme máquina de propaganda de sucesso, por um controlo total das notícias e por um sistema repressivo com uma polícia secreta que mantinha milhares de fichas pessoais com informações dadas por uma enorme rede de delatores, escutas telefónicas e câmaras em quartos de hotel. Os informadores eram inclusivamente treinados para detetar os sinais de perigo e contágio do capitalismo nas pessoas e as prisões da polícia secreta recebiam constantemente novos hóspedes. A maioria das pessoas vivia numa ilusão massiva de fazer parte da nação mais poderosa do mundo, onde a qualidade de vida supera a dos países corrompidos pelo capitalismo. Algumas passagens do filme "Oliver" eram inclusivamente usadas para ilustrar como se vivia no Ocidente. Contudo, os bens de consumo escasseavam e cada pessoa, em média, passava 5 horas diárias em filas para comprar pão, carne, peixe e outros produtos básicos. A lista de espera por uma casa atingia os 15 anos, mas por muito tempo manteve-se a ilusão de que o socialismo estava a criar um mundo melhor.

Contudo, nos anos 70 sentem-se os primeiros sintomas de mudança. As rádios de Leste começam a captar música e programas ocidentais, que apesar de serem transmitidos numa língua estranha, expressam uma liberdade e uma dinâmica novas. A "cortina de ferro" já não é suficiente para proteger a Europa comunista das corrupções do Ocidente. Tudo o que vem do Ocidente atinge enorme valor no mercado negro: sabonetes, discos, roupa. Surge uma nova geração que se recusa a alinhar na ilusão, com necessidades urgentes de liberdade. As tentativas dos estados para satisfazer esta geração não vai passar de mais um logro e fracassa.

A primeira grande oposição surge na Jugoslávia com a dissidência de Tito. Contudo, este país não vai resistir à morte do seu líder, desagregando-se em várias regiões em conflito.
Segue-se a Polónia, país arreigado a tradições profundamente católicas, encorajadas pela eleição de um Papa polaco, e pela sua visita à terra natal em 1979. Em 1980, os trabalhadores dos estaleiros de Gdansk entram em greve, sendo a sua principal reivindicação o serem representados por um sindicato independente do Partido Comunista Romeno e, por isso, do Governo. As greves alastram-se a todo o país e o Governo é forçado a entrar em negociações. Os trabalhadores acabam por ter êxito fundando o primeiro sindicato independente da Europa de Leste, liderados por Lech Walesa e pelo Solidariedade. Em poucos dias 10 milhões de polacos aderem ao novo sindicato. Contudo, 16 meses depois, o Exército Vermelho inicia manobras na fronteira polaca exercendo clara pressão junto do Governo de Varsóvia. É instaurada a lei marcial e o Solidariedade passa a ser ilegal, iniciando-se a perseguição e prisão de todos os líderes do sindicato e do partido de oposição.
Quando, em 1985, se inicia a era Gorbachev, os líderes comunistas perdem o apoio dos tanques do Exército Vermelho e, consequentemente, perdem o controlo férreo que mantinham sobre os dissidentes de cada país. Circulam livros carregados de novos ideais e o próprio controlo da economia começa a abrir brechas. Surgem pela primeira vez programas de televisão que mostram as condições reais de vida das pessoas.

Nacionalismos abafados durante décadas começam a emergir com o objetivo da liberdade política. Na Polónia, o Solidariedade obriga o Governo a eleições livres e ganha o poder.
Na Hungria desmantela-se o velho sistema político e os novos dirigentes autorizam inclusivamente as pessoas a remover o arame farpado de algumas partes da cortina de ferro.
Na RDA e na Roménia tudo se mantém na mesma. Durante as comemorações de 40 anos de comunismo, estala uma contramanifestação, que é duramente reprimida, contudo na manhã seguinte os protestos tinham-se alastrado e o Governo, à pressa, irá fazer concessões com o objetivo de acalmar e controlar os ânimos. Vai assim autorizar a população a deslocar-se à RFA, esquecendo-se, contudo, de falar na atribuição de vistos para a passagem para Berlim Oeste. Nessa noite milhares de pessoas concentram-se junto às Portas de Brandenburgo e os soldados da fronteira não são capazes de as reter. A 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim é transposto por centenas de alemães, abrindo-se uma enorme brecha na "cortina de ferro", que não voltaria a ser fechada.
A Checoslováquia tenta seguir as pisadas dos outros países e os protestos invadem a capital todas as noites, em manifestações pacíficas de libertação. É em torno da figura de Vaclav Havel que se materializa a contestação e o Estado, enfraquecido sem o apoio do Exército Vermelho, acaba por ceder. Em duas breves semanas são desmantelados 40 anos de domínio comunista, na chamada "Revolução de Veludo".

A Roménia permanece sem qualquer mudança. A queda do Muro de Berlim não é sequer noticiada, bem como todas as alterações vividas na Europa de Leste. Em Timisoara surgem as primeiras manifestações inspiradas pelos exemplos da RDA, da Polónia e da Checoslováquia. O presidente Ceausescu não tem, contudo, qualquer intenção de ceder e as manifestações acabam num enorme banho de sangue. As notícias de Timisoara depressa chegam a Bucareste e durante um comício organizado na capital pelo Partido - comício este que tinha como objetivo reafirmar o controlo da situação - os protestos multiplicam-se. Nessa noite Bucareste mergulha no caos e centenas de pessoas são mortas. Mas, pela manhã, o exército abandona o seu líder e Ceausescu e a mulher são detidos e fuzilados. As execuções são transmitidas pela televisão para todo o país.

Na União Soviética todas estas mudanças são sentidas com grande intensidade. O enfraquecimento do império político e territorial, aliado às reformas trazidas pela Glasnost (abertura) e pela Perestroika (reestruturação) de Gorbachev levam a ala dura do Partido e do KGB a tentar um golpe de Estado. Contudo, os militares não vão ser capazes de disparar contra a população que vem para as ruas e se galvaniza em torno de um novo herói nacional: Boris Yeltsin. Assim, em 1992, e na sequência do fracassado golpe de Estado, uma nova liderança assume o poder e pela primeira vez em décadas a nação deixa o nome de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas para se passar a chamar Federação Russa, iniciando o seu processo de democratização.

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Porto Editora – Fim do Bloco de Leste na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-03 15:37:59]. Disponível em
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