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Francisco Ayala
Grande novelista espanhol, Francisco Ayala, nasceu em 1906 e faleceu a 17 de novembro de 2009, aos 103 anos, em Madrid. Lançou-se no campo literário aos 18 anos com a sua grande novela Tragicomedia de un hombre sin espíritu (1925). Apesar de extremamente jovem, Ayala apresentou a sua obra com uma rara maturidade. Trata-se de um texto fiel à tradição realista da novela clássica. No ano seguinte, publicou Historia de un amanecer onde começa a revelar as preocupações políticas de um jovem estudante. Ayala foi extremamente influenciado por Ortega y Gasset (Geração de 1914- Espanha) e revela o peso desse seu mentor ao publicar obras como El boxeador y un ángel (1929) e Cazador en el alba (1930), uma vez que se apresentam como pura intenção de renovar a novela espanhola, levando-a para os caminhos do intelectualismo, da ironia e da desumanização.
Depois de publicar Cazador en el alba, Ayala só voltria a publicar uma narração 14 anos depois: em 1944 publicou o conto El Hechizado. Esta longa paragem na produção novelesca deve-se, essencialmente, ao facto de corresponder ao mais forte período da Guerra Espanhola, durante o qual Ayala se ausenta do seu país. Durante este período, este autor espanhol dedicou-se, fundamentalmente, a um crescimento/amadurecimento interior e a escrever alguns ensaios. Ao aparecer com este conto, mostrou-se radicalmente mais avançado ao nível de temas, maneiras de os tratar e mesmo ao nível da linguagem. Se há um distanciamento enorme em relação à sua obra anterior, há, sobretudo, um grande passo em frente face à excelência da narração. Em Mis páginas mejores (Madrid, 1965), Ayala chega mesmo a confessar: "inicia-se a fase madura da minha produção literária, após um lapso de doze anos sem ter escrito obras de imaginação". O conto El Hechizado é, pouco tempo depois, incorporado num volume de contos intitulado Los usurpadores (1949) em que Ayala relata episódios bem conhecidos da história de Espanha, como forma de analisar o permanente problema da tendência do ser humano (e do espanhol, em concreto) para a discórdia.
Em 1949 Ayala publica La cabeza del cordero onde é visível uma forte reflexão sobre a Guerra Civil Espanhola. Após a Guerra de Espanha, Ayala aparece com a publicação de uma série de contos humorísticos intitulada História de macacos (1955).
Ayala alcança, finalmente, o expoente máximo como narrador ao publicar as novelas Muertes de perro (1958) e El fondo del vaso (1962) - estas duas novelas pressupõem, sob a aparência de uma crítica à ditadura hispano-americana, uma profunda análise da condição humana.
Depois destas obras, Ayala publica, por último, El As de Bastos (1963) e De raptos, violaciones e otras inconveniencias (1966) - dois livros de contos onde encara aspetos do erotismo contemporâneo e expõe claramente muitas das misérias da vida quotidiana (espanhola).
Ayala pode ser definido, essencialmente, como um intelectual e um novelista. Como narrador, percorreu um caminho progressivo de apuramento e enriquecimento técnico. Em toda a sua obra encontra-se uma plena manifestação da sua inteligência, da sua lucidez, assim como da sua complexidade que se manifesta através da possibilidade de diversas interpretações. O mais interessante na obra de Francisco Ayala é, sem dúvida, o facto de, debaixo dos seus argumentos, haver alusões a algo muito diferente e muito mais profundo; Ayala delicia-nos com a possibilidade de vermos algo mais para além do que está diretamente narrado. Como escritor do realismo crítico, Ayala entende a novela como o género que deve dar resposta aos maiores problemas da nossa vida; deve, portanto, indagar/investigar/analisar a fundo o sentido pleno da existência humana.
Com toda a sua obra, Francisco Ayala situa-se entre os novelistas universais mais importantes, alcançando a sua obra o estatuto de "grande novela".
Depois de publicar Cazador en el alba, Ayala só voltria a publicar uma narração 14 anos depois: em 1944 publicou o conto El Hechizado. Esta longa paragem na produção novelesca deve-se, essencialmente, ao facto de corresponder ao mais forte período da Guerra Espanhola, durante o qual Ayala se ausenta do seu país. Durante este período, este autor espanhol dedicou-se, fundamentalmente, a um crescimento/amadurecimento interior e a escrever alguns ensaios. Ao aparecer com este conto, mostrou-se radicalmente mais avançado ao nível de temas, maneiras de os tratar e mesmo ao nível da linguagem. Se há um distanciamento enorme em relação à sua obra anterior, há, sobretudo, um grande passo em frente face à excelência da narração. Em Mis páginas mejores (Madrid, 1965), Ayala chega mesmo a confessar: "inicia-se a fase madura da minha produção literária, após um lapso de doze anos sem ter escrito obras de imaginação". O conto El Hechizado é, pouco tempo depois, incorporado num volume de contos intitulado Los usurpadores (1949) em que Ayala relata episódios bem conhecidos da história de Espanha, como forma de analisar o permanente problema da tendência do ser humano (e do espanhol, em concreto) para a discórdia.
Em 1949 Ayala publica La cabeza del cordero onde é visível uma forte reflexão sobre a Guerra Civil Espanhola. Após a Guerra de Espanha, Ayala aparece com a publicação de uma série de contos humorísticos intitulada História de macacos (1955).
Ayala alcança, finalmente, o expoente máximo como narrador ao publicar as novelas Muertes de perro (1958) e El fondo del vaso (1962) - estas duas novelas pressupõem, sob a aparência de uma crítica à ditadura hispano-americana, uma profunda análise da condição humana.
Depois destas obras, Ayala publica, por último, El As de Bastos (1963) e De raptos, violaciones e otras inconveniencias (1966) - dois livros de contos onde encara aspetos do erotismo contemporâneo e expõe claramente muitas das misérias da vida quotidiana (espanhola).
Ayala pode ser definido, essencialmente, como um intelectual e um novelista. Como narrador, percorreu um caminho progressivo de apuramento e enriquecimento técnico. Em toda a sua obra encontra-se uma plena manifestação da sua inteligência, da sua lucidez, assim como da sua complexidade que se manifesta através da possibilidade de diversas interpretações. O mais interessante na obra de Francisco Ayala é, sem dúvida, o facto de, debaixo dos seus argumentos, haver alusões a algo muito diferente e muito mais profundo; Ayala delicia-nos com a possibilidade de vermos algo mais para além do que está diretamente narrado. Como escritor do realismo crítico, Ayala entende a novela como o género que deve dar resposta aos maiores problemas da nossa vida; deve, portanto, indagar/investigar/analisar a fundo o sentido pleno da existência humana.
Com toda a sua obra, Francisco Ayala situa-se entre os novelistas universais mais importantes, alcançando a sua obra o estatuto de "grande novela".
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Como referenciar
Porto Editora – Francisco Ayala na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 19:27:21]. Disponível em
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