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Guerra Civil Espanhola
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A Guerra Civil Espanhola, desencadeada em 1936, foi motivada pelas fortes rivalidades existentes entre as fações políticas de esquerda e de direita. Em 1931, depois do estabelecimento da Segunda República em Espanha, a ala socialista moderada e a classe média liberal republicana uniram-se numa coligação que instituiu um programa de reformas sociais, religiosas e militares. Contudo, esta coligação foi desfeita devido a interferências do setor da direita. Nas eleições de novembro de 1933, os socialistas concorreram sozinhos, na esperança de conseguirem organizar um governo unicamente socialista. As suas expectativas foram goradas, porque o sistema favorecia as coligações. Deste modo, com alguma surpresa, a vitória coube à aliança de direita. No ano de 1934, as reformas propostas entre 1931 e 1933 foram totalmente esquecidas. Neste ano, os socialistas, anarquistas e comunistas juntaram-se em protesto nas cidades mineiras das Astúrias, temendo a entrada do CEDA, um partido católico de direita, no governo, pois este poderia significar o estabelecimento de um estado autoritário. A repressão deste movimento de contestação foi muito violenta, conduzindo à reunião da esquerda na Frente Popular. Esta aliança esquerdista saiu vitoriosa nas eleições de 1936, apesar de não alcançar uma confortável vantagem sobre os seus diretos opositores. No entanto, a vitória permitiu-lhe retomar as reformas de 1931. A direita não se conformou com a derrota, e prontamente se preparou para a guerra, sob a liderança do "cabecilha" da conspiração, o General Emílio Mola. A Falange, o partido fascista em formação, espalhava o terror e a violência para obrigar à utilização da força militar. A resposta da ala esquerda acabou por resultar no assassinato do líder monárquico José Calvo Sotelo, a 13 de julho. Intensificava-se a instabilidade e começava a violência. Os levantamentos conservadores de 18 de julho nas capitais rurais de província, como Leão e Castela a Velha, tiveram sucesso. Já o mesmo não sucedeu nas grandes cidades industriais do Norte asturiano onde os trabalhadores fabris e mineiros impediram qualquer tentativa de golpe de direita. No Sul, o apoio era dado à esquerda, embora nas grandes cidades, como Cádiz e Sevilha, a resistência das classes trabalhadoras fosse destruída. Nesta fase, os rebeldes falangistas controlavam cerca de um terço de Espanha, incluindo a Galiza, Leão, Castela a Velha, Aragão e parte da Extremadura, em conjunto com Huelva, Sevilha e Córdoba. De início, os revoltosos confrontaram-se com alguns problemas com as suas milícias mal preparadas e tiveram de recorrer a mercenários. A vantagem dos rebeldes residia no exército mercenário africano, liderado pelo General Franco, que estava bloqueado em Marrocos pelos navios de guerra republicanos, cujas tripulações se tinham amotinado contra os seus dirigentes direitistas. Os falangistas voltaram-se então para o estrangeiro, pedindo auxílio a Hitler e a Mussolini. Os dirigentes alemão e italiano viram então a possibilidade de causar problemas à França, e ambos decidiram providenciar ajuda aerotransportada para tornar possível uma ponte aérea entre Marrocos e Sevilha. Cerca de 15 000 homens atravessaram para Espanha num prazo de 10 dias. Um falhado golpe de estado tendia assim para uma Guerra Civil. Mais discretamente, Salazar permitia a utilização do território português como base de apoio de retaguarda ou via de entrada de armamento, enquanto encaminhava para a frente de combate os voluntários ("viriatos"), em número indeterminado, talvez de alguns milhares. Por outro lado, a intervenção da Sociedade das Nações, que pretendeu instituir mecanismos de conciliação e arbitragem, fracassou totalmente, criando situações de impasse que desequilibravam ainda mais o balanço de forças, pois manietavam frequentemente o governo eleito de Madrid, enquanto deixavam as mãos livres a Franco. Durante a guerra civil de Espanha o mundo assistiu, pela primeira vez, no nosso século, ao emprego da rádio como meio de propaganda de grande eficácia (aqui ainda, a propaganda franquista, muitas vezes de extrema agressividade, revelou maior eficácia que a sua congénere republicana). A República, ao contrário dos revoltosos, não teve uma grande ajuda quando procurou apoio junto das potências democráticas. O premier francês, Léon Blum, inicialmente partidário da fação republicana, esmoreceu a sua posição face à oposição interna e ao receio britânico de provocar uma guerra geral. A União Soviética parecia ser a última hipótese. No entanto, com muito ou pouco apoio, o conflito internacionalizava-se e despertava paixões por todo o mundo. Os falangistas do mais que provável líder, Franco, já o vimos, receberam forte auxílio por parte da Itália e da Alemanha. Era a ocasião ideal para testar as novas máquinas de guerra - as tropas de Hitler experimentaram os métodos da Blitzkrieg, que lhes iriam dar grandes vitórias nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial e Hitler apressou-se a enviar para o terreno a tristemente célebre legião Condor. As fileiras republicanas apenas engrossaram com o auxílio soviético e com os heróis românticos de todo o mundo, simbolizados por E. Hemingway, correspondente de guerra e soldado. Os rebeldes nacionalistas lançaram então duas bem sucedidas campanhas. Enquanto Mola atacava a província basca de Guipúzcoa para isolar a França, o exército mercenário africano de Franco avançava sobre Madrid, deixando atrás de si um rasto de morte e destruição. A 10 de agosto, os dois blocos de nacionalistas faziam a junção, consolidando a sua posição em agosto e setembro. As tropas do General José Henrique Varela ligaram Sevilha, Córdoba, Granada e Cádis, numa altura em que os republicanos não tinham possibilidade de igualar os sucessos nacionalistas, somando derrotas sucessivas. A 21 de setembro, os líderes dos revoltosos escolheram o General Franco, em Salamanca, para comandante em chefe. Nesse dia, este militar dirigiu as suas colunas para o sudeste de Madrid, no sentido de libertar a guarnição de Toledo, o que fez perder uma excelente oportunidade de atacar a capital antes desta preparar a sua defesa. No entanto, esta manobra permitiu a Franco aumentar o seu poder militar e criar um golpe de publicidade. Então, abrandou o ritmo da guerra para purgar o território capturado. Confirmado como Caudilho e chefe de Estado a 1 de outubro, Franco controlava a zona central, enquanto os republicanos enfrentavam divisões internas entre comunistas, socialistas e anarquistas. A 7 de outubro, o exército africano marchava sobre Madrid, uma cidade cheia de refugiados e com graves problemas de subalimentação. O atraso de Franco permitira a reorganização da defesa de Madrid, ajudada pela chegada de armas soviéticas e das colunas de voluntários conhecidas como Brigadas Internacionais. No entanto, a 6 de novembro, o governo debandou para Valência, deixando Madrid nas mãos do General José Miaja. Apoiado pela Junta de Defesa, dominada pelos comunistas, reuniu a população deixando a planificação militar ao seu chefe de pessoal, o bem sucedido coronel Vicente Rojo. Embora o general Franco tivesse tido a habilidade para chamar até si as germânicas Legiões Condor, em novembro teve de aceitar o insucesso do seu assalto. A cidade aguentou-se durante 28 meses. Franco reagiu tentando circundar a capital. Apesar das derrotas nas batalhas de Boadilla (dezembro de 1936), de Jarama (fevereiro de 1937), e de Guadalajara (março de 1937), a vantagem era ainda dos nacionalistas, que em março deram início a um ciclo de batalhas que lhes permitiram capturar o Norte de Espanha nas estações quentes de 1937. O começo desta ofensiva partiu do ataque das tropas de Mola ao país Basco, já de si desmoralizado pelos bombardeamentos da Legião Condor. A sua capital, Bilbau, caiu a 19 de junho, depois da destruição de pequenas cidades como Guernica, localidade imortalizada num quadro com o mesmo nome da autoria de Pablo Picasso e onde morreram cerca de 9 000 habitantes massacrados pela aviação alemã. Em seguida, as forças nacionalistas, bem apetrechadas com tropas e equipamento italiano, capturam Santander a 26 de agosto e as Astúrias em setembro e outubro. A superioridade desta fação do conflito aumentou com a posse da riqueza mineira e da indústria do Norte. O coronel Vicente Rojo tentou então, através de várias ofensivas, suster o avanço nacionalista, em cidades como Brunete (outra localidade cuja população foi massacrada ou deportada), Saragoça e Teruel, mas não cumpriu totalmente os seus objetivos, pois era imparável a máquina de guerra dos nacionalistas. Estes tentaram e conseguiram tirar partido da exaustão dos republicanos desmoralizados com a derrota em Teruel. As tropas de Franco avançaram para o vale do Ebro e a 15 de abril atingiram o mar. Em julho, Franco em vez do assalto a Barcelona, dirigiu um maior ataque sobre Valência. Os republicanos tentavam resistir a todo custo às forças do General Franco, que os pretendia aniquilar totalmente. Em novembro, a República estava quase completamente derrotada. A cidade anarco-esquerdista de Barcelona caía às mãos dos nacionalistas a 26 de janeiro de 1939 e Madrid a 4 de março. Entretanto, o comandante do Exército Republicano do Centro, o coronel Segismundo Casado, revoltava-se contra o governo republicano numa tentativa de parar com a violência. A sua tentativa de negociar com os vencedores foi rejeitada por Franco. A pouco e pouco as tropas republicanas foram-se rendendo. A 27 de março, os nacionalistas entraram na cidade de Madrid e os republicanos foram exilados. Esta vitória de Franco inaugurou, assim, uma ditadura de 38 anos. A Guerra Civil Espanhola saldou-se numa perda de 400 000 mortos em combate, 1 000 000 de presos e cerca de 100 000 execuções, conhecidas num espaço de tempo compreendido entre 1939 e 1943. Não se conhece um número exato para as execuções de civis e fugitivos. Para além das perdas humanas, há que reter que o país ficou praticamente destruído e sofreu danos no seu parque industrial e na rede de comunicações que só começariam a ser reparados durante a década de 60.
Combates violentos, na Guerra Civil de Espanha
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