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Guerra dos Três Henriques (24 de agosto de 1572)
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Teve como acontecimento mais conhecido o Massacre de S. Bartolomeu (também designado por Noite de S. Bartolomeu). Nesta ação contra os protestantes franceses, ditos "huguenotes", tiveram um importante papel Catarina de Médicis, os seus três filhos que tinha do casamento com Henrique II e os Guise, ramo da família ducal da Lorena. Desde 1563 que Catarina desejava ver-se livre, pela violência, dos principados protestantes, apesar de todos reconhecerem que grande parte da sua ação como pessoa ligada ao poder ia no sentido de uma política de conciliação e, mesmo, de tolerância, entre os súbditos católicos e protestantes. Em 1571 é recebido na corte o almirante Gaspart de Coligny, um protestante com grande influência sobre o rei Carlos IX. Há algum tempo que se registavam grandes divergências entre a França e a Espanha (sendo esta apoiada por Roma); Catarina opunha-se à política espanhola mas não desejava a rutura total. Pelo contrário, Coligny considerava que a França devia partir para uma guerra aberta e sem quartel com o seu vizinho ibérico, opinião que o monarca acata. Em agosto de 1572, Catarina de Médicis decide vingar-se planeando o assassinato do almirante. Por essa altura chegavam a Paris grande número de protestantes. Vinham assistir ao casamento de Margarida (irmã do rei, filha de Catarina) com Henrique de Navarra, o maior paladino dos reformistas. Este casamento foi o pretexto ideal para uma série de acontecimentos e aparece como uma "mise-en-scène". Por um lado, há quem pense que o casamento foi mesmo tratado pela rainha-mãe no sentido de atrair os huguenotes e os seus líderes às festividades e livrar-se deles de uma só vez; por outro lado, acredita-se que os protestantes estariam mais atentos ao primeiro sinal de guerra na Flandres para se revoltarem do que interessados em assistir ao matrimónio. Três dias depois da cerimónia, ao sair do Louvre, Coligny é atingido por duas balas de arcabuz que apenas o ferem. O inquérito, conduzido por um magistrado protestante, traz importantes revelações. Os tiros haviam partido da casa de um antigo precetor do duque Henrique de Guise onde o agressor havia sido introduzido pelo seu tio, o duque d'Aumale; por outro lado, todos os indícios apontavam Catarina de Médicis como a mentora da operação. No entanto, as ameaças imprudentes da parte dos protestantes são motivo para convencer o rei Carlos IX de que se preparava uma ampla conspiração que faria da França uma república protestante, com Génova por capital. No dia 23 de agosto, o rei aprovou a decisão fatídica. À meia-noite os sinos de Saint-Germain-l'Auxerrois dão o sinal para o massacre. A primeira vítima foi o almirante. Bandos armados, constituídos por populares católicos, percorrem Paris, pilhando e matando os protestantes. Morrem o conde de La Rochefoucauld, o marquês de Reynel, Lavardin, Guerchy e Groslot, balio de Orleães, bem como o historiador La Place. Poucos foram os protestantes de grande condição que foram poupados; entre eles contam-se o jovem Caumont-la-Force, salvo por acaso, o rei de Navarra e o príncipe de Condé, obrigados a abjurar, o conde de Montmorency e o vidama de Chartres. O número de mortos é impossível de calcular, no entanto andam e entre 100 mil e várias centenas de milhar, segundo as opiniões mais ou menos comprometidas. As descrições do massacre são aterradoras. Começando em Paris, o exército do rei, com ordens para matar todos os protestantes que encontrassem, e os católicos caíram sobre pessoas de um modo geral desarmadas e o sangue correu como um rio por toda a região. O S. Bartolomeu constituiu para a população a oportunidade para saciar rancores de carácter social. Negociantes, banqueiros, ourives e livreiros contam-se amiúde entre as vítimas. Como consequência direta deste massacre começou mais uma guerra civil (a quinta) em França, por motivos religiosos.
"Catarina de Médicis, Rainha de França", de François Clouet, pintor do século XVI
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Como referenciar
Porto Editora – Guerra dos Três Henriques (24 de agosto de 1572) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-17 23:02:34]. Disponível em

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