Guillaume Apollinaire
Poeta e homem de letras naturalizado francês, de nome verdadeiro Wilhelm Apollinaris de Kostrowitzky, nasceu a 26 de agosto de 1880 na cidade de Roma. Fruto ilegítimo do encontro de dois aventureiros da alta aristocracia, uma jovem polaca viciada no jogo, Angelica de Kostrovitzky, e de um suiço-italiano, Flugi d'Aspermont, Apollinaire cresceu nas cercanias dos sumptuosos casinos das estâncias blaneares onde os mais ricos se congregavam.
Aos sete anos de idade iniciou a sua escolaridade no Colégio de São Carlos, no Mónaco, transitando depois para as escoals de Cannes e Nice. Não chegou a terminar os estudos secundários. Em vez disso, empreendeu aos dezanove anos de idade uma viagem que o levou até às Ardenas, na Bélgica, fazendo-se passar por um príncipe russo.
No ano de 1900 estabeleceu-se em Paris onde, após ter trabalhado durante algum tempo na Bolsa de Valores, começou a colaborar com a imprensa, em especial com o Mercure de France e La Revue Blanche. No ano seguinte surgiu-lhe a oportunidade de acompanhar como precetor as crianças de uma família alemã, residente na bacia do Reno. Aceitando o cargo, aproveitou a deslocação para percorrer extensivamente o território alemão, bem como o do então Império Austro-Húngaro.
De regresso a França, empregou-se junto de um banco, prosseguindo simultaneamente no jornalismo, escrevendo regularmente para o L'Européen. Em 1902 publicou o seu primeiro livro, escrito em coautoria com Molina da Silva, La Grace et Le Mainties Français e, no ano seguinte, fundou uma revista intitulada Le Festin d'Esope. A partir de 1906 passou também a dedicar-se à literatura erótica, dando ao prelo, Les Onze Mille Verges (As Onze Mil Vergas), uma das suas obras mais célebres, e Les Memoires d'un Jeune Don Juan (1907, As Proezas Amorosas de um Jovem Don Juan).
Apollinaire estreou-se como poeta em 1909, com o aparecimento da sua primeira coletânea, L'Enchanteur Pourrissant, cuja temática aludia ao aprisionamento do mago Merlim dentro de uma gruta, pelas artes mágicas de Morgana. Seguiram-se, entre outras obras, Le Bestiaire ou Cortège d'Orphée (1911) e Alcools (1914, Mais Novembro do que Setembro), trabalho marcado pela supressão de todos os sinais de pontuação, o que na época constituiu uma inovação e revelou o seu espírito modernista, que veio estabelecer definitivamente Apollinaire como poeta.
No ano de 1914 deflagrou a Primeira Grande Guerra, pelo que Apollinaire, sentindo grandes afinidades com a nação que o acolhera, decidiu pedir a cidadania francesa e alistou-se no exército. Serviu num regimento de infantaria e, em 1915, foi promovido a primeiro-brigadeiro. Logo após ter-se declarado voluntário para a frente de combate, ascendeu a marechal.
Em 1916 o governo francês deferiu o seu requerimento de nacionalidade e, pouco tempo depois, o poeta foi ferido com gravidade na cabeça, por um obús, o que o levou a ser submetido a uma trepanação. Nesse ano apareceu um dos seus trabalhos mais importantes, Le Poète Assassiné (O Poeta Assassinado).
Em 1917 publica Les Mamelles de Tirésias (Os Seios de Tirésias, 1917), obra que anuncia o chegar do surrealismo. Apollinaire foi um grande divulgador da arte africana, da arte "naïve", do Fauvismo, e do Cubismo, correntes de vanguarda que revolucionaram o seu tempo.
A saúde de Apollinaire começou a degradar-se seriamente no ano de 1918. No dia de Ano Novo desse ano foi internado no hospital com uma congestão pulmonar e, receando a morte, casou-se no dia seguinte. Aparentemente restabelecido ao cabo de alguns meses, assistiu ao aparecimento da primeira edição da compilação de poemas Calligrammes (1918), mais uma obra modernista em que busca a associação entre a imagem e a sua expressão verbal.
Nos finais do ano, uma grande epidemia de gripe espanhola assolou a cidade de Paris e, entre as vítimas, contou-se Apollinaire, que faleceu a 9 de novembro de 1918.
Tido como o criador do termo 'surrealista', tinha apenas trinta e oito anos por altura da sua morte.
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