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Hermeto Pascoal
Compositor e instrumentista brasileiro, Hermeto Pascoal nasceu no dia 22 de junho de 1936, em Arapiraca, Alagoas, no Brasil. Nascido no seio de uma família de roceiros, o jovem Hermeto escapou ao trabalho duro da roça por ser albino e, em virtude disso, não poder ficar exposto à luz solar. Ainda em criança, na escola, era comum os professores atribuírem-lhe trabalhos que envolviam a construção de instrumentos a partir de latas. O gosto pela música foi crescendo no pequeno Hermeto e, na companhia do irmão mais velho, José Neto, toca com instrumentos rudimentares nos populares bailes "pé-de-pau", realizados ao ar livre e muito comuns na época. Em 1950, a família mudou-se para o Recife. É lá que Hermeto e o irmão José Neto começam a tocar acordeão nas rádios Tamandaré e Jornal do Comércio. O seu primeiro instrumento a sério, uma sanfona, foi conseguido nesta fase. Um ano depois da chegada ao Recife, Hermeto já se entretinha a experimentar novos sons e à exploração autodidata do acordeão que, aos poucos, se tornara um dos seus instrumentos de eleição. Em 1958, a convite da rádio Tabajara, muda-se para Paraíba e integra a Orquestra do Maestro Gomes. Ainda nesse ano, parte para o Rio de Janeiro, para tocar na rádio Mauá. É na metrópole carioca que descobre a afeição pelo piano, primeiro na rádio, depois atuando em pequenos clubes do Rio. Afirmando-se gradualmente como pianista, muda-se para São Paulo e torna-se o pianista residente da Boate Chicote, em 1961. Depois de trabalhar noutros clubes integra, no ano seguinte, já em São Paulo, o coletivo Som Quatro. Fundaria o Sambrasa Trio em 1964, com Claiber no baixo e Airto Moreira na bateria. Nesse período, desenvolve o interesse pela flauta, aprendendo a dominar o instrumento em menos de um mês e sendo convidado pelo cantor Walter Santos para colaborar, como flautista, nas gravações do LP Caminho, lançado em 1965. Em 1966, junta-se ao Trio Novo, convertido em quarteto, com Théo de Barros, Airto Moreira e Heraldo. O agrupamento tornar-se-ia um marco da música instrumental brasileira, lançando o primeiro álbum em 1967, uma curiosa mistura dos ritmos nordestinos com as harmonias sofisticadas do jazz. É nesse álbum que se guarda a primeira canção escrita por Hermeto alguma vez gravada ("O Ovo"). Depois de três anos com o Quarteto, o grupo separa-se e Hermeto Pascoal passa a tocar com Edu Lobo.
Airto Moreira emigrara para os EUA, integrando a banda de suporte de Miles Davis. Hermeto seguir-lhe-ia as pisadas, privando com Davis e com ele gravando um disco. Miles Davis dar-lhe-ia a alcunha de "Albino Crazy". O disco, Miles Davis Live, incluía duas músicas escritas por Hermeto: "Igrejinha" e "Nenhum Talvez". Pela mão do mítico trompetista, Hermeto Pascoal era apresentado ao mundo. O reconhecimento internacional da sua obra aconteceria um pouco mais tarde, em 1971, com o trecho "Gaio de Roseira", parte de um álbum de Airto Moreira, a ser considerada uma das melhores composições do ano pela crítica especializada. É também nesse ano que grava o primeiro registo a solo do seu percurso, fazendo uso de instrumentos raros e da experimentação melódica. Contudo, o primeiro trabalho a ser editado no mercado brasileiro chegaria às lojas apenas em 1973. A Música Livre de Hermeto Pascoal incluía composições de gente célebre no Brasil, casos de Pixinguinha ou Luiz Gonzaga, e o já clássico "Gaio de Roseira". Em 1977, com um estatuto firme no seio da música instrumental brasileira, edita uma das suas obras-primas, o famoso Slaves Mass, muito elogiado pela crítica americana. Em consequência do crescimento da sua fama no exterior, a década de 80 é marcada por uma intensa atividade de estúdio e diversas digressões fora do Brasil, com participações nos importantes festivais de Montreux e de Berlim, entre muitos outros. É também durante a década que funda o projeto Hermeto Pascoal & Grupo, coletivo que se manteria junto durante mais de uma década.
A década de noventa marcaria o distanciamento de Hermeto Pascoal em relação às grandes editoras. Festa dos Deuses, lançado em 1992 pela Polygram, não teve uma distribuição satisfatória, na opinião do artista, e levaria ao rompimento do compromisso contratual. Estes problemas levariam a um hiato de sete anos sem gravações de estúdio mas em que Hermeto nunca deixou de compor. É nesta época que escreve o ciclo Calendário do Som, ambiciosa obra com um chorinho para cada dia do ano. Apenas em 1999, Hermeto voltou ao mercado discográfico, tocando todos os instrumentos, os convencionais e os inventados por ele, no disco Eu e Eles. A arte de multi-instrumentista valer-lhe-ia outra alcunha: o bruxo dos sons.
Discografia
1971, Hermeto
1973, A Música Livre de Hermeto Pascoal
1976, Slaves Mass
1977, Missa dos Escravos
1979, Zabumbê-bum-á
1979, Ao Vivo no Montreux Jazz Festival
1980, Cérebro Magnético
1982, Hermeto Pascoal & Grupo
1984, Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca
1985, Brasil Universo
1987, Só Não Toca Quem Não Quer
1988, Piano Acústico
1992, Festa dos Deuses
1999, Eu e Eles
2002, Mundo Verde Esperança
2006, Chimarrão com Rapadura
Airto Moreira emigrara para os EUA, integrando a banda de suporte de Miles Davis. Hermeto seguir-lhe-ia as pisadas, privando com Davis e com ele gravando um disco. Miles Davis dar-lhe-ia a alcunha de "Albino Crazy". O disco, Miles Davis Live, incluía duas músicas escritas por Hermeto: "Igrejinha" e "Nenhum Talvez". Pela mão do mítico trompetista, Hermeto Pascoal era apresentado ao mundo. O reconhecimento internacional da sua obra aconteceria um pouco mais tarde, em 1971, com o trecho "Gaio de Roseira", parte de um álbum de Airto Moreira, a ser considerada uma das melhores composições do ano pela crítica especializada. É também nesse ano que grava o primeiro registo a solo do seu percurso, fazendo uso de instrumentos raros e da experimentação melódica. Contudo, o primeiro trabalho a ser editado no mercado brasileiro chegaria às lojas apenas em 1973. A Música Livre de Hermeto Pascoal incluía composições de gente célebre no Brasil, casos de Pixinguinha ou Luiz Gonzaga, e o já clássico "Gaio de Roseira". Em 1977, com um estatuto firme no seio da música instrumental brasileira, edita uma das suas obras-primas, o famoso Slaves Mass, muito elogiado pela crítica americana. Em consequência do crescimento da sua fama no exterior, a década de 80 é marcada por uma intensa atividade de estúdio e diversas digressões fora do Brasil, com participações nos importantes festivais de Montreux e de Berlim, entre muitos outros. É também durante a década que funda o projeto Hermeto Pascoal & Grupo, coletivo que se manteria junto durante mais de uma década.
A década de noventa marcaria o distanciamento de Hermeto Pascoal em relação às grandes editoras. Festa dos Deuses, lançado em 1992 pela Polygram, não teve uma distribuição satisfatória, na opinião do artista, e levaria ao rompimento do compromisso contratual. Estes problemas levariam a um hiato de sete anos sem gravações de estúdio mas em que Hermeto nunca deixou de compor. É nesta época que escreve o ciclo Calendário do Som, ambiciosa obra com um chorinho para cada dia do ano. Apenas em 1999, Hermeto voltou ao mercado discográfico, tocando todos os instrumentos, os convencionais e os inventados por ele, no disco Eu e Eles. A arte de multi-instrumentista valer-lhe-ia outra alcunha: o bruxo dos sons.
Discografia
1971, Hermeto
1973, A Música Livre de Hermeto Pascoal
1976, Slaves Mass
1977, Missa dos Escravos
1979, Zabumbê-bum-á
1979, Ao Vivo no Montreux Jazz Festival
1980, Cérebro Magnético
1982, Hermeto Pascoal & Grupo
1984, Lagoa da Canoa, Município de Arapiraca
1985, Brasil Universo
1987, Só Não Toca Quem Não Quer
1988, Piano Acústico
1992, Festa dos Deuses
1999, Eu e Eles
2002, Mundo Verde Esperança
2006, Chimarrão com Rapadura
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Como referenciar
Porto Editora – Hermeto Pascoal na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-05 16:18:10]. Disponível em
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