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ironia (retórica)
Retórica: Figura de estilo através da qual se pretende dar a entender precisamente o contrário do que se diz. A ironia parece elogiar quando na verdade critica ou destrói, como se pode observar neste excerto de Almada Negreiros a respeito de Júlio Dantas:
"E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor dos Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões." (Almada Negreiros, Manifesto Anti-Dantas, p.12)
A ironia como tropo indica a atitude enunciativa do locutor, apresentando um desnível frágil entre sentido literal e sentido figurado. A ironia é um artifício retórico complexo que pode variar do gracejo suave ao sarcasmo, passando pelo escárnio, pela zombaria, pela ofensa, pelo desdém, etc. Trata-se de um fenómeno cuja interpretação decorre da análise do contexto textual ou situacional. Na linguagem oral a interpretação da ironia resulta também da combinação entre os elementos prosódicos e cinésicos (mímica, gestos, expressões faciais, posicionamento do corpo) e os conteúdos linguísticos. A ironia pode realizar-se através da antífrase, da hipérbole, do eufemismo, da litote entre outras figuras e outros processos linguísticos.
Linguística: a Pragmática tem-se interessado pelo funcionamento da ironia, devido à sua enorme dependência contextual e à importância assumida pelo alocutário como recetor e intérprete final da ironia. A ironia representa um dos exemplos melhores de violação da máxima conversacional da clareza (máxima do modo) formulada por H. P. Grice (1975, 1978), pelo que o seu valor pragmático se torna ainda mais interessante. Apresentamos duas perspetivas sobre a ironia de um ponto de vista pragmático:
1. Oswald Ducrot (1984) analisou a ironia à luz da sua Teoria Polifónica. De uma forma muito simplista, podemos resumir assim a proposta de Ducrot: o locutor põe em cena uma outra voz diferente da sua, a voz do enunciador, da qual se distancia no discurso fingindo que não tem culpa pela convocação dessa outra voz. No entanto, a mensagem que passa vai de encontro à intenção inicial do locutor, embora a personagem fictícia (o enunciador) que o locutor utiliza para a proferir exprima o contrário do que ele pretende.
2. A. Berrendonner (1981) entende a ironia como uma enunciação paradoxal através da qual o locutor invalida o conteúdo da mensagem que profere ao mesmo tempo que a profere.
"E fique sabendo o Dantas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor dos Lusíadas é o Dantas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões." (Almada Negreiros, Manifesto Anti-Dantas, p.12)
A ironia como tropo indica a atitude enunciativa do locutor, apresentando um desnível frágil entre sentido literal e sentido figurado. A ironia é um artifício retórico complexo que pode variar do gracejo suave ao sarcasmo, passando pelo escárnio, pela zombaria, pela ofensa, pelo desdém, etc. Trata-se de um fenómeno cuja interpretação decorre da análise do contexto textual ou situacional. Na linguagem oral a interpretação da ironia resulta também da combinação entre os elementos prosódicos e cinésicos (mímica, gestos, expressões faciais, posicionamento do corpo) e os conteúdos linguísticos. A ironia pode realizar-se através da antífrase, da hipérbole, do eufemismo, da litote entre outras figuras e outros processos linguísticos.
Linguística: a Pragmática tem-se interessado pelo funcionamento da ironia, devido à sua enorme dependência contextual e à importância assumida pelo alocutário como recetor e intérprete final da ironia. A ironia representa um dos exemplos melhores de violação da máxima conversacional da clareza (máxima do modo) formulada por H. P. Grice (1975, 1978), pelo que o seu valor pragmático se torna ainda mais interessante. Apresentamos duas perspetivas sobre a ironia de um ponto de vista pragmático:
1. Oswald Ducrot (1984) analisou a ironia à luz da sua Teoria Polifónica. De uma forma muito simplista, podemos resumir assim a proposta de Ducrot: o locutor põe em cena uma outra voz diferente da sua, a voz do enunciador, da qual se distancia no discurso fingindo que não tem culpa pela convocação dessa outra voz. No entanto, a mensagem que passa vai de encontro à intenção inicial do locutor, embora a personagem fictícia (o enunciador) que o locutor utiliza para a proferir exprima o contrário do que ele pretende.
2. A. Berrendonner (1981) entende a ironia como uma enunciação paradoxal através da qual o locutor invalida o conteúdo da mensagem que profere ao mesmo tempo que a profere.
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Como referenciar
Porto Editora – ironia (retórica) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-09 20:29:15]. Disponível em
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