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Jean-François Champollion
Egiptólogo e linguista francês, nasceu a 23 de dezembro de 1790, em Figeac, Lot, na França, e faleceu a 4 de março de 1832, em Paris, com apenas 41 anos, tendo sido enterrado no cemitério parisiense de Pére-Lachaise. Era filho de um livreiro, Jacques Champollion (1744-1821), e de Jeanne-Françoise Gualieu (1744-1807), e o último de sete irmãos. Nasceu assim em plena Revolução Francesa, prestes a ser instaurada a República. Desde criança que demonstrou um enorme talento para línguas, tendo com cinco anos apenas começado a associar escrita impressa a palavras que tinha aprendido, começando a ler sozinho, sem ajuda de ninguém. Foi um aluno excelente, aprendendo, primeiro em Figeac (até aos oito anos) e depois no liceu de Grenoble (a partir de 1801), na adolescência, o latim, o hebraico e o grego, além do árabe, do aramaico, do cirílico, do caldeu e do arménio...
A chegada em 1802 ao liceu de Grenoble do célebre matemático Joseph Fourier foi deveras importante para a carreira de Champollion. De facto, Fourier participara na campanha napoleónica ao Egito (1798), onde foi mesmo secretário do Instituto Egípcio do Cairo, de lá trazendo uma paixão enorme pela história do Antigo Egito. Este sábio reparou então em Champollion, um adolescente que aprendia línguas orientais com uma facilidade vertiginosa, ao qual logo lhe mostrou a sua coleção de raridades egípcias. Estava dado definitivamente o clique na paixão egípcia de Champollion. Ficou especialmente impressionado com os hieróglifos, tendo perguntado mesmo a Fourier se se podiam decifrar e traduzir, recebendo uma resposta negativa, mas altamente estimulante para o seu notável cérebro de linguista em formação. Disse mesmo que quando fosse "grande", os decifraria...
Com 14 anos, em 1804, escrevera um trabalho sobre Remarques sur la fable dês géants, acerca da mitologia grega. A partir de 1806 decide-se a estudar o Antigo Egito, para tal apoiando-se no estudo da língua copta, a qual considerava necessária para se estudar o antigo idioma egípcio, que defendia estar no copta. Torna-se então, em 1807, membro da Academia de Grenoble. Na mesma época, consegue igualmente não entrar nas fileiras do exército napoleónico, apesar de ser um simpatizante dos ideais dos primórdios da Revolução Francesa, da liberdade absoluta. Não tendo ainda completado 20 anos, de 1806 a 1809, acabou ainda por redigiu um dicionário de Copta, com mais de 2000 páginas. Terá dito mesmo a seu irmão mais velho, Jacques-Joseph, seu professor e vivo apoiante: "Quero saber falar egípcio como falo francês!" Quando completou 20 anos, já dominava fluentemente uma série de línguas, entre as quais o Latim, o Grego, o Hebraico, o Sânscrito, o Árabe, o Siríaco, o Aramaico, o Caldeu, o Persa, o Chinês e outras mais da Europa, além de estar a estudar vivamente o Copta…
Em 1809 foi nomeado professor de História em Grenoble. Um ano depois, em 1810, começou a publicar estudos, nos quais começou a defender que as três escritas egípcias antigas (hieroglífica, hierática e demótica) tinham uma origem comum, estudando os seus símbolos não apenas como símbolos mas também com valor fonético. Completou ainda gramáticas para os dois dialetos coptas conhecidos. Estava cada vez mais convicto de que o conhecimento de Copta o levaria ao Egípcio Antigo.
Em 1816 regressou a Figeac, na sequência do fim do império de Napoleão, caído em 1815, em Waterloo. As dificuldades para prosseguir estudos eram grandes, depois da queda de Napoleão, para mais sabendo que em Inglaterra Thomas Young estava também a trabalhar sobre a decifração dos hieróglifos. Em 1817 regressa a Grenoble para investigar e em 1818 ocupa o cargo de bibliotecário. No mesmo ano, a 19 de agosto, apresenta perante a sua Academia o estudo Quelques hieroglyphes de la pierre de Rosette. Em 1821 regressa a Paris, com o propósito de se dedicar exclusivamente ao estudo do Egito. Foi nesse mesmo ano, a 27 de agosto, na Académie dês Inscriptions et Belles-Lettres, em Paris, que apresentou a relação entre os signos das escritas hierática e hieroglífica e os da demótica, que das primeiras deriva. Mas seria em setembro de 1822 que faria uma grande descoberta no sistema hieroglífico, a partir da leitura da Pedra de Roseta: graças aos nomes de Ptolomeu e Cleópatra, descobre que existe um alfabeto (reconhece 11 signos e 4 semivogais), mas, principalmente, assume que os hieróglifos se compõem. Ou seja, a escrita hieroglífica era simultaneamente figurativa, simbólica e fonética. Descobriu igualmente o determinativo, signo que permite a associação de uma palavra a um campo lexical. Champolion experimentou o sistema que elaborou sobre cartelas e nomes dos antigos faraós copiados dos monumentos de Abu Simbel (Egito), identificando mesmo os nomes de Ramsés e Tutmósis. Entre 1823 e 1831 publicaria, neste sentido, com o amigo Jean-Joseph Dubois, os 15 volumes do Panthéon Egyptien, acerca das lendas divindades do Antigo Egito.
Em 1824, publicou Précis du système hiéroglyphique dês anciens Égyptiens, obra pioneira da Egiptologia científica e da decifração plena da antiga escrita egípcia. Neste livro dá conta do conjunto das suas pesquisas sobre os nomes dos deuses e dos reis egípcios, além de expor a organização da escrita em signos fonéticos e ideográficos. Os signos fonéticos são 25, os quais indicam consoantes, naquilo que era o primeiro alfabeto da Humanidade. Os signos ideográficos designam, por seu turno, diretamente o objeto ou são determinativos para distinguir palavras formadas das mesmas consoantes mas com significado diferente. Partiu depois para Turim, para decifrar os papiros egípcios (lista redigida dos faraós da XVII dinastia) ali conservados (Papiros de Turim, da coleção do rei da Sardenha), acabando por aí se deter cerca de um ano, regressando em 1825.
Em 1826 foi nomeado direto da Secção Egípcia do Museu do Louvre, catalogando todos os objetos trazidos do Egito nas campanhas napoleónicas. Depois, entre 1828 e 1830, cumpre um sonho: participa numa campanha ao Egito, com Franceses e Italianos, na qual, com Ippolito Rossellini, arquiteto, compôs uma enorme quantidade de desenhos, notas, traduções, textos e estudos vários. No regresso, em março de 1830, foi eleito membro da Académie dês Inscriptions et Belles-Lettres, em Paris, e recebe a cátedra de Antiguidades Egípcias do reputado Colégio de França. Nesse ano começou ainda a redigir uma Grammaire Égyptienne. Todavia, o destino acabaria por ser cruel para quem tanto tinha ainda a dar à Egiptologia. Depois de um primeiro ataque de apoplexia a 13 de dezembro de 1831, sofre um segundo precisamente um mês depois, a 13 de janeiro de 1832, que o atirou para a agonia da morte. Esta advir-lhe-ia a 4 de março de 1832, em Paris, sem ver publicada a sua Grammaire Égyptienne, tal como Monuments d´Égypte et de Nubie, obras publicadas postumamente por seu irmão Jacques-Joseph, em 1836, a primeira, e a partir de 1835, a segunda.
Desaparecia postumamente um dos maiores vultos da erudição moderna.
A chegada em 1802 ao liceu de Grenoble do célebre matemático Joseph Fourier foi deveras importante para a carreira de Champollion. De facto, Fourier participara na campanha napoleónica ao Egito (1798), onde foi mesmo secretário do Instituto Egípcio do Cairo, de lá trazendo uma paixão enorme pela história do Antigo Egito. Este sábio reparou então em Champollion, um adolescente que aprendia línguas orientais com uma facilidade vertiginosa, ao qual logo lhe mostrou a sua coleção de raridades egípcias. Estava dado definitivamente o clique na paixão egípcia de Champollion. Ficou especialmente impressionado com os hieróglifos, tendo perguntado mesmo a Fourier se se podiam decifrar e traduzir, recebendo uma resposta negativa, mas altamente estimulante para o seu notável cérebro de linguista em formação. Disse mesmo que quando fosse "grande", os decifraria...
Com 14 anos, em 1804, escrevera um trabalho sobre Remarques sur la fable dês géants, acerca da mitologia grega. A partir de 1806 decide-se a estudar o Antigo Egito, para tal apoiando-se no estudo da língua copta, a qual considerava necessária para se estudar o antigo idioma egípcio, que defendia estar no copta. Torna-se então, em 1807, membro da Academia de Grenoble. Na mesma época, consegue igualmente não entrar nas fileiras do exército napoleónico, apesar de ser um simpatizante dos ideais dos primórdios da Revolução Francesa, da liberdade absoluta. Não tendo ainda completado 20 anos, de 1806 a 1809, acabou ainda por redigiu um dicionário de Copta, com mais de 2000 páginas. Terá dito mesmo a seu irmão mais velho, Jacques-Joseph, seu professor e vivo apoiante: "Quero saber falar egípcio como falo francês!" Quando completou 20 anos, já dominava fluentemente uma série de línguas, entre as quais o Latim, o Grego, o Hebraico, o Sânscrito, o Árabe, o Siríaco, o Aramaico, o Caldeu, o Persa, o Chinês e outras mais da Europa, além de estar a estudar vivamente o Copta…
Em 1809 foi nomeado professor de História em Grenoble. Um ano depois, em 1810, começou a publicar estudos, nos quais começou a defender que as três escritas egípcias antigas (hieroglífica, hierática e demótica) tinham uma origem comum, estudando os seus símbolos não apenas como símbolos mas também com valor fonético. Completou ainda gramáticas para os dois dialetos coptas conhecidos. Estava cada vez mais convicto de que o conhecimento de Copta o levaria ao Egípcio Antigo.
Em 1816 regressou a Figeac, na sequência do fim do império de Napoleão, caído em 1815, em Waterloo. As dificuldades para prosseguir estudos eram grandes, depois da queda de Napoleão, para mais sabendo que em Inglaterra Thomas Young estava também a trabalhar sobre a decifração dos hieróglifos. Em 1817 regressa a Grenoble para investigar e em 1818 ocupa o cargo de bibliotecário. No mesmo ano, a 19 de agosto, apresenta perante a sua Academia o estudo Quelques hieroglyphes de la pierre de Rosette. Em 1821 regressa a Paris, com o propósito de se dedicar exclusivamente ao estudo do Egito. Foi nesse mesmo ano, a 27 de agosto, na Académie dês Inscriptions et Belles-Lettres, em Paris, que apresentou a relação entre os signos das escritas hierática e hieroglífica e os da demótica, que das primeiras deriva. Mas seria em setembro de 1822 que faria uma grande descoberta no sistema hieroglífico, a partir da leitura da Pedra de Roseta: graças aos nomes de Ptolomeu e Cleópatra, descobre que existe um alfabeto (reconhece 11 signos e 4 semivogais), mas, principalmente, assume que os hieróglifos se compõem. Ou seja, a escrita hieroglífica era simultaneamente figurativa, simbólica e fonética. Descobriu igualmente o determinativo, signo que permite a associação de uma palavra a um campo lexical. Champolion experimentou o sistema que elaborou sobre cartelas e nomes dos antigos faraós copiados dos monumentos de Abu Simbel (Egito), identificando mesmo os nomes de Ramsés e Tutmósis. Entre 1823 e 1831 publicaria, neste sentido, com o amigo Jean-Joseph Dubois, os 15 volumes do Panthéon Egyptien, acerca das lendas divindades do Antigo Egito.
Em 1824, publicou Précis du système hiéroglyphique dês anciens Égyptiens, obra pioneira da Egiptologia científica e da decifração plena da antiga escrita egípcia. Neste livro dá conta do conjunto das suas pesquisas sobre os nomes dos deuses e dos reis egípcios, além de expor a organização da escrita em signos fonéticos e ideográficos. Os signos fonéticos são 25, os quais indicam consoantes, naquilo que era o primeiro alfabeto da Humanidade. Os signos ideográficos designam, por seu turno, diretamente o objeto ou são determinativos para distinguir palavras formadas das mesmas consoantes mas com significado diferente. Partiu depois para Turim, para decifrar os papiros egípcios (lista redigida dos faraós da XVII dinastia) ali conservados (Papiros de Turim, da coleção do rei da Sardenha), acabando por aí se deter cerca de um ano, regressando em 1825.
Em 1826 foi nomeado direto da Secção Egípcia do Museu do Louvre, catalogando todos os objetos trazidos do Egito nas campanhas napoleónicas. Depois, entre 1828 e 1830, cumpre um sonho: participa numa campanha ao Egito, com Franceses e Italianos, na qual, com Ippolito Rossellini, arquiteto, compôs uma enorme quantidade de desenhos, notas, traduções, textos e estudos vários. No regresso, em março de 1830, foi eleito membro da Académie dês Inscriptions et Belles-Lettres, em Paris, e recebe a cátedra de Antiguidades Egípcias do reputado Colégio de França. Nesse ano começou ainda a redigir uma Grammaire Égyptienne. Todavia, o destino acabaria por ser cruel para quem tanto tinha ainda a dar à Egiptologia. Depois de um primeiro ataque de apoplexia a 13 de dezembro de 1831, sofre um segundo precisamente um mês depois, a 13 de janeiro de 1832, que o atirou para a agonia da morte. Esta advir-lhe-ia a 4 de março de 1832, em Paris, sem ver publicada a sua Grammaire Égyptienne, tal como Monuments d´Égypte et de Nubie, obras publicadas postumamente por seu irmão Jacques-Joseph, em 1836, a primeira, e a partir de 1835, a segunda.
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Como referenciar
Porto Editora – Jean-François Champollion na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-11 16:15:14]. Disponível em
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