5 min
José Carlos Fernandes
Engenheiro do ambiente, ilustrador e autor de banda desenhada, José Carlos Madeira Neto Fernandes nasceu em Loulé, a 16 de outubro de 1964.
O mais produtivo autor de BD português das últimas décadas só começou a desenhar depois dos 25 anos, não tendo nenhuma formação artística.
Uma vez licenciado em Engenharia do Ambiente, esteve como assistente de Botânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e fez investigação em metais pesados, antes de ir para o Parque Natural da Ria Formosa, onde trabalhou durante dez anos (1989-1999).
Realiza desde sempre banda desenhada para si, sem se preocupar com a sua publicação, tendo começado em finais de 1989, quando fez uma BD satírica para um Fanzine temático sobre autores clássicos, a propósito de Alix, de Jacques Martin.
Durante cerca de quatro anos foi publicando diversas histórias em Fanzines de Lisboa e do Porto, até que em 1993 surgiu a edição do seu primeiro livro, Controle Remoto.
Nos três anos que se seguiram, é verdadeiramente espantoso o número das suas histórias que entretanto foram editadas: A Lâmina Fria da Lua (Associação Neuromanso/Associação Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto, 1994), Irrealidades Quotidianas (edição do autor, 1994), Abaixo de Cão (Pedranocharco, 1996), Um Catálogo de Sonhos (Pedranocharco, 1996), O Futuro Fora de Prazo (Associação Jogo de Imagens, 1996), Coração de Arame (Parque Natural da Ria Formosa, 1997), Alguém Desarruma Estas Rosas e outras histórias (Pedranocharco, 1997), As Aventuras do Barão Wrangel - uma autobiografia (Pedranocharco, 1997), A Máquina de Prever o Futuro de José Frotz (Associação Jogo de Imagens, 1997), Época Morta e (À Suivre) (Edições Polvo, 1997) e Avaria (Casa da Cultura de Loulé, 1997).
Esta lista é um bom reflexo de todo o seu potencial criativo, tanto ao nível do texto como do desenho, a que se acrescenta uma colaboração fecunda com diversos periódicos e a participação nos álbuns coletivos Entroncamento de BD's (Notícias do Entroncamento, 1996) e Histórias Negras 2 (Associação Jogo de Imagens).
Em 1997 realiza-se a sua primeira grande exposição, durante o IX Salão Internacional de BD do Porto (SIBDP), onde a sua produção vasta e diversificada teve direito a ser exibida segundo diferentes personalidades em torno de um mesmo autor.
Para a associação que realizava o Salão, a ASIBDP, fez Sem Ressentimentos (1997), Satélites (1997), Estilhaços (1998) e Sob um Mar de Estanho (1999), todos títulos da Coleção "Quadradinho", um pequeno formato que marcou uma época e que abriu a porta para autores que entretanto se tornaram consagrados.
José Carlos Fernandes foi um dos autores presentes na exposição "Perdidos no Oceano", que constituiu a representação de Portugal enquanto país convidado no 25. º Festival Internacional de Angoulême, em janeiro de 1998.
Em 2000 realizou-se uma grande exposição retrospetiva, Intuições - José Carlos Fernandes, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, de que se editou o respetivo catálogo e o livro José Carlos Fernandes - Estórias no Quotidiano, primeiro título da Coleção "Entre Nós - Entrevistas a Autores de BD", que corresponde a uma longa entrevista concedida a Carlos Pessoa e a Víctor Quelhas.
Nesse ano (2000), foi contemplado com uma Bolsa de Criação Literária na categoria de BD, para a realização do segundo volume da série A Pior Banda do Mundo, O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, projeto que já acalentava desde 1998, concretizando várias histórias e trabalhos durante o ano em que recebeu a Bolsa, normalmente destinada para apenas uma.
Inicialmente falada para ser editada pela Meribérica/Liber, esta série surgiu em 2002 sob a chancela da Devir que, fruto das representações no Brasil e em Espanha, editou a obra nestes dois países, tendo saído também em França e nos EUA.
Este é o seu trabalho de maior envergadura, que corresponde a diversas pequenas histórias de duas páginas (auto-conclusivas), cuja leitura não é forçosamente sequencial e que tem como pano de fundo uma cidade imaginária onde existe uma banda de Jazz, cujo trabalho piora de ensaio para ensaio. Depois de apresentar os músicos de A Pior Banda, José Carlos foi dando a conhecer outros habitantes dessa cidade, cuja galeria de personagens tão invulgares e divertidas não para de crescer. A Pior Banda do Mundo teve algumas páginas publicadas nas revistas Pública (2001) e Comix (2002).
Ainda em 2000 e para além de trabalhar no terceiro volume de A Pior Banda do Mundo (entretanto já editado), José Carlos Fernandes realizou diversos desenhos para um site da editora belga La Cafetière, "People Who Wear Helicopter Hats", que resultaram no livro Pessoas que Usam Bonés-com-Hélice (Edições ASA, 2003).
Entre 1998 e 2002 a edição da sua obra ficou marcada por títulos como Daqui a Pouco (Edições BaleiAzul, 1998), A Revolução Interior - À Procura do 25 de abril (Edições Afrontamento/Centro de Documentação 25 de abril da Universidade de Coimbra, 2000), este em coautoria com João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras, Um Passeio ao Outro Lado da Noite e Francisco e o Rei de Simesmo (ambos para o Centro Regional de Alcoologia do Centro, em 2001 e em 2002). Por ocasião do 25.º aniversário da revolução dos cravos, participou na exposição itinerante "Uma Revolução Desenhada: o 25 de abril e a BD", para a qual, realizou uma curta história baseada na revolução, o mesmo sucedendo a outros autores portugueses que também participaram nesta obra coletiva, de que resultou um notável livro/catálogo (da Bedeteca de Lisboa/Edições Afrontamento, 1999).
Em 2003 foi o responsável pelo cartaz do XIV Festival Internacional de BD da Amadora, depois de já ter feito na edição de 1997, anos que corresponderam a exposições do autor no maior certame nacional dedicado à BD.
As suas BD denotam profundas influências literárias, como é o caso de Jorge Luis Borges, mas também musicais, sendo José Carlos Fernandes um apreciador de música tão variada como a Clássica, o Rock & Roll e o Jazz, tendo estado ligado a uma banda de garagem, os Dead City Radio, onde era o baterista e para a qual escreveu letras. Por outro lado, o seu trabalho retrata com raro humor as mais diversas situações do quotidiano ou do sonho, com A Pior Banda a tornar-se num marco incontornável na sua carreira e na própria História da BD em Portugal, cujas ramificações se notam pela internacionalização da sua obra, mas também pelo interesse manifestado com a reedição de diversos títulos dos seus primeiros tempos.
Já recebeu várias distinções, como: o Troféu "Vinheta" Para a Melhor BD não Publicada em Álbum (em 1995), Melhor Álbum Português no site Central Comics (em 2002) e Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" Para o Melhor Álbum Português no Festival da Amadora (O Quiosque da Utopia, em 2002 e O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, em 2003), para além do Primeiro Prémio nos Concursos de BD "Rafael Bordalo Pinheiro" (1991, 1993 e 1995), de Matosinhos e de Orense (Espanha), ambos em 1995.
Em termos de Ilustração, é presença assídua na página Geração de 70 do Diário de Notícias, às terças-feiras, tendo também colaborado com algumas dezenas de Fanzines, jornais e revistas, destacando-se "O que está escrito nas estrelas" (série de ilustrações apresentadas na II série de Seleções BD), e ilustrado um livro do escritor catalão Pep Torres. Realizou também trabalhos para o Parque Natural da Ria Formosa, Câmara Municipal de Loulé, Instituto Português da Juventude (Faro), entre outras instituições. Um dos seus trabalhos mais originais no domínio da Ilustração é Crossroads (BaleiAzul, 1999), com desenhos realizados antes do texto, que surgiu depois de João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras terem dado unidade a elementos inicialmente dispersos.
O mais produtivo autor de BD português das últimas décadas só começou a desenhar depois dos 25 anos, não tendo nenhuma formação artística.
Uma vez licenciado em Engenharia do Ambiente, esteve como assistente de Botânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e fez investigação em metais pesados, antes de ir para o Parque Natural da Ria Formosa, onde trabalhou durante dez anos (1989-1999).
Realiza desde sempre banda desenhada para si, sem se preocupar com a sua publicação, tendo começado em finais de 1989, quando fez uma BD satírica para um Fanzine temático sobre autores clássicos, a propósito de Alix, de Jacques Martin.
Durante cerca de quatro anos foi publicando diversas histórias em Fanzines de Lisboa e do Porto, até que em 1993 surgiu a edição do seu primeiro livro, Controle Remoto.
Nos três anos que se seguiram, é verdadeiramente espantoso o número das suas histórias que entretanto foram editadas: A Lâmina Fria da Lua (Associação Neuromanso/Associação Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto, 1994), Irrealidades Quotidianas (edição do autor, 1994), Abaixo de Cão (Pedranocharco, 1996), Um Catálogo de Sonhos (Pedranocharco, 1996), O Futuro Fora de Prazo (Associação Jogo de Imagens, 1996), Coração de Arame (Parque Natural da Ria Formosa, 1997), Alguém Desarruma Estas Rosas e outras histórias (Pedranocharco, 1997), As Aventuras do Barão Wrangel - uma autobiografia (Pedranocharco, 1997), A Máquina de Prever o Futuro de José Frotz (Associação Jogo de Imagens, 1997), Época Morta e (À Suivre) (Edições Polvo, 1997) e Avaria (Casa da Cultura de Loulé, 1997).
Esta lista é um bom reflexo de todo o seu potencial criativo, tanto ao nível do texto como do desenho, a que se acrescenta uma colaboração fecunda com diversos periódicos e a participação nos álbuns coletivos Entroncamento de BD's (Notícias do Entroncamento, 1996) e Histórias Negras 2 (Associação Jogo de Imagens).
Em 1997 realiza-se a sua primeira grande exposição, durante o IX Salão Internacional de BD do Porto (SIBDP), onde a sua produção vasta e diversificada teve direito a ser exibida segundo diferentes personalidades em torno de um mesmo autor.
Para a associação que realizava o Salão, a ASIBDP, fez Sem Ressentimentos (1997), Satélites (1997), Estilhaços (1998) e Sob um Mar de Estanho (1999), todos títulos da Coleção "Quadradinho", um pequeno formato que marcou uma época e que abriu a porta para autores que entretanto se tornaram consagrados.
José Carlos Fernandes foi um dos autores presentes na exposição "Perdidos no Oceano", que constituiu a representação de Portugal enquanto país convidado no 25. º Festival Internacional de Angoulême, em janeiro de 1998.
Em 2000 realizou-se uma grande exposição retrospetiva, Intuições - José Carlos Fernandes, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, de que se editou o respetivo catálogo e o livro José Carlos Fernandes - Estórias no Quotidiano, primeiro título da Coleção "Entre Nós - Entrevistas a Autores de BD", que corresponde a uma longa entrevista concedida a Carlos Pessoa e a Víctor Quelhas.
Nesse ano (2000), foi contemplado com uma Bolsa de Criação Literária na categoria de BD, para a realização do segundo volume da série A Pior Banda do Mundo, O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, projeto que já acalentava desde 1998, concretizando várias histórias e trabalhos durante o ano em que recebeu a Bolsa, normalmente destinada para apenas uma.
Inicialmente falada para ser editada pela Meribérica/Liber, esta série surgiu em 2002 sob a chancela da Devir que, fruto das representações no Brasil e em Espanha, editou a obra nestes dois países, tendo saído também em França e nos EUA.
Este é o seu trabalho de maior envergadura, que corresponde a diversas pequenas histórias de duas páginas (auto-conclusivas), cuja leitura não é forçosamente sequencial e que tem como pano de fundo uma cidade imaginária onde existe uma banda de Jazz, cujo trabalho piora de ensaio para ensaio. Depois de apresentar os músicos de A Pior Banda, José Carlos foi dando a conhecer outros habitantes dessa cidade, cuja galeria de personagens tão invulgares e divertidas não para de crescer. A Pior Banda do Mundo teve algumas páginas publicadas nas revistas Pública (2001) e Comix (2002).
Ainda em 2000 e para além de trabalhar no terceiro volume de A Pior Banda do Mundo (entretanto já editado), José Carlos Fernandes realizou diversos desenhos para um site da editora belga La Cafetière, "People Who Wear Helicopter Hats", que resultaram no livro Pessoas que Usam Bonés-com-Hélice (Edições ASA, 2003).
Entre 1998 e 2002 a edição da sua obra ficou marcada por títulos como Daqui a Pouco (Edições BaleiAzul, 1998), A Revolução Interior - À Procura do 25 de abril (Edições Afrontamento/Centro de Documentação 25 de abril da Universidade de Coimbra, 2000), este em coautoria com João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras, Um Passeio ao Outro Lado da Noite e Francisco e o Rei de Simesmo (ambos para o Centro Regional de Alcoologia do Centro, em 2001 e em 2002). Por ocasião do 25.º aniversário da revolução dos cravos, participou na exposição itinerante "Uma Revolução Desenhada: o 25 de abril e a BD", para a qual, realizou uma curta história baseada na revolução, o mesmo sucedendo a outros autores portugueses que também participaram nesta obra coletiva, de que resultou um notável livro/catálogo (da Bedeteca de Lisboa/Edições Afrontamento, 1999).
Em 2003 foi o responsável pelo cartaz do XIV Festival Internacional de BD da Amadora, depois de já ter feito na edição de 1997, anos que corresponderam a exposições do autor no maior certame nacional dedicado à BD.
As suas BD denotam profundas influências literárias, como é o caso de Jorge Luis Borges, mas também musicais, sendo José Carlos Fernandes um apreciador de música tão variada como a Clássica, o Rock & Roll e o Jazz, tendo estado ligado a uma banda de garagem, os Dead City Radio, onde era o baterista e para a qual escreveu letras. Por outro lado, o seu trabalho retrata com raro humor as mais diversas situações do quotidiano ou do sonho, com A Pior Banda a tornar-se num marco incontornável na sua carreira e na própria História da BD em Portugal, cujas ramificações se notam pela internacionalização da sua obra, mas também pelo interesse manifestado com a reedição de diversos títulos dos seus primeiros tempos.
Já recebeu várias distinções, como: o Troféu "Vinheta" Para a Melhor BD não Publicada em Álbum (em 1995), Melhor Álbum Português no site Central Comics (em 2002) e Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" Para o Melhor Álbum Português no Festival da Amadora (O Quiosque da Utopia, em 2002 e O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante, em 2003), para além do Primeiro Prémio nos Concursos de BD "Rafael Bordalo Pinheiro" (1991, 1993 e 1995), de Matosinhos e de Orense (Espanha), ambos em 1995.
Em termos de Ilustração, é presença assídua na página Geração de 70 do Diário de Notícias, às terças-feiras, tendo também colaborado com algumas dezenas de Fanzines, jornais e revistas, destacando-se "O que está escrito nas estrelas" (série de ilustrações apresentadas na II série de Seleções BD), e ilustrado um livro do escritor catalão Pep Torres. Realizou também trabalhos para o Parque Natural da Ria Formosa, Câmara Municipal de Loulé, Instituto Português da Juventude (Faro), entre outras instituições. Um dos seus trabalhos mais originais no domínio da Ilustração é Crossroads (BaleiAzul, 1999), com desenhos realizados antes do texto, que surgiu depois de João Ramalho Santos e João Miguel Lameiras terem dado unidade a elementos inicialmente dispersos.
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Como referenciar
Porto Editora – José Carlos Fernandes na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-12 17:49:06]. Disponível em
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