4 min
José Garcês
Autor de banda desenhada (BD), ilustrador e pintor português, José dos Santos Garcês nasceu a 23 de julho de 1928, em Lisboa.
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, onde se diplomou em desenho e artes gráficas em 1946.
Aos 20 anos ingressou no então Serviço Meteorológico Nacional (depois Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, depois ainda Instituto de Meteorologia), onde trabalhou no departamento de desenho que, mais tarde, viria a chefiar. Manteve, em paralelo, outras atividades, como ilustrador do jornal O Século (1959-1973), como colaborador do artista Meco, pintando os seus bonecos de madeira, e como autor de banda desenhada para as principais revistas portuguesas.
O seu contacto com os quadradinhos veio da Escola António Arroio, onde teve como colegas José Ruy, Eugénio Silva e Carlos Roque que, como ele, se viriam a tornar nomes cimeiros da BD nacional.
Em 1944, sendo já um fiel leitor d'O Mosquito, produziu uma publicação a que deu o nome de O Melro, de sua total autoria e conceção (textos, ilustrações e BD), fazendo um único exemplar manuscrito de cada número, que depois circulava mediante aluguer. O Melro publicou-se até 1945, tendo chegado aos vinte e um números na I série (manuscrita) e somente a três na II série (impressa). Em 1946 chegou a hora de participar numa publicação profissional, a célebre revista O Mosquito (1946-1948), tendo a sua primeira história sido "O Inferno Verde". Na mesma década colaborou também com outras revistas juvenis, como Camarada (1948-1949) e O Papagaio (1948). Nas décadas seguintes as suas BD e ilustrações surgiram nas revistas Modas & Bordados (1955-1956), Lusitas (1950-1956), Cavaleiro Andante (1952-1961), Titã (1955), Fagulha (1958-1974), Camarada (II série - 1958-1965), O Falcão (I série - 1960), O Mosquito (II série - 1961), Zorro (1964), Pisca-Pisca (1968), Fungagá da Bicharada (1976-1977) e Mundo de Aventuras (II série - 1978-1980). Participou ainda na fase final da revista Tintin portuguesa (1980-1981), no Jornal da BD (1987) e na Seleções BD (II série - 2000). Das suas numerosas histórias publicadas em revistas merecem destaque "Rumo ao Oriente", que surgiu no Camarada ao longo de mais de um ano (1949-1950), que viria a surgir integralmente no 2.º volume da História da BD Publicada em Portugal (1996), e o caso particular da revista Fagulha (da Mocidade Portuguesa Feminina), que foi a publicação com que mais tempo colaborou, dezasseis anos, e para a qual mais histórias fez, cerca de sete dezenas de BD, sem contar com as curtas sequências ilustradas de carácter didático que também elaborou.
Um dos seus trabalhos mais conhecidos na BD é a Coleção "História de Portugal em BD", com textos de A. do Carmo Reis, que compreende quatro volumes editados entre 1986 e 1989 pela ASA. Com mais de dez edições na globalidade, existe ainda uma versão em francês e, em 2003, foi feita uma edição integral da coleção, num único volume em pequeno formato.
Seguindo a mesma toada histórica, surgiu o álbum Bartolomeu Dias, que também fez em coautoria com A. do Carmo Reis, de que existe uma versão em inglês, álbum que recebeu o Prémio do Centro Nacional de Cultura/Ministério da Juventude, em 1988.
Nos anos 90 do século XX continuou a produzir BD para as Edições ASA, como O Tambor/A Embaixada (em 1990), uma adaptação da obra de Júlio Dantas, pelo argumentista Jorge Magalhães), os dois volumes de Cristóvão Colombo - Agente Secreto de El-Rei D. João II (em 1992 e 1993) e D. João V, uma Vida Romântica (em 1994) - estes três álbuns com textos do historiador Mascarenhas Barreto-, Através do Deserto/O Santuário de Dudwa (em 1993) e o álbum coletivo Contos das Ilhas (em 1993).
Em 1997 saiu o álbum História do Jardim Zoológico de Lisboa em Banda Desenhada, que teve a particularidade de ter sido distribuído com o Diário de Notícias, permitindo uma tiragem considerável.
Ao nível de História Local fez a História da Guarda - Oitocentos Anos de Cidade e a História de Oliveira do Hospital - Povo Valoroso, Passado Heroico, editadas pela Âncora em 1999 e 2001, respetivamente, bem como a História do Porto em BD, para a ASA, em 2001, esta segundo texto de Luís Miguel Duarte.
A nível associativo, durante a década de 80 do século XX, foi presidente do CPBD (Clube Português de Banda Desenhada), sedeado em Lisboa, sendo um nome importante na divulgação desta arte, tendo visitado diversas escolas e ministrado cursos para alunos e professores.
Em 1990 foi convidado de honra do Festival de BD de Lucca (em Itália), que foi o primeiro certame do género no Mundo, onde se apresentou uma exposição sua sobre a "História de Portugal em BD".
Na ilustração, a área onde o seu trabalho se revela particularmente interessante é o da conceção de construções de armar em papel, tendo aos 15 anos ganho um prémio. Mais tarde fez a ponde sobre o Tejo para O Século (1966), casas portuguesas para a Editorial Scire, aviões para a TAP ou os mosteiros dos Jerónimos e da Batalha para as Edições ASA.
Como ilustrador, participou também em diversos manuais escolares, livros didáticos para a ASA, para além de colaborar com a Liga Para a Proteção da Natureza (com notáveis desenhos), o Museu Bocage, os CTT, entre outras empresas e instituições.
Sendo um especialista na ilustração de temas militares e de alabastros medievais ingleses, participou na XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura: "Os Descobrimentos Portugueses - A Europa do Renascimento", realizada em Lisboa em 1983 pelo Conselho da Europa.
Das muitas distinções que recebeu, destaque para o Troféu "O Mosquito" do CPBD, a Medalha Municipal de Mérito e Dedicação da Amadora, em 1991, e o Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" - Honra no 2.º Festival Internacional de BD da Amadora, também em 1991. O mesmo Festival organizou uma importante exposição em 2001, na Galeria Municipal Artur Bual e em 2002 foi editada uma monografia sobre o autor.
Residindo na Amadora, doou à cidade o seu espólio (desenhos e pranchas originais), que se encontram à guarda do CNBDI (Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem).
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, onde se diplomou em desenho e artes gráficas em 1946.
Aos 20 anos ingressou no então Serviço Meteorológico Nacional (depois Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, depois ainda Instituto de Meteorologia), onde trabalhou no departamento de desenho que, mais tarde, viria a chefiar. Manteve, em paralelo, outras atividades, como ilustrador do jornal O Século (1959-1973), como colaborador do artista Meco, pintando os seus bonecos de madeira, e como autor de banda desenhada para as principais revistas portuguesas.
O seu contacto com os quadradinhos veio da Escola António Arroio, onde teve como colegas José Ruy, Eugénio Silva e Carlos Roque que, como ele, se viriam a tornar nomes cimeiros da BD nacional.
Em 1944, sendo já um fiel leitor d'O Mosquito, produziu uma publicação a que deu o nome de O Melro, de sua total autoria e conceção (textos, ilustrações e BD), fazendo um único exemplar manuscrito de cada número, que depois circulava mediante aluguer. O Melro publicou-se até 1945, tendo chegado aos vinte e um números na I série (manuscrita) e somente a três na II série (impressa). Em 1946 chegou a hora de participar numa publicação profissional, a célebre revista O Mosquito (1946-1948), tendo a sua primeira história sido "O Inferno Verde". Na mesma década colaborou também com outras revistas juvenis, como Camarada (1948-1949) e O Papagaio (1948). Nas décadas seguintes as suas BD e ilustrações surgiram nas revistas Modas & Bordados (1955-1956), Lusitas (1950-1956), Cavaleiro Andante (1952-1961), Titã (1955), Fagulha (1958-1974), Camarada (II série - 1958-1965), O Falcão (I série - 1960), O Mosquito (II série - 1961), Zorro (1964), Pisca-Pisca (1968), Fungagá da Bicharada (1976-1977) e Mundo de Aventuras (II série - 1978-1980). Participou ainda na fase final da revista Tintin portuguesa (1980-1981), no Jornal da BD (1987) e na Seleções BD (II série - 2000). Das suas numerosas histórias publicadas em revistas merecem destaque "Rumo ao Oriente", que surgiu no Camarada ao longo de mais de um ano (1949-1950), que viria a surgir integralmente no 2.º volume da História da BD Publicada em Portugal (1996), e o caso particular da revista Fagulha (da Mocidade Portuguesa Feminina), que foi a publicação com que mais tempo colaborou, dezasseis anos, e para a qual mais histórias fez, cerca de sete dezenas de BD, sem contar com as curtas sequências ilustradas de carácter didático que também elaborou.
Um dos seus trabalhos mais conhecidos na BD é a Coleção "História de Portugal em BD", com textos de A. do Carmo Reis, que compreende quatro volumes editados entre 1986 e 1989 pela ASA. Com mais de dez edições na globalidade, existe ainda uma versão em francês e, em 2003, foi feita uma edição integral da coleção, num único volume em pequeno formato.
Seguindo a mesma toada histórica, surgiu o álbum Bartolomeu Dias, que também fez em coautoria com A. do Carmo Reis, de que existe uma versão em inglês, álbum que recebeu o Prémio do Centro Nacional de Cultura/Ministério da Juventude, em 1988.
Nos anos 90 do século XX continuou a produzir BD para as Edições ASA, como O Tambor/A Embaixada (em 1990), uma adaptação da obra de Júlio Dantas, pelo argumentista Jorge Magalhães), os dois volumes de Cristóvão Colombo - Agente Secreto de El-Rei D. João II (em 1992 e 1993) e D. João V, uma Vida Romântica (em 1994) - estes três álbuns com textos do historiador Mascarenhas Barreto-, Através do Deserto/O Santuário de Dudwa (em 1993) e o álbum coletivo Contos das Ilhas (em 1993).
Em 1997 saiu o álbum História do Jardim Zoológico de Lisboa em Banda Desenhada, que teve a particularidade de ter sido distribuído com o Diário de Notícias, permitindo uma tiragem considerável.
Ao nível de História Local fez a História da Guarda - Oitocentos Anos de Cidade e a História de Oliveira do Hospital - Povo Valoroso, Passado Heroico, editadas pela Âncora em 1999 e 2001, respetivamente, bem como a História do Porto em BD, para a ASA, em 2001, esta segundo texto de Luís Miguel Duarte.
A nível associativo, durante a década de 80 do século XX, foi presidente do CPBD (Clube Português de Banda Desenhada), sedeado em Lisboa, sendo um nome importante na divulgação desta arte, tendo visitado diversas escolas e ministrado cursos para alunos e professores.
Em 1990 foi convidado de honra do Festival de BD de Lucca (em Itália), que foi o primeiro certame do género no Mundo, onde se apresentou uma exposição sua sobre a "História de Portugal em BD".
Na ilustração, a área onde o seu trabalho se revela particularmente interessante é o da conceção de construções de armar em papel, tendo aos 15 anos ganho um prémio. Mais tarde fez a ponde sobre o Tejo para O Século (1966), casas portuguesas para a Editorial Scire, aviões para a TAP ou os mosteiros dos Jerónimos e da Batalha para as Edições ASA.
Como ilustrador, participou também em diversos manuais escolares, livros didáticos para a ASA, para além de colaborar com a Liga Para a Proteção da Natureza (com notáveis desenhos), o Museu Bocage, os CTT, entre outras empresas e instituições.
Sendo um especialista na ilustração de temas militares e de alabastros medievais ingleses, participou na XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura: "Os Descobrimentos Portugueses - A Europa do Renascimento", realizada em Lisboa em 1983 pelo Conselho da Europa.
Das muitas distinções que recebeu, destaque para o Troféu "O Mosquito" do CPBD, a Medalha Municipal de Mérito e Dedicação da Amadora, em 1991, e o Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" - Honra no 2.º Festival Internacional de BD da Amadora, também em 1991. O mesmo Festival organizou uma importante exposição em 2001, na Galeria Municipal Artur Bual e em 2002 foi editada uma monografia sobre o autor.
Residindo na Amadora, doou à cidade o seu espólio (desenhos e pranchas originais), que se encontram à guarda do CNBDI (Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem).
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Como referenciar
Porto Editora – José Garcês na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-12 16:43:19]. Disponível em
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