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Jugoslávia de Tito
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Em abril de 1941 Hitler invadiu a Jugoslávia, depois do rei Pedro II, na sequência de um golpe de Estado, ter anulado a adesão de março desse mesmo ano ao pacto tripartido.

Em julho Tito passou a liderar a Armada Popular de Libertação da Jugoslávia, contra a invasão nazi.
Este movimento foi desapiedadamente reprimido, com fuzilamentos, torturas e incêndios. Somente em 1945 foram expulsos os invasores, unicamente por ação da guerrilha da Armada Popular.

Proclamada a república, depois do afastamento do rei Pedro II, Tito tornou-se Ministro dos Negócios Estrangeiros da República Popular Federal da Jugoslávia e chefiou o governo, concentrando em si todos os poderes. Recusando-se a seguir a política soviética, iniciou-se em 1948 um conflito com Estaline, que teve como consequência a expulsão da Jugoslávia do bloco soviético e aproximação desta às potências ocidentais (que a apoiaram militar e financeiramente).

Algumas das razões para este corte foram a política própria, bastante independente da de Moscovo, que Tito se permitiu seguir, uma vez que a independência jugoslava foi conseguida sem o apoio soviético, além de projetar uma federação balcânica com a Bulgária e apoiar a guerrilha comunista grega. Em 1947, contudo, o Kominform (Comité Internacional de Informação instituído pelos países comunistas) estabeleceu o seu quartel-general em Belgrado.

No seguinte ano as relações entre a Jugoslávia e a URSS cessaram definitivamente, depois de Tito não ter respeitado a advertência de Estaline ao levar adiante um governo que não se pautava pelas diretivas moscovitas e praticar uma política internacional sem o aval estalinista. Assim, foram retirados os instrutores militares e conselheiros soviéticos da Jugoslávia e suspenso o contrato de comércio previsto para 1948, tendo, por seu lado, Tito julgado e condenado como espiões os aliados de Moscovo que se encontravam na Jugoslávia. O governo de Tito foi condenado como "inimigo jurado da União Soviética", tendo a invasão soviética à Jugoslávia sido contida através da ajuda económica dos países ocidentais.

Presidente da Federação em 1953 e presidente vitalício em 1963, regeu a Jugoslávia segundo os preceitos comunistas, melhorando a qualidade dos serviços e a justiça social, conseguindo igualmente uma coesão nacional pelo equilíbrio entre os grupos nacionais que se antagonizavam. Em 1961 criou o Movimentos dos Países Não Alinhados (cujo nome se justifica por os seus membros não integrarem nem o Pacto de Varsóvia nem a NATO), que integrou o primeiro-ministro indiano, Jawaharlal Nehru, e o chefe egípcio Gamal Abder Nasser.

Após a sua morte, a 4 de maio de 1980, em Liubljana, na Eslovénia, a federação jugoslava entrou num processo de desagregação nacional, apesar da Sérvia, a maior das nacionalidades jugoslavas e politicamente mais forte, se ter oposto tenazmente. De facto, o seu líder, Slobodan Milosevic, não aceitou a dissolução progressiva da federação, lutando pela imposição de uma "Grande Sérvia", particularmente na Bósnia-Herzegovina, onde a comunidade sérvia se envolveu num sangrento conflito com as comunidades croata e muçulmana, numa dantesca espiral de atropelos dos direitos humanos, através de massacres e tentativas de genocídio. Longe estava já o sonho unificador de Tito e da Jugoslávia pelo seu "próprio caminho".
 

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Porto Editora – Jugoslávia de Tito na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-28 19:46:47]. Disponível em
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