Lamego
Aspetos Geográficos
Cidade e sede de concelho do distrito de Viseu, Lamego ocupa uma área de 165,5 km2 e abrange 24 freguesias: Almacave; Avões; Bigorne; Britiande; Cambres; Cepões; Ferreirim; Ferreiros de Avões; Figueira; Lalim; Lazarim; Magueija; Meijinhos; Melcões; Parada do Bispo; Penajóia; Penude; Pretarouca; Samodães; Sande; Sé; Valdigem; Várzea de Abrunhais e Vila Nova de Souto d'El-Rei.
Este concelho apresentava, em 2021, um total de 24 348 habitantes.
O natural ou habitante de Lamego denomina-se lamecense.
O concelho encontra-se limitado a norte pelo rio Douro, que lhe serve, por sua vez, de fronteira com Peso da Régua, do distrito de Vila Real, a oeste por Resende, a sul por Castro Daire e Tarouca e a este por Armamar.
Possui um clima marítimo de transição e/ou de climas diferenciados, consoante a disposição topográfica e o gradiente térmico as temperaturas são mais elevadas nas áreas de menor altitude, assim como é mais chuvoso nos lugares cujas vertentes estão voltadas a poente.
A sua morfologia é acidentada, destacando-se como áreas de maior altitude a serra do Poio (1071 m), Fonte da Mesa (1122 m) e Meijinhos (976 m).
Como recursos hídricos, possui o rio Cabril, o rio Varosa, o rio Balsemão e o rio Douro.
História e Monumentos
A génese e história deste concelho parece estarem ligadas aos Celtas, dado que seria já uma povoação importante no século IV a. C. Em 569, as terras foram ocupadas pelos Suevos e sabe-se que, no primeiro quartel do século VII, o rei visigodo Sisebuto já nelas cunhava moeda.
Durante quatro séculos Lamego foi reconquistada, sucessivamente, pelos Cristãos e pelos Árabes. Durante a ocupação árabe foi sede de um valiato de fronteira e a 29 de novembro de 1057 as terras foram reconquistadas definitivamente por Fernão Magno.
Em 1071, com a restauração da diocese de Lamego, passam a existir alcaides, um dos quais foi Egas Moniz, que empreendeu o repovoamento do Ribadouro. Foi concedida a Lamego a carta de couto por D. Sancho I, em 1191.
Até ao século XVI, no reinado de D. Dinis, as suas terras conheceram um grande desenvolvimento, contudo, com os nobres conheceram o declínio, reduzindo-se a uma aldeia de 1500 habitantes.
Em julho de 1555, D. Manuel concedeu novo foral a Lamego, após o qual a povoação começou, de novo, a desenvolver-se.
Posteriormente, foi alvo de uma reforma liberal.
Ao nível do património arquitetónico, destacam-se a Capela de Nossa Senhora da Esperança, fundada em 1586 pelo padre Francisco Gonçalves, cujo interior é decorado com azulejos e talha do século XVIII, existindo aí uma preciosa escultura em pedra ançã de Nossa Senhora da Esperança (século XVI). A Capela de Nossa Senhora dos Meninos foi mandada edificar pelo bispo de Lamego, D. Manuel de Noronha, em 1555. O interior foi azulejado e enriquecido de talha e ensamblamento nos séculos XVII e XVIII. As grades de pau-preto são da autoria do ensamblador lamecense Manuel de Sousa.
Destaca-se ainda a Capela de São Pedro de Balsemão, que é um templo suevo-bizantino do século VII, único no país. Nos séculos XVII e XVIII, as obras de remodelação alteraram a sua feição primitiva. Estrutura de três naves com capela-mor, alberga no seu interior duas peças notáveis: o túmulo do bispo D. Afonso Pires (século XIV) e Nossa Senhora do Ó (escultura em pedra de ançã do século XIV).
A Capela do Espírito Santo é do século XVI, tendo sido também fundada pelo bispo de Lamego, D. Manuel de Noronha. No exterior, encontra-se o brasão do bispo fundador, cravado no cunhal do lado esquerdo.
O Castelo de Lamego é uma construção do século XII, onde se salienta a alcáçova com a torre de menagem e as duas portas (Porta do Fogo e Porta do Sol), definindo estas a estrutura da muralha do primitivo burgo. A cisterna é uma esplêndida construção de silharia retangular, unida, siglada, abobadada e com a volta das ogivas sustentada por cintas grossas que se estribam em pilares, o que lhe dá o aspeto de uma catedral da época. A Igreja de Santa era um mosteiro do século XVII, que pertenceu aos frades loios ou cónegos de S. João Batista - foi o mais importante de Lamego durante o século XVIII. O seu interior possui ricos pormenores de arte dos séculos XVII e XVIII e uma valiosa decoração de azulejaria atribuída à família Bernardes. De realce, os túmulos de dois ilustres lamecenses: o bispo D. João de Brito de Vasconcelos e D. Manuel Pinto da Fonseca.
A Igreja de Santa Maria de Almacave é um templo de construção românica, da segunda metade do século XII. Conserva da fundação primitiva o portal românico, com três arquivoltas e faixa axadrezada, as portas laterais e os lintéis. O seu interior foi profundamente alterado no século XVIII e enriquecido com azulejos e talha dourada nos altares. Merece especial atenção pela tradição das primeiras Cortes de Portugal, que aí se terão realizado nos primeiros tempos da nacionalidade.
A Igreja de Santo António, cujos fundadores foram os últimos condes de Marialva. A escritura da doação do terreno necessária para a construção data de 1425. A torre é anterior, do fim do século XIV. A porta principal, se bem que construída no reinado de D. João III, pertence ao ciclo quinhentista do gótico naturalístico.
A Igreja do Desterro, fundada em 1640, pelo bailio de Leça, D. Frei Luís de Távora, transformou a primitiva ermida aí existente. O interior é revestido a talha do século XVIII, obra dos mestres entalhadores lamecenses Manuel Martins, Manuel de Gouveia e Manuel Machado. As pinturas existentes no corpo da capela representam a Anunciação, Adoração dos Reis Magos, Adoração dos Pastores e Apresentação no Templo.
Finalmente, a Sé Catedral de Lamego, um edifício do século XIII, românico, marcado por alterações efetuadas nos séculos XVI e XVIII. Destaca-se a fachada manuelina onde se conjugam elementos do gótico flamejante e do renascimento, o claustro renascentista e a linguagem decorativa barroca de Nicolau Nasoni (século XVIII).
Tradições, Lendas e Curiosidades
Das manifestações populares e culturais são de destacar, a 8 de setembro o feriado municipal, a festa de Nossa Senhora dos Aflitos, no primeiro domingo de julho, a festa da Senhora do Amparo, no segundo domingo de julho, a de Nossa Senhora dos Meninos, no terceiro domingo de setembro, a de S. João, a 24 de junho, a romaria de Portugal/Nossa Senhora dos Remédios, entre 22 de agosto e 9 de setembro, a festa de S. Lázaro, 15 dias antes da Páscoa, e a de S. Pedro de Balsemão, a 29 de junho.
No artesanato, merecem referência: os meiotes de lã de ovelha, os tamancos de pau, as coroças e as polainas de junco.
Como instalação cultural, destaca-se o Museu de Lamego, fundado em 1917, sediado num magnífico edifício do século XVIII e que foi Paço dos Bispos de Lamego. Este museu expõe uma coleção importante de tapeçaria flamenga do século XVI, pintura dos séculos XVI a XVIII, com maior relevo para o mestre Vasco Fernandes (Grão-Vasco), escultura, mobiliário, cerâmica, paramentaria, arqueologia, azulejaria, ourivesaria, talha dourada (séculos XVII e XVIII) e uma magnífica coleção de arte sacra nas quatro capelas do Convento das Chagas.
Como personalidades naturais do concelho são de referir Fernando Martins de Carvalho (1872-1946), jurista, o visconde Guedes Teixeira, que foi o presidente do município e projetou o novo Hospital de Lamego, e o arquiteto Augusto de Matos Cid, que elaborou vários projetos para edifícios de Lamego, nomeadamente o mercado, no século XIX.
Economia
No concelho predominam as atividades ligadas ao setor terciário, seguindo-se os setores secundário, na área da indústria de carnes (presunto), móveis e madeiras, e o primário, relativamente próximos.
No que se refere à atividade agrícola, destacam-se os cultivos de cereais para grão, horta familiar, frutos frescos, olival, vinha, prados e pastagens permanentes. A pecuária tem também alguma importância, nomeadamente na criação de ovinos, coelhos e aves. Cerca de 19% (940 ha) do seu território encontra-se coberto de floresta.
Cidade e sede de concelho do distrito de Viseu, Lamego ocupa uma área de 165,5 km2 e abrange 24 freguesias: Almacave; Avões; Bigorne; Britiande; Cambres; Cepões; Ferreirim; Ferreiros de Avões; Figueira; Lalim; Lazarim; Magueija; Meijinhos; Melcões; Parada do Bispo; Penajóia; Penude; Pretarouca; Samodães; Sande; Sé; Valdigem; Várzea de Abrunhais e Vila Nova de Souto d'El-Rei.
Este concelho apresentava, em 2021, um total de 24 348 habitantes.
O natural ou habitante de Lamego denomina-se lamecense.
O concelho encontra-se limitado a norte pelo rio Douro, que lhe serve, por sua vez, de fronteira com Peso da Régua, do distrito de Vila Real, a oeste por Resende, a sul por Castro Daire e Tarouca e a este por Armamar.
Possui um clima marítimo de transição e/ou de climas diferenciados, consoante a disposição topográfica e o gradiente térmico as temperaturas são mais elevadas nas áreas de menor altitude, assim como é mais chuvoso nos lugares cujas vertentes estão voltadas a poente.
A sua morfologia é acidentada, destacando-se como áreas de maior altitude a serra do Poio (1071 m), Fonte da Mesa (1122 m) e Meijinhos (976 m).
Como recursos hídricos, possui o rio Cabril, o rio Varosa, o rio Balsemão e o rio Douro.
História e Monumentos
A génese e história deste concelho parece estarem ligadas aos Celtas, dado que seria já uma povoação importante no século IV a. C. Em 569, as terras foram ocupadas pelos Suevos e sabe-se que, no primeiro quartel do século VII, o rei visigodo Sisebuto já nelas cunhava moeda.
Durante quatro séculos Lamego foi reconquistada, sucessivamente, pelos Cristãos e pelos Árabes. Durante a ocupação árabe foi sede de um valiato de fronteira e a 29 de novembro de 1057 as terras foram reconquistadas definitivamente por Fernão Magno.
Em 1071, com a restauração da diocese de Lamego, passam a existir alcaides, um dos quais foi Egas Moniz, que empreendeu o repovoamento do Ribadouro. Foi concedida a Lamego a carta de couto por D. Sancho I, em 1191.
Até ao século XVI, no reinado de D. Dinis, as suas terras conheceram um grande desenvolvimento, contudo, com os nobres conheceram o declínio, reduzindo-se a uma aldeia de 1500 habitantes.
Em julho de 1555, D. Manuel concedeu novo foral a Lamego, após o qual a povoação começou, de novo, a desenvolver-se.
Posteriormente, foi alvo de uma reforma liberal.
Ao nível do património arquitetónico, destacam-se a Capela de Nossa Senhora da Esperança, fundada em 1586 pelo padre Francisco Gonçalves, cujo interior é decorado com azulejos e talha do século XVIII, existindo aí uma preciosa escultura em pedra ançã de Nossa Senhora da Esperança (século XVI). A Capela de Nossa Senhora dos Meninos foi mandada edificar pelo bispo de Lamego, D. Manuel de Noronha, em 1555. O interior foi azulejado e enriquecido de talha e ensamblamento nos séculos XVII e XVIII. As grades de pau-preto são da autoria do ensamblador lamecense Manuel de Sousa.
Destaca-se ainda a Capela de São Pedro de Balsemão, que é um templo suevo-bizantino do século VII, único no país. Nos séculos XVII e XVIII, as obras de remodelação alteraram a sua feição primitiva. Estrutura de três naves com capela-mor, alberga no seu interior duas peças notáveis: o túmulo do bispo D. Afonso Pires (século XIV) e Nossa Senhora do Ó (escultura em pedra de ançã do século XIV).
A Capela do Espírito Santo é do século XVI, tendo sido também fundada pelo bispo de Lamego, D. Manuel de Noronha. No exterior, encontra-se o brasão do bispo fundador, cravado no cunhal do lado esquerdo.
O Castelo de Lamego é uma construção do século XII, onde se salienta a alcáçova com a torre de menagem e as duas portas (Porta do Fogo e Porta do Sol), definindo estas a estrutura da muralha do primitivo burgo. A cisterna é uma esplêndida construção de silharia retangular, unida, siglada, abobadada e com a volta das ogivas sustentada por cintas grossas que se estribam em pilares, o que lhe dá o aspeto de uma catedral da época. A Igreja de Santa era um mosteiro do século XVII, que pertenceu aos frades loios ou cónegos de S. João Batista - foi o mais importante de Lamego durante o século XVIII. O seu interior possui ricos pormenores de arte dos séculos XVII e XVIII e uma valiosa decoração de azulejaria atribuída à família Bernardes. De realce, os túmulos de dois ilustres lamecenses: o bispo D. João de Brito de Vasconcelos e D. Manuel Pinto da Fonseca.
A Igreja de Santa Maria de Almacave é um templo de construção românica, da segunda metade do século XII. Conserva da fundação primitiva o portal românico, com três arquivoltas e faixa axadrezada, as portas laterais e os lintéis. O seu interior foi profundamente alterado no século XVIII e enriquecido com azulejos e talha dourada nos altares. Merece especial atenção pela tradição das primeiras Cortes de Portugal, que aí se terão realizado nos primeiros tempos da nacionalidade.
A Igreja de Santo António, cujos fundadores foram os últimos condes de Marialva. A escritura da doação do terreno necessária para a construção data de 1425. A torre é anterior, do fim do século XIV. A porta principal, se bem que construída no reinado de D. João III, pertence ao ciclo quinhentista do gótico naturalístico.
A Igreja do Desterro, fundada em 1640, pelo bailio de Leça, D. Frei Luís de Távora, transformou a primitiva ermida aí existente. O interior é revestido a talha do século XVIII, obra dos mestres entalhadores lamecenses Manuel Martins, Manuel de Gouveia e Manuel Machado. As pinturas existentes no corpo da capela representam a Anunciação, Adoração dos Reis Magos, Adoração dos Pastores e Apresentação no Templo.
Finalmente, a Sé Catedral de Lamego, um edifício do século XIII, românico, marcado por alterações efetuadas nos séculos XVI e XVIII. Destaca-se a fachada manuelina onde se conjugam elementos do gótico flamejante e do renascimento, o claustro renascentista e a linguagem decorativa barroca de Nicolau Nasoni (século XVIII).
Das manifestações populares e culturais são de destacar, a 8 de setembro o feriado municipal, a festa de Nossa Senhora dos Aflitos, no primeiro domingo de julho, a festa da Senhora do Amparo, no segundo domingo de julho, a de Nossa Senhora dos Meninos, no terceiro domingo de setembro, a de S. João, a 24 de junho, a romaria de Portugal/Nossa Senhora dos Remédios, entre 22 de agosto e 9 de setembro, a festa de S. Lázaro, 15 dias antes da Páscoa, e a de S. Pedro de Balsemão, a 29 de junho.
No artesanato, merecem referência: os meiotes de lã de ovelha, os tamancos de pau, as coroças e as polainas de junco.
Como instalação cultural, destaca-se o Museu de Lamego, fundado em 1917, sediado num magnífico edifício do século XVIII e que foi Paço dos Bispos de Lamego. Este museu expõe uma coleção importante de tapeçaria flamenga do século XVI, pintura dos séculos XVI a XVIII, com maior relevo para o mestre Vasco Fernandes (Grão-Vasco), escultura, mobiliário, cerâmica, paramentaria, arqueologia, azulejaria, ourivesaria, talha dourada (séculos XVII e XVIII) e uma magnífica coleção de arte sacra nas quatro capelas do Convento das Chagas.
Como personalidades naturais do concelho são de referir Fernando Martins de Carvalho (1872-1946), jurista, o visconde Guedes Teixeira, que foi o presidente do município e projetou o novo Hospital de Lamego, e o arquiteto Augusto de Matos Cid, que elaborou vários projetos para edifícios de Lamego, nomeadamente o mercado, no século XIX.
Economia
No concelho predominam as atividades ligadas ao setor terciário, seguindo-se os setores secundário, na área da indústria de carnes (presunto), móveis e madeiras, e o primário, relativamente próximos.
No que se refere à atividade agrícola, destacam-se os cultivos de cereais para grão, horta familiar, frutos frescos, olival, vinha, prados e pastagens permanentes. A pecuária tem também alguma importância, nomeadamente na criação de ovinos, coelhos e aves. Cerca de 19% (940 ha) do seu território encontra-se coberto de floresta.
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Como referenciar
Porto Editora – Lamego na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-06 23:18:54]. Disponível em
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