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Loulé
Aspetos Geográficos
O concelho de Loulé, do distrito de Faro, localiza-se no Algarve (NUT II e NUT III). É limitado a oeste por Silves e Albufeira, a este por S. Brás de Alportel, Alcoutim e Tavira, a norte por Almodôvar (distrito de Beja), a sul e sudeste por Faro e a sudoeste pelo Oceano Atlântico. Ocupa uma superfície de 765 km2, distribuída por 11 freguesias: Almansil, Alte, Ameixial, Boliqueime, Quarteira, Querença, Salir, São Clemente, São Sebastião, Benafim e Tôr.
Em 2021, o concelho de Loulé tinha 72 373 habitantes.
O natural ou habitante de Loulé denomina-se louletano.
Apresenta um clima temperado mediterrânico, com verões quentes e secos e invernos suaves; a precipitação ocorre essencialmente no inverno e outono.
Tem como recursos hídricos a ribeira de Quarteira, a ribeira dos Moinhos, a ribeira de Algibre, a ribeira das Mercês e a ribeira de Carcava.
A nível de relevo são de destacar a serra do Caldeirão e os montes de Alfeição (324 m), Cumeada do Malhão (381 m) e Malhão (537 m).
O concelho de Loulé está integrado na área do Parque Natural da Ria Formosa, que corresponde a um sistema lagunar ao longo de 60 km, e faz parte da lista de zonas húmidas da Convenção de Ramsar. Nele existem viveiros para moluscos bivalves. A avifauna é muito rica, sendo mesmo zona de invernada de aves provenientes do Norte e Centro da Europa. Os concelhos abrangidos pelos parque são Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António.
De salientar, ainda, o Sítio Classificado da Fonte Benémola e o Sítio Classificado de Rocha da Penaque, zonas naturais que se situam no barrocal algarvio de Loulé e possuem um grande interesse geológico, paisagístico, faunístico e florístico. Podem-se, ainda, observar vestígios arqueológicos importantes. História e Monumentos
A origem de Loulé remonta ao Paleolítico Antigo e Neolítico, como comprovam achados arqueológicos. A passagem de Fenícios e Cartagineses foi registada pela fundação de feitorias na orla marítima do concelho e pelo desenvolvimento das atividades piscatória, metalúrgica e comércio.
Em meados do século II a. C., os Romanos foram responsáveis pelo desenvolvimento da indústria conserveira, da exploração mineira de cobre e ferro e da agricultura. As provas arqueológicas da passagem dos Romanos por Loulé são a ara consagrada à deusa Diana, duas pontes que atravessavam Álamo e Tôr e as necrópoles.
No século V, o concelho foi dominado pelos Suevos, Vândalos, Asdingos, Visigodos e, mais tarde, no século VIII, pelos Muçulmanos. O nome Loulé provém do árabe "Al´-Ulyã".
Em 1249, D. Afonso III, com a ajuda de D. Paio Peres Correia, cavaleiro e mestre da Ordem de Sant'Iago, conquistou o Castelo de Loulé aos Mouros e, em 1266, concedeu-lhe o primeiro foral.
Do ponto de vista arquitetónico e monumental, são de destacar:
- o Castelo de Loulé, do qual ainda subsistem alguns panos de muralhas e uma torre;
- a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, que é um edifício da segunda metade do século XVII;
- a Igreja da Graça, datada do século XIV, em estilo gótico;
- a Igreja da Misericórdia de Loulé, que é um edifício do século XVI, com um portal manuelino de tipo radiado e que alberga duas imagens do século XVI, uma delas em alabastro proveniente do antigo Convento da Graça;
- a Igreja de São Clemente, matriz de Loulé, que é datada dos séculos XIII e XVI, em estilo gótico, e que possui uma torre sineira proveniente da adaptação de um minarete muçulmano (local de chamada dos fiéis à oração), com decoração terminal barroca;
- a Igreja de São Lourenço de Almancil, datada dos séculos XVII e XVIII, em estilo barroco;
- as ruínas romanas do Cerro da Vila, que apresenta vários vestígios de ocupação, desde o século I a. C. ao século XI d. C., referentes aos períodos romano, visigótico e árabe;
- o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que data do século XVI e possui uma imagem de Nossa Senhora do século XV e azulejos do século XVII;
- o Museu Municipal de Arqueologia de Loulé, que está instalado em duas antigas dependências da Alcaidaria, que remontam ao século XIV, adossadas internamente à muralha.
Tradições, Lendas e Curiosidades
Neste concelho realizam-se algumas festas de cariz lúdico, popular e religioso, destacando-se a Batalha das Flores (no Carnaval), a Festa da Mãe Soberana (segundo domingo depois da Páscoa) e o Festival de Folclore do Algarve (setembro).
A nível de artesanato, destacam-se os trabalhos em cerâmica, olaria, cestaria, rendas e bordados, artigos em cabedal, latoaria e artigos em cobre, cortiça e louça de barro de Almansil.
Associadas ao concelho de Loulé estão algumas figuras ilustres, nomeadamente o governante Duarte Pacheco (1899-1943) e o poeta Francisco Xavier Cândido Guerreiro (1871-1953).
A Loulé pertence a lenda da moura Cássima:
Narra a história que o governador do Castelo de Loulé, perante a derrota árabe face às tropas de D. Paio, decidiu encantar as suas três filhas. Para tal, dirigiu-se a uma fonte com as filhas, fazendo-as desaparecer. Anos depois, o governador, que, entretanto, se tinha mudado para Tânger, pensando nas suas filhas, adquiriu no mercado de escravos um carpinteiro de Loulé, para que este lhe pudesse contar as novidades da sua terra. Revelando ao servo o seu segredo e quais as suas intenções, o velho mouro entregou-lhe três pães, cada um simbolizando uma das suas filhas (Zara, Lídia e Cássima). O escravo deveria levar os três pães até à fonte onde o governador tinha encantado as filhas e, na noite de S. João, devia atirar os pães lá para dentro e proferir o nome delas. Este procedimento deveria desencantá-las. Já em Loulé, o carpinteiro ia todos os dias observar a fonte, dirigindo-se, de seguida, a casa para ver os pães que tinha guardado numa arca no sótão. A sua mulher, achando estranho este comportamento, resolveu verificar o que se encontrava na arca. Ao deparar com os pães resolveu cortar um e, com surpresa, verificou que dele escorria um fio de sangue. Nesse momento, o seu marido ouviu um grito vindo da fonte. Na noite de São João, por volta da meia-noite, o carpinteiro dirigiu-se à fonte e procedeu conforme o combinado com o governador mouro. Zara e Lídia apareceram em forma de névoa, mas Cássima permanecia presa na fonte porque a mulher do carpinteiro, ao cortar o pão, lhe tinha cortado a perna direita. Sabendo do sucedido, o mouro pediu-lhe satisfações sobre o que se tinha passado. Apesar de tudo, visto que o carpinteiro tinha cumprido, dentro dos possíveis, a tarefa que lhe tinha sido destinada, acabou por recompensá-lo, doando-lhe muitas terras, incluindo aquela que tinha a fonte.
Economia
O setor terciário é, sem dúvida, o motor da economia do concelho e está relacionado com o turismo, nomeadamente o turismo balnear.
No setor primário, a área agrícola ocupa cerca de 34,2% da área do concelho, predominando o cultivo de cereais para grão, de citrinos, da vinha e de frutos secos, os prados temporários, as culturas forrageiras e o pousio. No que diz respeito à pecuária, aves, ovinos e suínos destacam-se como as principais espécies criadas.
Loulé tem uma elevada densidade florestal, da ordem de quase 50% (49,8%) da superfície agrícola útil, que corresponde a 12 216 ha, e diz respeito, essencialmente, a plantações de pinheiros mansos.
As indústrias alimentar, da construção civil e do cimento são as principais atividades do setor secundário.
O concelho de Loulé, do distrito de Faro, localiza-se no Algarve (NUT II e NUT III). É limitado a oeste por Silves e Albufeira, a este por S. Brás de Alportel, Alcoutim e Tavira, a norte por Almodôvar (distrito de Beja), a sul e sudeste por Faro e a sudoeste pelo Oceano Atlântico. Ocupa uma superfície de 765 km2, distribuída por 11 freguesias: Almansil, Alte, Ameixial, Boliqueime, Quarteira, Querença, Salir, São Clemente, São Sebastião, Benafim e Tôr.
Em 2021, o concelho de Loulé tinha 72 373 habitantes.
O natural ou habitante de Loulé denomina-se louletano.
Apresenta um clima temperado mediterrânico, com verões quentes e secos e invernos suaves; a precipitação ocorre essencialmente no inverno e outono.
Tem como recursos hídricos a ribeira de Quarteira, a ribeira dos Moinhos, a ribeira de Algibre, a ribeira das Mercês e a ribeira de Carcava.
A nível de relevo são de destacar a serra do Caldeirão e os montes de Alfeição (324 m), Cumeada do Malhão (381 m) e Malhão (537 m).
O concelho de Loulé está integrado na área do Parque Natural da Ria Formosa, que corresponde a um sistema lagunar ao longo de 60 km, e faz parte da lista de zonas húmidas da Convenção de Ramsar. Nele existem viveiros para moluscos bivalves. A avifauna é muito rica, sendo mesmo zona de invernada de aves provenientes do Norte e Centro da Europa. Os concelhos abrangidos pelos parque são Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António.
De salientar, ainda, o Sítio Classificado da Fonte Benémola e o Sítio Classificado de Rocha da Penaque, zonas naturais que se situam no barrocal algarvio de Loulé e possuem um grande interesse geológico, paisagístico, faunístico e florístico. Podem-se, ainda, observar vestígios arqueológicos importantes. História e Monumentos
A origem de Loulé remonta ao Paleolítico Antigo e Neolítico, como comprovam achados arqueológicos. A passagem de Fenícios e Cartagineses foi registada pela fundação de feitorias na orla marítima do concelho e pelo desenvolvimento das atividades piscatória, metalúrgica e comércio.
Em meados do século II a. C., os Romanos foram responsáveis pelo desenvolvimento da indústria conserveira, da exploração mineira de cobre e ferro e da agricultura. As provas arqueológicas da passagem dos Romanos por Loulé são a ara consagrada à deusa Diana, duas pontes que atravessavam Álamo e Tôr e as necrópoles.
No século V, o concelho foi dominado pelos Suevos, Vândalos, Asdingos, Visigodos e, mais tarde, no século VIII, pelos Muçulmanos. O nome Loulé provém do árabe "Al´-Ulyã".
Em 1249, D. Afonso III, com a ajuda de D. Paio Peres Correia, cavaleiro e mestre da Ordem de Sant'Iago, conquistou o Castelo de Loulé aos Mouros e, em 1266, concedeu-lhe o primeiro foral.
Do ponto de vista arquitetónico e monumental, são de destacar:
- o Castelo de Loulé, do qual ainda subsistem alguns panos de muralhas e uma torre;
- a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, que é um edifício da segunda metade do século XVII;
- a Igreja da Graça, datada do século XIV, em estilo gótico;
- a Igreja da Misericórdia de Loulé, que é um edifício do século XVI, com um portal manuelino de tipo radiado e que alberga duas imagens do século XVI, uma delas em alabastro proveniente do antigo Convento da Graça;
- a Igreja de São Clemente, matriz de Loulé, que é datada dos séculos XIII e XVI, em estilo gótico, e que possui uma torre sineira proveniente da adaptação de um minarete muçulmano (local de chamada dos fiéis à oração), com decoração terminal barroca;
- a Igreja de São Lourenço de Almancil, datada dos séculos XVII e XVIII, em estilo barroco;
- as ruínas romanas do Cerro da Vila, que apresenta vários vestígios de ocupação, desde o século I a. C. ao século XI d. C., referentes aos períodos romano, visigótico e árabe;
- o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que data do século XVI e possui uma imagem de Nossa Senhora do século XV e azulejos do século XVII;
- o Museu Municipal de Arqueologia de Loulé, que está instalado em duas antigas dependências da Alcaidaria, que remontam ao século XIV, adossadas internamente à muralha.
Neste concelho realizam-se algumas festas de cariz lúdico, popular e religioso, destacando-se a Batalha das Flores (no Carnaval), a Festa da Mãe Soberana (segundo domingo depois da Páscoa) e o Festival de Folclore do Algarve (setembro).
A nível de artesanato, destacam-se os trabalhos em cerâmica, olaria, cestaria, rendas e bordados, artigos em cabedal, latoaria e artigos em cobre, cortiça e louça de barro de Almansil.
Associadas ao concelho de Loulé estão algumas figuras ilustres, nomeadamente o governante Duarte Pacheco (1899-1943) e o poeta Francisco Xavier Cândido Guerreiro (1871-1953).
A Loulé pertence a lenda da moura Cássima:
Narra a história que o governador do Castelo de Loulé, perante a derrota árabe face às tropas de D. Paio, decidiu encantar as suas três filhas. Para tal, dirigiu-se a uma fonte com as filhas, fazendo-as desaparecer. Anos depois, o governador, que, entretanto, se tinha mudado para Tânger, pensando nas suas filhas, adquiriu no mercado de escravos um carpinteiro de Loulé, para que este lhe pudesse contar as novidades da sua terra. Revelando ao servo o seu segredo e quais as suas intenções, o velho mouro entregou-lhe três pães, cada um simbolizando uma das suas filhas (Zara, Lídia e Cássima). O escravo deveria levar os três pães até à fonte onde o governador tinha encantado as filhas e, na noite de S. João, devia atirar os pães lá para dentro e proferir o nome delas. Este procedimento deveria desencantá-las. Já em Loulé, o carpinteiro ia todos os dias observar a fonte, dirigindo-se, de seguida, a casa para ver os pães que tinha guardado numa arca no sótão. A sua mulher, achando estranho este comportamento, resolveu verificar o que se encontrava na arca. Ao deparar com os pães resolveu cortar um e, com surpresa, verificou que dele escorria um fio de sangue. Nesse momento, o seu marido ouviu um grito vindo da fonte. Na noite de São João, por volta da meia-noite, o carpinteiro dirigiu-se à fonte e procedeu conforme o combinado com o governador mouro. Zara e Lídia apareceram em forma de névoa, mas Cássima permanecia presa na fonte porque a mulher do carpinteiro, ao cortar o pão, lhe tinha cortado a perna direita. Sabendo do sucedido, o mouro pediu-lhe satisfações sobre o que se tinha passado. Apesar de tudo, visto que o carpinteiro tinha cumprido, dentro dos possíveis, a tarefa que lhe tinha sido destinada, acabou por recompensá-lo, doando-lhe muitas terras, incluindo aquela que tinha a fonte.
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O setor terciário é, sem dúvida, o motor da economia do concelho e está relacionado com o turismo, nomeadamente o turismo balnear.
No setor primário, a área agrícola ocupa cerca de 34,2% da área do concelho, predominando o cultivo de cereais para grão, de citrinos, da vinha e de frutos secos, os prados temporários, as culturas forrageiras e o pousio. No que diz respeito à pecuária, aves, ovinos e suínos destacam-se como as principais espécies criadas.
Loulé tem uma elevada densidade florestal, da ordem de quase 50% (49,8%) da superfície agrícola útil, que corresponde a 12 216 ha, e diz respeito, essencialmente, a plantações de pinheiros mansos.
As indústrias alimentar, da construção civil e do cimento são as principais atividades do setor secundário.
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Porto Editora – Loulé na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-13 13:05:18]. Disponível em
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