5 min
Lucky Luke
Banda Desenhada
O mais célebre cowboy da banda desenhada europeia foi criado na Bélgica por Morris, aliás Maurice de Bévère, em 1946.
A evolução gráfica da personagem Lucky Luke - o cowboy que dispara mais rápido que a sua própria sombra -, que se tem registado desde 1946, é muito significativa: as formas arredondadas que apresentava inicialmente faziam com que a personagem denotasse muita influência do cinema animado, área onde Morris tinha trabalhado antes. A indumentária era já em tudo idêntica à que lhe é conhecida: chapéu branco, lenço vermelho, camisa amarela e calças pretas, que depois passaram a azuis, mais em consonância com os jeans.
O fiel cavalo Jolly Jumper surgiu no primeiro episódio, "Arizona 1880", como seu companheiro, sendo muito rápido, inteligente e ajudando Luke em múltiplas situações. Tem a particularidade de jogar xadrez e de prever por onde o seu cowboy escapará de uma zaragata. Mas a galeria de personagens é extensa.
Morris tinha criado e literalmente morto os irmãos Dalton, Bob, Gray, Bill e Emmet, num episódio feito a solo, Fora-da-Lei, tendo Goscinny achado mais tarde que eram personagens com imenso potencial. Uma vez que estavam mortos, "criou" os primos Dalton, em tudo idênticos aos defuntos: Joe, Jack, William e Averell, por ordem de altura, que apareceram precisamente em Os Primos Dalton, contribuindo decisivamente para a popularização da série, pelo seu lado caricatural. Joe, o baixinho mauzão e irascível, e Averell, o alto, delicado e glutão, protagonizam os mais variados e hilariantes gags da série.
Rantanplan, criado em 1960, é o oposto do célebre cão Rintintin, pois não tem faro, as pistas que segue são sempre erradas e come como um desalmado, constituindo, com os Dalton, o elemento burlesco da série, de tal modo que o cão mais estúpido do oeste (e até do este) tem direito a uma série própria.
Para além dos perigosos bandidos que abundam no velho oeste, como Billy the Kid, Luke também conheceu personagens famosas e bizarras, muitas das quais verídicas, das mais diversas áreas, sem esquecer os aventureiros, os índios e os imigrantes. Chineses, irlandeses, italianos ou russos, que se aventuravam no país das oportunidades, formam uma extensa lista de personagens que, com muito humor à mistura, vão apresentar um mosaico social dos pioneiros do velho oeste.
O cigarro foi uma imagem de marca de Lucky Luke durante quase 4 décadas, que deixou de fumar em 1983, surgindo no álbum Fingers com uma palhinha na boca, a pedido dos editores dos EUA.
Edições e produtos derivados
A sua primeira aparição verificou-se no Almanach Spirou 1947, anuário da revista Spirou, publicado a 14 de novembro de 1946, com a história "Arizona 1880".
A 12 de junho de 1947 começou a publicar-se com regularidade na revista Spirou, com La Mine d'Or (A Mina de Ouro) de Dick Digger, história que daria origem ao primeiro álbum, editado pela Dupuis em 1949.
O primeiro episódio que contou com René Goscinny como argumentista foi Carris na Pradaria, publicado na Spirou a partir de 25 de agosto de 1955.
Até 1968 as histórias continuaram a ser publicadas na revista Spirou, com álbuns da Dupuis. Nesse ano, a série passou a publicar-se na concorrente Pilote, dirigida por Goscinny, até 1973, com os correspondentes álbuns da Dargaud. Em 1974 foi criada a sua própria revista, Lucky Luke, de periodicidade mensal mas de duração efémera, aparecendo depois em pré-publicação nas mais variadas revistas, como Tintin, Paris-Match e Le Nouvel Observateur, antecedendo as edições em álbum.
Após a morte de Goscinny (1977), Morris teve diversos argumentistas para Lucky Luke: Vicq, Bob de Groot, Xavier Fauche, Jean Léturgie, Dom Domi, Martin Lodewijk, Lo Hartog Van Banda, Guy Vidal, Claude Guylouïs e Michel Janvier. As colaborações alargaram-se também ao desenho, com Janvier e Frédéric Garcia, mas também a Leonard, este sobretudo na coloração.
Morris faleceu a 16 de junho de 2001 mas, ao contrário de Hergé, nunca manifestou discordância na continuação da série, desde que fosse mantido o espírito e o grafismo. Deste modo, a 3 de julho de 2004 começou a publicação da primeira história da série após o desaparecimento do seu criador, La Belle Province, com pré-publicação no prestigiado jornal francês Le Figaro, feita pela dupla de autores Laurent Gerra (argumento) e Achdé (desenho).
A adaptação de Lucky Luke aos desenhos animados aconteceu com Lucky Luke, em 1971, consequência da popularidade que a personagem gozava, pelo que outros filmes se seguiram: Daisy Town (1971), La Ballade des Dalton (1978), Les Dalton en Cavale (1983), entre outros. Em paralelo, surgiram também séries na televisão, em 1984, em 1991 e em 2001.
O início dos anos 90 do século XX ficou marcado pela estreia do filme Lucky Luke, adaptação a personagens de carne e osso, realizado e protagonizado por Terence Hill (Lucky Luke) e que contou com a participação de Ron Carey (Joe Dalton) e Nancy Morgan (Lotta Legs), entre outros atores. Por essa altura, os mesmos protagonistas participaram também numa série de televisão, com ambas experiências a não se revelarem particularmente felizes.
Em 2005 estreou o filme Os Irmãos Dalton, de Philippe Haïn.
Jogos, vestuário, material escolar e publicidade têm sido alguns dos muitos suportes que têm utilizado o famoso cowboy da banda desenhada.
Lucky Luke em Portugal
A sua estreia em Portugal ocorreu apenas em 1958, quando surgiu no Cavaleiro Andante n.º 340, aparecendo depois em vários outros periódicos: Foguetão (1961), Zorro (1962-1966), Tintin (1968-1982), Flecha 2000 (1978), Diário Popular (suplemento "Flecha 2000", 1985-1986), Jornal da BD (1982-1987) e Seleções BD, I e II série (1988-1991 e 1998-2001, respetivamente).
Ao nível dos álbuns, Fora-da-Lei, de 1967, foi primeiro dos quatro editados pela Íbis, a que se seguiu a Livraria Bertrand, com 12 títulos entre 1974 e 1979. A partir dos anos 80 do século XX, a Meribérica, depois Meribérica/Liber, editou quase toda a coleção de álbuns da série, tanto em pequeno como em grande formato. A única exceção foram os quatro primeiros títulos, tendo apresentado também diversos álbuns da série paralela, Rantanplan.
Em 2003, as Edições ASA asseguraram os direitos sobre a série, lançando em simultâneo os títulos ainda inéditos e várias reedições.
Outras edições a registar: o livro publicitário O Fim dos Dalton (oferta do detergente Azur) no início dos anos 70, o álbum de cromos da Arcádia em 1973 e o volume inaugural da coleção "Os Clássicos da Banda Desenhada", apresentado em 2003 com o jornal Correio da Manhã.
Morris esteve presente em Portugal por mais de uma vez, no VI Salão Internacional de BD do Porto (1989) e no 1.º Festival Internacional de BD da Amadora (1990), onde ficou demonstrada a popularidade da sua obra.
Em 1999 foi anunciado um arrojado projeto, o Parque Lucky Luke, nos arredores de Palmela, sob iniciativa de Telmo Protásio, da Meribérica/Liber e com o apoio de Morris, mas a morte de ambos inviabilizou o projeto.
O mais célebre cowboy da banda desenhada europeia foi criado na Bélgica por Morris, aliás Maurice de Bévère, em 1946.
A evolução gráfica da personagem Lucky Luke - o cowboy que dispara mais rápido que a sua própria sombra -, que se tem registado desde 1946, é muito significativa: as formas arredondadas que apresentava inicialmente faziam com que a personagem denotasse muita influência do cinema animado, área onde Morris tinha trabalhado antes. A indumentária era já em tudo idêntica à que lhe é conhecida: chapéu branco, lenço vermelho, camisa amarela e calças pretas, que depois passaram a azuis, mais em consonância com os jeans.
Morris tinha criado e literalmente morto os irmãos Dalton, Bob, Gray, Bill e Emmet, num episódio feito a solo, Fora-da-Lei, tendo Goscinny achado mais tarde que eram personagens com imenso potencial. Uma vez que estavam mortos, "criou" os primos Dalton, em tudo idênticos aos defuntos: Joe, Jack, William e Averell, por ordem de altura, que apareceram precisamente em Os Primos Dalton, contribuindo decisivamente para a popularização da série, pelo seu lado caricatural. Joe, o baixinho mauzão e irascível, e Averell, o alto, delicado e glutão, protagonizam os mais variados e hilariantes gags da série.
Rantanplan, criado em 1960, é o oposto do célebre cão Rintintin, pois não tem faro, as pistas que segue são sempre erradas e come como um desalmado, constituindo, com os Dalton, o elemento burlesco da série, de tal modo que o cão mais estúpido do oeste (e até do este) tem direito a uma série própria.
Para além dos perigosos bandidos que abundam no velho oeste, como Billy the Kid, Luke também conheceu personagens famosas e bizarras, muitas das quais verídicas, das mais diversas áreas, sem esquecer os aventureiros, os índios e os imigrantes. Chineses, irlandeses, italianos ou russos, que se aventuravam no país das oportunidades, formam uma extensa lista de personagens que, com muito humor à mistura, vão apresentar um mosaico social dos pioneiros do velho oeste.
O cigarro foi uma imagem de marca de Lucky Luke durante quase 4 décadas, que deixou de fumar em 1983, surgindo no álbum Fingers com uma palhinha na boca, a pedido dos editores dos EUA.
Edições e produtos derivados
A sua primeira aparição verificou-se no Almanach Spirou 1947, anuário da revista Spirou, publicado a 14 de novembro de 1946, com a história "Arizona 1880".
A 12 de junho de 1947 começou a publicar-se com regularidade na revista Spirou, com La Mine d'Or (A Mina de Ouro) de Dick Digger, história que daria origem ao primeiro álbum, editado pela Dupuis em 1949.
O primeiro episódio que contou com René Goscinny como argumentista foi Carris na Pradaria, publicado na Spirou a partir de 25 de agosto de 1955.
Até 1968 as histórias continuaram a ser publicadas na revista Spirou, com álbuns da Dupuis. Nesse ano, a série passou a publicar-se na concorrente Pilote, dirigida por Goscinny, até 1973, com os correspondentes álbuns da Dargaud. Em 1974 foi criada a sua própria revista, Lucky Luke, de periodicidade mensal mas de duração efémera, aparecendo depois em pré-publicação nas mais variadas revistas, como Tintin, Paris-Match e Le Nouvel Observateur, antecedendo as edições em álbum.
Após a morte de Goscinny (1977), Morris teve diversos argumentistas para Lucky Luke: Vicq, Bob de Groot, Xavier Fauche, Jean Léturgie, Dom Domi, Martin Lodewijk, Lo Hartog Van Banda, Guy Vidal, Claude Guylouïs e Michel Janvier. As colaborações alargaram-se também ao desenho, com Janvier e Frédéric Garcia, mas também a Leonard, este sobretudo na coloração.
Morris faleceu a 16 de junho de 2001 mas, ao contrário de Hergé, nunca manifestou discordância na continuação da série, desde que fosse mantido o espírito e o grafismo. Deste modo, a 3 de julho de 2004 começou a publicação da primeira história da série após o desaparecimento do seu criador, La Belle Province, com pré-publicação no prestigiado jornal francês Le Figaro, feita pela dupla de autores Laurent Gerra (argumento) e Achdé (desenho).
A adaptação de Lucky Luke aos desenhos animados aconteceu com Lucky Luke, em 1971, consequência da popularidade que a personagem gozava, pelo que outros filmes se seguiram: Daisy Town (1971), La Ballade des Dalton (1978), Les Dalton en Cavale (1983), entre outros. Em paralelo, surgiram também séries na televisão, em 1984, em 1991 e em 2001.
O início dos anos 90 do século XX ficou marcado pela estreia do filme Lucky Luke, adaptação a personagens de carne e osso, realizado e protagonizado por Terence Hill (Lucky Luke) e que contou com a participação de Ron Carey (Joe Dalton) e Nancy Morgan (Lotta Legs), entre outros atores. Por essa altura, os mesmos protagonistas participaram também numa série de televisão, com ambas experiências a não se revelarem particularmente felizes.
Em 2005 estreou o filme Os Irmãos Dalton, de Philippe Haïn.
Jogos, vestuário, material escolar e publicidade têm sido alguns dos muitos suportes que têm utilizado o famoso cowboy da banda desenhada.
Lucky Luke em Portugal
A sua estreia em Portugal ocorreu apenas em 1958, quando surgiu no Cavaleiro Andante n.º 340, aparecendo depois em vários outros periódicos: Foguetão (1961), Zorro (1962-1966), Tintin (1968-1982), Flecha 2000 (1978), Diário Popular (suplemento "Flecha 2000", 1985-1986), Jornal da BD (1982-1987) e Seleções BD, I e II série (1988-1991 e 1998-2001, respetivamente).
Ao nível dos álbuns, Fora-da-Lei, de 1967, foi primeiro dos quatro editados pela Íbis, a que se seguiu a Livraria Bertrand, com 12 títulos entre 1974 e 1979. A partir dos anos 80 do século XX, a Meribérica, depois Meribérica/Liber, editou quase toda a coleção de álbuns da série, tanto em pequeno como em grande formato. A única exceção foram os quatro primeiros títulos, tendo apresentado também diversos álbuns da série paralela, Rantanplan.
Em 2003, as Edições ASA asseguraram os direitos sobre a série, lançando em simultâneo os títulos ainda inéditos e várias reedições.
Outras edições a registar: o livro publicitário O Fim dos Dalton (oferta do detergente Azur) no início dos anos 70, o álbum de cromos da Arcádia em 1973 e o volume inaugural da coleção "Os Clássicos da Banda Desenhada", apresentado em 2003 com o jornal Correio da Manhã.
Morris esteve presente em Portugal por mais de uma vez, no VI Salão Internacional de BD do Porto (1989) e no 1.º Festival Internacional de BD da Amadora (1990), onde ficou demonstrada a popularidade da sua obra.
Em 1999 foi anunciado um arrojado projeto, o Parque Lucky Luke, nos arredores de Palmela, sob iniciativa de Telmo Protásio, da Meribérica/Liber e com o apoio de Morris, mas a morte de ambos inviabilizou o projeto.
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Como referenciar
Porto Editora – Lucky Luke na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-10 14:29:41]. Disponível em
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