5 min
Luís Louro
Ilustrador, autor de banda desenhada e fotógrafo amador, Luís Alexandre Santos Louro nasceu a 14 de junho de 1965, em Lisboa.
Fez o curso de Técnico de Meios Audiovisuais na Escola António Arroio, em Lisboa.
Começou cedo a fazer BD, experimentando as possibilidades que lhe foram oferecidas por diversos Fanzines, onde publicou pequenas histórias, realizadas em parceria com Tó Zé Simões (António José Simões Pinheiro), que durante cerca de uma década o acompanhou na aventura da banda desenhada, realizando os argumentos das histórias. Desses tempos dos Fanzines, realça-se Protótipo (1985), Hyena (1986), Camello (1986), Shock (1989) e Banda (1989 e 1990).
A sua primeira história publicada na imprensa regular foi "Estupiditia II", que saiu no Mundo de Aventuras, em 1 de abril de 1985, a que se seguiram outras duas histórias, nesse ano e no mesmo periódico. Por essa altura, Luís Louro também participou na V série da histórica revista O Mosquito, onde a dupla Louro e Simões publicou três histórias, entre 1985 e 1986. O seu trabalho de maior fôlego, a série Jim del Mónaco, surgiu na secção Tabloide do "Sábado Popular", suplemento do desaparecido Diário Popular, que se estreou em 12 de outubro de 1985. Pouco tempo depois, a série surgiria já na revista O Mosquito, tornando-se um dos raros casos de herói de sucesso das últimas décadas, na BD portuguesa.
Jim del Monaco é uma personagem inspirada no Jim das Selvas e em Tarzan, bem como na visão paternalista que estas séries transmitiam em relação ao continente africano.
Em consequência da recetividade tida nos periódicos, surge logo o primeiro álbum, editado em abril de 1986, ainda numa versão a preto e branco, sob a chancela da Futura, editora que na época apresentava grande produção, nomeadamente na divulgação dos autores portugueses e dos grandes clássicos de além Atlântico.
Os primeiros álbuns editados pela Futura entre 1986 e 1989, a preto e branco (quatro no total), são marcados por curtas histórias, sempre com o protagonismo no fleumático Jim, a boneca "carente" Gina, que é a eterna conquistadora de Jim, com poses a recordar a célebre personagem da BD inglesa, Jane, e o sempre desenrascado Tião, cuja truculência verbal rematava as mais rocambolescas situações. No fundo, trata-se de um paródia ao modo como os colonizadores europeus encaravam os seus territórios africanos, num ambiente entre os anos 30 e 40.
Depois dos primeiros álbuns a preto e branco, a série foi editada pela ASA, que apresentou três novos títulos, para além de ter reeditado os iniciais, todos a cores, entre 1991 e 1994.
Em paralelo, a mesma dupla de autores iniciou uma nova série, Roques & Folque, de que saíram três álbuns pela ASA (entre 1989 e 1992). A primeira dessas histórias, O Império das Almas, no ano seguinte ao da edição em álbum, surgiu também n'"O Janeirinho", suplemento de O Primeiro de janeiro (em 1990). A segunda história teve direito a um álbum duplo, A Herança dos Templários (I e II), em que os protagonistas enveredam por uma aventura cheia de misticismo, entre Lisboa e Tomar.
O álbum O Corvo, editado em 1994 (ASA), marcará o início da sua carreira a solo (como argumentista e desenhador); Vicente, a personagem principal que se transforma em Corvo e que se tornou um marco na BD portuguesa, quase 10 anos depois, em 2003, em O Corvo - O Regresso. Em Alice, de 1995 (ASA), um dos seus trabalhos melhor conseguidos, mostra uma Lisboa subaquática protagonizada por uma rapariga que quer sair da dura vida em que vive (prostituição), que conta histórias às crianças do bairro e cujos sonhos a levam a fugir da vida desgraçada que leva.
Em 1996 participou com cinco pranchas no álbum coletivo Síndroma de Babel (Câmara da Amadora), juntamente com Victor Mesquita, Nuno Saraiva, Jorge Mateus e Diniz Conefrey.
Um outro álbum lançado a solo de notável efeito visual foi também Coração de Papel, editado em 1997 (ASA). Se em Alice os tons predominantes foram os azuis e os verdes de uma Lisboa subaquática imaginária, Coração de Papel apresenta uma paleta de cores quentes, com amarelos torrados e castanhos, próprios de um outono muito especial.
Luís Louro foi um dos autores presentes na exposição "Perdidos no Oceano", que constituiu a representação de Portugal enquanto país convidado no 25.º Festival Internacional de Angoulême, em janeiro de 1998, embora seja uma presença assídua no maior certame europeu dedicado aos Quadradinhos, a título pessoal.
Em janeiro de 1998 iniciou a colaboração com a efémera revista Ego (I série), na qual apresentou curtas histórias de três páginas, com um toque de fino humor, tendo Tó Zé Simões colaborado nas primeiras três histórias, ao nível do argumento. O súbito encerramento da revista levou a que mais tarde publicasse as restantes histórias, que entretanto tinha adiantado para a Ego, na revista Seleções BD (II série), em 1999. Em 2000, através da Meribérica/Liber (a editora da revista Seleções BD) surgiu a possibilidade de compilar todas essas histórias da Ego e das Seleções BD num único álbum, precisamente Cogito Ego Sum. Nesse mesmo ano, Luís Louro "rompeu" com o seu trabalho a solo, ao realizar um álbum completo com Rui Zink, O Halo Casto (ASA). No ano seguinte nova série de histórias de Cogito Ego Sum seriam editadas pela Booktree, que com esse álbum se estreou como editora de referência na BD e não só.
De entre as muitas exposições que têm tido a sua obra como referência, nomeadamente em diversas edições do Festival da Amadora, a mais completa foi "Luís Louro - Contrastes", que esteve patente no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (Amadora) entre 28 de junho de 2001 e 30 de março de 2002, que constituiu a maior retrospetiva sobre a sua vasta obra.
Nesse mesmo ano teve também uma exposição de originais (de O Halo Casto) na Feira do Livro de Braga, numa organização conjunta do Parque de Exposições de Braga e da Associação Juvemedia.
Eden 2.0, lançado em 2002 pela Booktree, apresenta um trabalho realizado em parceria com João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, que foram a sua dupla de argumentistas. Inicialmente existiam algumas ilustrações dispersas sobre África, que serviram de referência gráfica para a obra, cujo argumento surgiu posteriormente, num curioso processo de trabalho.
Em termos de ilustração, tem colaboração assinalável em publicações como os jornais O Primeiro de janeiro (em 1990) e O Académico (1993), as revistas Visão (1995-2000) e Valor (1991-1994), para além de cartazes, nomeadamente para o Sobreda BD (1985), o desaparecido Festival de BD de Lisboa (1989) e o Festival de BD da Amadora (1992 e 1995), tendo ainda realizado capas e ilustrações do interior de dois CD áudio, para a União Lisboa (Intersection e Ramp, ambos em 1995).
Ainda no domínio da ilustração, em 2002 Luís Louro participou na coleção de seis postais de Natal feitos por cinco autores de BD (Luís Diferr, João Fazenda, Ricardo Ferrand, Luís Louro e Pedro Morais) e a ilustradora Cristina Sampaio, para a Fundação do Gil, cujas vendas reverteram para apoio a crianças desfavorecidas.
Uma das suas grandes paixões é a fotografia, tendo realizado algumas viagens a África, cujas fotos apareceram em alguns separadores do álbum de BD Eden 2.0, que serviu de "preparação" para o luxuoso livro Safari Em Cantos de África, editado pela Booktree em 2003 (bilingue - português e inglês).
Ao nível dos prémios recebidos, Luís Louro foi distinguido por diversas ocasiões.
Foi galardoado com "O Mosquito" por seis vezes: em 1984 (Revelação), em 1989, 1990, 1992 e 1995, ano em que bisou (Melhor Álbum e Melhor Autor Português); recebeu o Troféu "Vinheta" em 1986 (Melhor BD); o Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" por duas vezes em 1995 (Melhor Álbum e Melhor Autor Português); e o Troféu "Sobredão" em 2000 (pelo conjunto da obra).
Fez o curso de Técnico de Meios Audiovisuais na Escola António Arroio, em Lisboa.
Começou cedo a fazer BD, experimentando as possibilidades que lhe foram oferecidas por diversos Fanzines, onde publicou pequenas histórias, realizadas em parceria com Tó Zé Simões (António José Simões Pinheiro), que durante cerca de uma década o acompanhou na aventura da banda desenhada, realizando os argumentos das histórias. Desses tempos dos Fanzines, realça-se Protótipo (1985), Hyena (1986), Camello (1986), Shock (1989) e Banda (1989 e 1990).
Jim del Monaco é uma personagem inspirada no Jim das Selvas e em Tarzan, bem como na visão paternalista que estas séries transmitiam em relação ao continente africano.
Em consequência da recetividade tida nos periódicos, surge logo o primeiro álbum, editado em abril de 1986, ainda numa versão a preto e branco, sob a chancela da Futura, editora que na época apresentava grande produção, nomeadamente na divulgação dos autores portugueses e dos grandes clássicos de além Atlântico.
Os primeiros álbuns editados pela Futura entre 1986 e 1989, a preto e branco (quatro no total), são marcados por curtas histórias, sempre com o protagonismo no fleumático Jim, a boneca "carente" Gina, que é a eterna conquistadora de Jim, com poses a recordar a célebre personagem da BD inglesa, Jane, e o sempre desenrascado Tião, cuja truculência verbal rematava as mais rocambolescas situações. No fundo, trata-se de um paródia ao modo como os colonizadores europeus encaravam os seus territórios africanos, num ambiente entre os anos 30 e 40.
Depois dos primeiros álbuns a preto e branco, a série foi editada pela ASA, que apresentou três novos títulos, para além de ter reeditado os iniciais, todos a cores, entre 1991 e 1994.
Em paralelo, a mesma dupla de autores iniciou uma nova série, Roques & Folque, de que saíram três álbuns pela ASA (entre 1989 e 1992). A primeira dessas histórias, O Império das Almas, no ano seguinte ao da edição em álbum, surgiu também n'"O Janeirinho", suplemento de O Primeiro de janeiro (em 1990). A segunda história teve direito a um álbum duplo, A Herança dos Templários (I e II), em que os protagonistas enveredam por uma aventura cheia de misticismo, entre Lisboa e Tomar.
O álbum O Corvo, editado em 1994 (ASA), marcará o início da sua carreira a solo (como argumentista e desenhador); Vicente, a personagem principal que se transforma em Corvo e que se tornou um marco na BD portuguesa, quase 10 anos depois, em 2003, em O Corvo - O Regresso. Em Alice, de 1995 (ASA), um dos seus trabalhos melhor conseguidos, mostra uma Lisboa subaquática protagonizada por uma rapariga que quer sair da dura vida em que vive (prostituição), que conta histórias às crianças do bairro e cujos sonhos a levam a fugir da vida desgraçada que leva.
Em 1996 participou com cinco pranchas no álbum coletivo Síndroma de Babel (Câmara da Amadora), juntamente com Victor Mesquita, Nuno Saraiva, Jorge Mateus e Diniz Conefrey.
Um outro álbum lançado a solo de notável efeito visual foi também Coração de Papel, editado em 1997 (ASA). Se em Alice os tons predominantes foram os azuis e os verdes de uma Lisboa subaquática imaginária, Coração de Papel apresenta uma paleta de cores quentes, com amarelos torrados e castanhos, próprios de um outono muito especial.
Luís Louro foi um dos autores presentes na exposição "Perdidos no Oceano", que constituiu a representação de Portugal enquanto país convidado no 25.º Festival Internacional de Angoulême, em janeiro de 1998, embora seja uma presença assídua no maior certame europeu dedicado aos Quadradinhos, a título pessoal.
Em janeiro de 1998 iniciou a colaboração com a efémera revista Ego (I série), na qual apresentou curtas histórias de três páginas, com um toque de fino humor, tendo Tó Zé Simões colaborado nas primeiras três histórias, ao nível do argumento. O súbito encerramento da revista levou a que mais tarde publicasse as restantes histórias, que entretanto tinha adiantado para a Ego, na revista Seleções BD (II série), em 1999. Em 2000, através da Meribérica/Liber (a editora da revista Seleções BD) surgiu a possibilidade de compilar todas essas histórias da Ego e das Seleções BD num único álbum, precisamente Cogito Ego Sum. Nesse mesmo ano, Luís Louro "rompeu" com o seu trabalho a solo, ao realizar um álbum completo com Rui Zink, O Halo Casto (ASA). No ano seguinte nova série de histórias de Cogito Ego Sum seriam editadas pela Booktree, que com esse álbum se estreou como editora de referência na BD e não só.
De entre as muitas exposições que têm tido a sua obra como referência, nomeadamente em diversas edições do Festival da Amadora, a mais completa foi "Luís Louro - Contrastes", que esteve patente no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (Amadora) entre 28 de junho de 2001 e 30 de março de 2002, que constituiu a maior retrospetiva sobre a sua vasta obra.
Nesse mesmo ano teve também uma exposição de originais (de O Halo Casto) na Feira do Livro de Braga, numa organização conjunta do Parque de Exposições de Braga e da Associação Juvemedia.
Eden 2.0, lançado em 2002 pela Booktree, apresenta um trabalho realizado em parceria com João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, que foram a sua dupla de argumentistas. Inicialmente existiam algumas ilustrações dispersas sobre África, que serviram de referência gráfica para a obra, cujo argumento surgiu posteriormente, num curioso processo de trabalho.
Em termos de ilustração, tem colaboração assinalável em publicações como os jornais O Primeiro de janeiro (em 1990) e O Académico (1993), as revistas Visão (1995-2000) e Valor (1991-1994), para além de cartazes, nomeadamente para o Sobreda BD (1985), o desaparecido Festival de BD de Lisboa (1989) e o Festival de BD da Amadora (1992 e 1995), tendo ainda realizado capas e ilustrações do interior de dois CD áudio, para a União Lisboa (Intersection e Ramp, ambos em 1995).
Ainda no domínio da ilustração, em 2002 Luís Louro participou na coleção de seis postais de Natal feitos por cinco autores de BD (Luís Diferr, João Fazenda, Ricardo Ferrand, Luís Louro e Pedro Morais) e a ilustradora Cristina Sampaio, para a Fundação do Gil, cujas vendas reverteram para apoio a crianças desfavorecidas.
Uma das suas grandes paixões é a fotografia, tendo realizado algumas viagens a África, cujas fotos apareceram em alguns separadores do álbum de BD Eden 2.0, que serviu de "preparação" para o luxuoso livro Safari Em Cantos de África, editado pela Booktree em 2003 (bilingue - português e inglês).
Ao nível dos prémios recebidos, Luís Louro foi distinguido por diversas ocasiões.
Foi galardoado com "O Mosquito" por seis vezes: em 1984 (Revelação), em 1989, 1990, 1992 e 1995, ano em que bisou (Melhor Álbum e Melhor Autor Português); recebeu o Troféu "Vinheta" em 1986 (Melhor BD); o Troféu "Zé Pacóvio e Grilinho" por duas vezes em 1995 (Melhor Álbum e Melhor Autor Português); e o Troféu "Sobredão" em 2000 (pelo conjunto da obra).
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Como referenciar
Porto Editora – Luís Louro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-03 06:17:54]. Disponível em
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