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Manuel Alegre
Personagem polifacetada da vida cultural portuguesa, Manuel Alegre nasceu a 12 de maio de 1936, em Águeda. O seu trisavô organizou a primeira revolta contra D. Miguel e o seu avô materno foi um dos fundadores da República.
Nesta tradição, Alegre lutou contra a ditadura de Salazar e opôs-se à Guerra Colonial (na qual, em todo o caso, optou por participar).
Estudante de Direito na Universidade de Coimbra, participou em rebeliões contra a ditadura; mobilizado, em 1962, para a guerra ultramarina, dirigiu em Angola uma tentativa de revolta contra a guerra colonial. De volta a Portugal, colaborou, na clandestinidade, em ações de luta contra o regime, sendo obrigado a exilar-se, a partir de 1964, em Paris, e posteriormente, na Argélia, empenhando-se em iniciativas de resistência a partir do exterior e sendo eleito dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional. Regressado a Portugal, após o 25 de abril de 1974, aderiu ao Partido Socialista, vindo a tornar-se deputado à Assembleia da República em várias legislaturas e tendo sido secretário de Estado no primeiro governo constitucional. Em julho de 2004, como consequência da demissão de Ferro Rodrigues do cargo de secretário-geral do PS (por insatisfação relacionada com a decisão do presidente Jorge Sampaio de nomear um novo Governo Constitucional, o XVI, em substituição do XV de Durão Barroso - entretanto convidado a apresentar a sua candidatura a presidente da Comissão Europeia), e por discordar da opinião política de alguns membros do seu partido, decidiu apresentar a sua candidatura à liderança do partido, posicionando-se como um candidato da fação mais à esquerda do Partido Socialista.
As eleições, que decorreram a 24 e 25 de setembro de 2004, deram, no entanto, a vitória a José Sócrates, tendo Manuel Alegre obtido cerca de 17% dos votos.
Em 2005 anunciou a sua candidatura à presidência da República Portuguesa, tendo competido com Aníbal Cavaco Silva, Mário Soares, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Garcia Pereira. Perdeu as eleições, realizadas a 22 de janeiro de 2006, para Aníbal Cavaco Silva, que obteve maioria absoluta com 50,59% dos votos. Manuel Alegre ficou em segundo lugar com 20,72%. As suas experiências de resistência, prisão política, guerra colonial e exílio marcaram indelevelmente uma escrita poética de denúncia, a que soube, pelo constante diálogo intertextual com autores que viveram experiências similares, conferir uma dimensão trans-histórica e quase mítica. É esta sensibilidade ao mito e à história, essa revisitação, sob a forma de paráfrases, refundições, citações, símbolos ou nomeação, às mitologias nacionais e literárias (Camões, Alcácer Quibir) que, segundo Eduardo Lourenço (cf. prefácio a 30 Anos de Poesia, 1995), distingue a poesia de Manuel Alegre da poesia neorrealista, conferindo-lhe uma dimensão épica e de indagação permanente sobre a noção e o destino da pátria.
Nesta aceção, a expressão do eu quase nunca resulta de uma escrita da intimidade, mas equivale à voz de um poeta com novecentos anos, sentado aos quatro ventos do tempo, fundindo na sua voz as línguas e ritmos passados. Merecem particular atenção os seus livros de poesia Praça da Canção, O Canto e as Armas e Atlântico, e os seus romances, de forte sugestividade autobiográfica, Jornada de África e Alma. A obra literária de Manuel Alegre foi já traduzida para várias línguas, como é o caso de Lusiade Exile, edição bilingue francês-português, Paris, 1970; Portugal a Paris, edição em francês, 1995; Che, edição em espanhol, 1997; Manuel Alegre, Gedichte Und Prosa, edição bilingue alemão-português, Frankfurt am Main, 1998; e Corazón Polar y Otros Poemas, edição bilingue espanhol-português, 2003. Os poemas e contos do autor encontram-se também representados em numerosas antologias, como, por exemplo: La Nuova Poesia Portoghese, edição em italiano, Roma, 1975; Cent Poèmes Sur L'Exil, edição em francês, Paris, 1993; Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Rio de Janeiro, 1999; Antologia do Conto Português, Lisboa, 2002; Cem Sonetos Portugueses, Lisboa, 2002; e Anthologie de la Poésie Portugaise Contemporaine, 1935-2000, 2003. O seu trabalho como escritor foi já, por diversas vezes, galardoado: o Prémio de Literatura Infantil António Botto, em 1998, por As Naus de Verde Pinho; o Prémio da Crítica Literária e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1998, por Senhora das Tempestades; o Prémio Pessoa, patrocinado pelo Expresso, pela Obra Poética, editada em 1999; e o Prémio Fernando Namora, em 1999, por A Terceira Rosa.
Nesta tradição, Alegre lutou contra a ditadura de Salazar e opôs-se à Guerra Colonial (na qual, em todo o caso, optou por participar).
As eleições, que decorreram a 24 e 25 de setembro de 2004, deram, no entanto, a vitória a José Sócrates, tendo Manuel Alegre obtido cerca de 17% dos votos.
Em 2005 anunciou a sua candidatura à presidência da República Portuguesa, tendo competido com Aníbal Cavaco Silva, Mário Soares, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Garcia Pereira. Perdeu as eleições, realizadas a 22 de janeiro de 2006, para Aníbal Cavaco Silva, que obteve maioria absoluta com 50,59% dos votos. Manuel Alegre ficou em segundo lugar com 20,72%. As suas experiências de resistência, prisão política, guerra colonial e exílio marcaram indelevelmente uma escrita poética de denúncia, a que soube, pelo constante diálogo intertextual com autores que viveram experiências similares, conferir uma dimensão trans-histórica e quase mítica. É esta sensibilidade ao mito e à história, essa revisitação, sob a forma de paráfrases, refundições, citações, símbolos ou nomeação, às mitologias nacionais e literárias (Camões, Alcácer Quibir) que, segundo Eduardo Lourenço (cf. prefácio a 30 Anos de Poesia, 1995), distingue a poesia de Manuel Alegre da poesia neorrealista, conferindo-lhe uma dimensão épica e de indagação permanente sobre a noção e o destino da pátria.
Nesta aceção, a expressão do eu quase nunca resulta de uma escrita da intimidade, mas equivale à voz de um poeta com novecentos anos, sentado aos quatro ventos do tempo, fundindo na sua voz as línguas e ritmos passados. Merecem particular atenção os seus livros de poesia Praça da Canção, O Canto e as Armas e Atlântico, e os seus romances, de forte sugestividade autobiográfica, Jornada de África e Alma. A obra literária de Manuel Alegre foi já traduzida para várias línguas, como é o caso de Lusiade Exile, edição bilingue francês-português, Paris, 1970; Portugal a Paris, edição em francês, 1995; Che, edição em espanhol, 1997; Manuel Alegre, Gedichte Und Prosa, edição bilingue alemão-português, Frankfurt am Main, 1998; e Corazón Polar y Otros Poemas, edição bilingue espanhol-português, 2003. Os poemas e contos do autor encontram-se também representados em numerosas antologias, como, por exemplo: La Nuova Poesia Portoghese, edição em italiano, Roma, 1975; Cent Poèmes Sur L'Exil, edição em francês, Paris, 1993; Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Rio de Janeiro, 1999; Antologia do Conto Português, Lisboa, 2002; Cem Sonetos Portugueses, Lisboa, 2002; e Anthologie de la Poésie Portugaise Contemporaine, 1935-2000, 2003. O seu trabalho como escritor foi já, por diversas vezes, galardoado: o Prémio de Literatura Infantil António Botto, em 1998, por As Naus de Verde Pinho; o Prémio da Crítica Literária e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1998, por Senhora das Tempestades; o Prémio Pessoa, patrocinado pelo Expresso, pela Obra Poética, editada em 1999; e o Prémio Fernando Namora, em 1999, por A Terceira Rosa.
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Como referenciar
Porto Editora – Manuel Alegre na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-15 08:09:36]. Disponível em
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