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metonímia
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Retórica: Figura de estilo que significava no grego "mudança de nome" e que consiste na designação de uma entidade através de um termo referente a outra entidade que com ela estabelece uma relação de contiguidade semântica, e não de semelhança como acontece com a metáfora. A metonímia, em sentido lato, pode designar também a sinédoque e pode resultar de várias relações de substituição entre o todo e a parte, entre a causa e o efeito, entre o abstrato e o concreto, entre o continente e o conteúdo, etc. Seguem-se alguns exemplos de metonímias utilizadas com objetivos estéticos:

"E já no Porto da ínclita Ulisseia,
Cum alvoroço nobre e cum desejo
(Onde o licor mestura a branca areia
Co salgado Neptuno e doce Tejo)"
(Camões, Os Lusíadas, IV, 84)

"Vendo Vasco da Gama que tão perto
Do fim de seu desejo se perdia(...)
Chama aquele Remédio santo e forte
Que o impossibil pode, desta sorte"
(Camões, Os Lusíadas, VI, 80)

No primeiro exemplo encontramos a substituição metonímica do nome da divindade grega Neptuno pelo espaço que ele dominava - o mar, enquanto que no segundo exemplo substitui-se a "Divina Providência" pela consequência que a sua intervenção tem para os homens - o "Remédio santo e forte".

Linguística: Processo cognitivo de referência indireta através da qual designamos uma entidade implícita através de outra explícita. A metonímia associa entidades conceptualmente contíguas e que pertencem ao mesmo domínio conceptual, ao contrário da metáfora que associa dois domínios diferentes. À semelhança da metáfora, a metonímia também recebeu uma atenção especial no quadro da linguística cognitiva devido à sua ampla presença no uso quotidiano da língua, o que levou à sua compreensão como processo cognitivo de categorização linguística do real.
A estrutura da metonímia consiste num "Ponto de Referência (PR)" explícito que ativa uma "Zona Ativa" (ZA) implícita. A metonímia fundada numa relação de substituição do "todo pela parte", no exemplo "Moçambique tem fome", resulta do nosso conhecimento de que não é o país que tem fome, mas sim o povo moçambicano. Apesar de ser o país Moçambique que recebe menção explícita e que portanto é o Ponto de Referência, são os moçambicanos a Zona Ativa implícita.



Seguem-se exemplos de algumas metonímias possíveis na língua e de relações estabelecidas dentro delas:

i) a parte pelo todo: "é um quatro por quatro fabuloso" (uma característica do carro pelo carro todo);
ii) o todo pela parte: "lavar o carro" (o carro todo pela parte exterior do carro);
iii) a marca pelo produto: "ele gosta de Monte Velho a acompanhar a refeição" (o nome da marca do vinho pelo próprio vinho);
iv) o continente pelo conteúdo: "vamos beber um copo?" (o recipiente pela bebida);
v) a consequência pela causa: "premiaram o teu trabalho" (o trabalho pela pessoa que o fez);
vi) a capital pelo governo do país: "Madrid recebeu apoios estrangeiros" (Madrid pelas autoridades governantes de Espanha);
vii) o abstrato pelo concreto: "a inteligência americana negou tudo" (uma organização/ instituição pelos seus membros);
viii) o autor pela obra: "gosto muito de ouvir Chopin" (Chopin em vez das suas composições musicais).
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Como referenciar
Porto Editora – metonímia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-16 13:07:37]. Disponível em

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