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Em princípio, apenas as casas religiosas habitadas por monges ou monjas deverão ter direito a esta denominação. Todavia, as casas habitadas por cónegos regulares (ou regrantes) são também designadas por mosteiros. Na Idade Média e mesmo ainda até ao fim do Barroco, além de nos nossos dias por abuso e erro, chamava-se mosteiro às casas de frades (das Ordens Mendicantes, como Franciscanos, Dominicanos, Carmelitas, Agostinhos), que são, mais corretamente, conventos. A documentação referia-se sempre a todas as comunidades religiosas como habitando em mosteiros. Assim, o mosteiro tinha uma conotação de ordem física e material, como se fosse o espaço construído e habitável destinado a religiosos. O mosteiro, no entanto, pela sua etimologia e antiguidade, não da palavra em si, mas do conceito, aplica-se à casa onde habitam monges e monjas, para além dos cónegos regulares (como os de Santa Cruz de Coimbra). Os ramos femininos das Ordens Mendicantes (de frades) são compostos por comunidades de monjas de clausuras, pelo que, ao contrário dos correspondentes ramos masculinos das suas ordens, habitam também em mosteiros, onde melhor poderão professar em clausura e silêncio, sem contacto com o mundo, como sucede nos conventos. De acordo com a sua autonomia, um mosteiro pode ter o estatuto de abadia (se governado por abade ou abadessa) ou de priorado (quando ainda não atingiu o estatuto de abadia e é ainda governado por um prior, embora no caso dos cónegos regulares, por exemplo, ou de certos ramos femininos de monjas da Ordens Mendicantes, sejam sempre governados por priores ou prioressas)
Assim que surgiram as primeiras comunidades religiosas, a casa onde viviam em comum vários "solitários" (os monges, do grego monachos, "só", "único", donde monadzein, "viver só") passou a designar-se monasterion, que em latim se chamava monasterium. O primeiro mosteiro assim conhecido foi fundado por S. Pacómio c. 320. S. Atanásio criou depois vários mosteiros em Roma no ano de 341. O primeiro mosteiro para cá dos Alpes foi fundado em 375, em Ligugé, próximo de Poitiers (França), por S. Martinho de Tours.
O mosteiro encerra um conjunto de estruturas para habitação e oração para os monges/monjas. A igreja é o elemento definidor e orientador da edificação das construções num mosteiro e de todo o seu conjunto, pois a obrigação aos monges da frequência diária e regular do ofício divino assim o impõe. Além da missa conventual (este termo significa, neste sentido, "da comunidade", do latim conventus, "assembleia", "reunião"), por dia realizavam-se nove ofícios. Além da igreja, ocupa também uma posição estruturadora importante, não apenas fisicamente mas também do ponto de vista espiritual e comunitário, o claustro (podem ser um, por vezes dois e às vezes três ou até mais), que se abre para um jardim, onde por vezes existe uma fonte ou lavabos em frente ao refeitório. Em torno do claustro, dispõem-se galerias cobertas e colunadas, nas quais se encontram acessos às funcionalidades e serviços do mosteiro (sala do capítulo, refeitório, parlatório, dormitório, cozinhas…). O dormitório, uma das áreas comunitárias mais relevantes no mosteiro, está colocado perto da igreja, no primeiro andar, situação que se começou a verificar a partir do século XII, época de reformas monásticas. Assim junto à igreja, através de uma escadaria os monges teriam mais rápido e cómodo acesso à mesma para o ofício noturno, as matinas. A partir de fins do século XIX – já antes em muitos mosteiros – os dormitórios passaram a ser substituídos na totalidade pelas celas, apenas ficando naqueles maiores espaços os mais novos. O capítulo, ou sala do c., a dar para o claustro, era o lugar onde os monges, todos os dias depois do ofício de Prima (hora prima) se reuniam para ouvir a leitura de um capítulo da Regra de S. Bento (capitulum), de onde recebeu o nome. É também o lugar de reunião da comunidade, para eleições e para distribuição sazonal ou diária das tarefas e ofícios do mosteiro. Aí também se faz o "capítulo das culpas", onde cada monge se "confessa" a toda a comunidade reunida. Existem também a enfermaria e o calefatório, ou sala de aquecimento.
Os mosteiros também se notabilizaram pela existência de funções específicas da condição de vida monástica, como os scriptoriae (do latim scriptor, "o que escreve"), onde laboravam monges copistas e iluminadores, próximo da biblioteca ou arquivo, ou mesmo da tipografia, ofício em que se destacaram os mosteiros depois do século XV, tendo sido um dos focos de maior difusão da imprensa de caracteres móveis. Anexamente às estruturas centrais do mosteiro, claustro e igreja, retêm importância as áreas ligadas às produções agrícolas oriundas quer dos terrenos da cerca monástica e pinhais adjacentes, quer das granjas e propriedades pertencentes ao mosteiro localizadas em áreas a ele mais ou menos longínquas (minas, pesqueiras, salinas, granjas agropecuárias). Falamos dos celeiros, moinhos, adegas, tulhas, cavalariças e estábulos, oficinas, pocilgas, etc. Os mosteiros têm ainda uma importante função histórica, a de hospedaria de peregrinos e viajantes que à sua portaria acedam, além da caridade aos pobres e mendigos. Muitos mosteiros foram fundados junto de rotas de peregrinação, que aliás estiveram na sua origem, como sucedeu com as comunidades erigidas por Cluny nos caminhos de peregrinação a Santiago de Compostela.
Os mosteiros possuíam ainda, nas suas cercas, jardins, capelas, ermidas, pomares, estufas, lagos e também laboratórios e centros de pesquisa, como observação astronómica, por exemplo. De recordar também que muitos mosteiros possuem colégios e outro tipo de escolas, a recordar as scolae monásticas da Idade Média. Os mosteiros exerceram uma grande obra civilizadora na Europa, principalmente no período medieval, além de colonização, exploração territorial e de pesquisa científica, não esquecendo que foi em mosteiros que se traduziram e guardaram as fontes clássicas do Renascimento.
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Como referenciar
Porto Editora – mosteiro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-10 17:06:42]. Disponível em

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