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Praça de S. Pedro
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O projeto para a nova praça de S. Pedro, cuja basílica se encontrava praticamente finalizada, foi encomendado pelo Papa Alexandre VI ao arquiteto e escultor napolitano Lorenzo Bernini que, desde 1605, se encontrava a trabalhar em Roma.
A ideia fundamental para este espaço era a criação de um amplo terreiro que contivesse as massas de peregrinos que se reuniam em frente do palácio do Vaticano para a benção papal. Por outro lado, deveria sistematizar todo o tecido urbano envolvente e criar uma moldura forte para a monumental fachada da Basílica projetada por Maderno e para a enorme cúpula que coroava todo o complexo.
A solução de Bernini, cujo modelo pode ser encontrado em algumas construções da antiguidade romana ou em projetos de Andrea Palladio, continha dois espaços, um deles, com forma trapezoidal, enquadrava a frente da igreja, o outro, formando uma enorme praça oval (com 273 por 240 metros), era encerrado pelos braços de duas colunatas quádruplas. Tal como no plano para a igreja de Sant'Andrea del Quirinale (1658-1670), Bernini reconheceu na oval a forma ideal para a resolução destes problemas complexos que sugeriam uma dupla funcionalidade e, consequentemente, uma dupla axialidade. O projeto atendia ainda a alguns pormenores de especial significado, como a tentativa de, através de um efeito perspético de correção ótica, atenuar o facto de a fachada da basílica ser muito larga e baixa.
Vista da praça de S. Pedro a partir da cúpula da Basílica
No ponto central da oval, Bernini colocou o obelisco egípcio de sienite com 25 metros de altura que fora colocado no eixo da igreja por Sixto V entre 1585 e 1590, enquadrando-o lateralmente com duas fontes, localizadas nos focos da elipse.
As colunatas, dispostas em duplo hemiciclo, são formadas por 284 colunas e 88 pilares. As 162 estátuas de santos que as coroam foram projetadas também por Bernini. As grandes colunas em travertino formam uma passagem permeável e constituem, por outro lado, um limite visual que contém um vasto terreiro orientado. Por entre estas colunas pode vislumbrar-se parte do bairro envolvente, podendo mesmo obter-se algumas vistas interessantes da cidade.
Um dos exemplos máximos da urbanística barroca, a Praça de S. Pedro testemunha a capacidade do arquiteto para entender os valores urbanos presentes, conseguindo relacionar a escala monumental da basílica com o denso tecido urbano envolvente, formado por simples casas de habitação. As duas colunatas curvas, simbolizando dois braços que recebem os peregrinos são metáfora da própria universalidade da Igreja.
O sistema viário de acesso à praça foi completamente alterado na primeira metade do século XX, durante a vigência da ditadura. Destruindo grande parte do bairro que se estendia entre a Praça de S. Pedro e o Castelo de Sant'Angelo, junto ao rio, foi aberta uma larga avenida - a Via da Conciliação - criando uma perspetiva monumental que rematava na enorme cúpula da basílica. Esta solução, que diminuía visualmente a dimensão da praça oval, era em tudo oposta ao projeto de Bernini, que, ao projetar uma colunata nesta zona que quase ligava as duas colunatas curvas, encerrava as perspetivas sobre a praça e acentuava o contraste de escala relativamente ao denso tecido urbano envolvente.
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Como referenciar
Porto Editora – Praça de S. Pedro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-07 21:11:29]. Disponível em

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