psiquiatria
A psiquiatria é um ramo especializado da medicina que se ocupa do diagnóstico, tratamento e prevenção de distúrbios mentais.
A história científica da psiquiatria iniciou-se ao mesmo tempo que a história da própria medicina, através de Hipócrates (considerado o fundador da medicina científica; 460 a 377 a. C.), e de Galeno (médico de grande prestígio da Antiguidade Clássica; 129 a 199).
Desde Hipócrates, longa tem sido a trajetória da psiquiatria, mas quatro grandes etapas marcaram a evolução desta ciência.
A primeira etapa foi com Philipe Pinel (1745-1826), médico francês que ocupava o cargo de diretor do manicómio de Bicêtre situado nos arredores de Paris. Pinel separa o doente mental dos presos de delito comum. Este médico estava convencido da necessidade de tratar os doentes mentais com humanidade e não como criminosos.
A segunda etapa começou no final do século XIX e princípio do século XX, com Sigmund Freud (1856-1939) chamando a atenção para as manifestações do inconsciente.
O início da terceira fase da evolução da clínica psiquiátrica fica marcado com a introdução dos psico-fármacos em 1950 e, por último, em 1960, a quarta grande etapa dá-se com a passagem da psiquiatria curativa (com base apenas na cura) para a psiquiatria com perspetivas preventivas em saúde mental.
Apesar da sua história ser tão longínqua, a psiquiatria só se autonomiza, enquanto campo específico da medicina, na segunda metade do século XIX.
As escolas que dominaram toda a psiquiatria até ao século XX, foram a organicista (com base na anatomia e na fisiologia) e a psicanalítica (de orientação psicológica). Durante o século XX, toda a evolução no contexto psiquiátrico contribuiu para um aperfeiçoamento da clínica psiquiátrica e da psicofarmacologia; interviram com sucesso contribuições da neuropatologia, da neurofisiologia, da bioquímica e, salienta-se, da orientação sociológica que o modelo médico psiquiátrico adquiriu.
A evolução histórica do pensamento psiquiátrico demonstrou que a «doença psíquica», para além de ser um «facto médico», também tem que ser considerada um «facto social». Assim, a psiquiatria não pode apenas ser considerada uma ciência biomédica, deve também ser entendida como uma ciência histórico-cultural. A saúde mental deve ser abordada na sua totalidade, ou seja, deve-se considerar os aspetos socio-económicos, socio-culturais, comunicacionais, demográficos, alimentares e outros, do doente mental e do contexto em que ele está inserido.
Em psiquiatria, a doença corresponde, num critério genérico, a uma alteração ou desvio estatístico muito significativo do estado normal de saúde que se expressa por um conjunto de sintomas. Deste modo, o diagnóstico de doença mental só pode ser efetuado após um certo número de indicadores de carácter individual e coletivo. Tais indicadores permitem graduar, entre as categorias de doença e de saúde, as diversas formas (anormais, desviadas e patológicas) do comportamento humano.
São várias as tentativas para classificar e agrupar de uma forma eficaz as doenças psíquicas. A Organização Mundial de Saúde (O.M.S.) incluiu as doenças mentais no seu manual de classificação estatística internacional das doenças, traumatismos e causas de morte (1995), no sentido de uniformizar as diversas designações mais frequentemente utilizadas para o diagnóstico em psiquiatria. A Associação Psiquiátrica Americana apresenta outra classificação das doenças mentais conhecida pela abreviatura de DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou, em português, Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 4.ª edição). As duas classificações, diferem no facto de que a primeira é uma classificação essencialmente sindromática (com base em agrupamentos de sintomas) e a segunda tenta agrupar as doenças psíquicas sob um critério essencialmente clínico.
Na consulta de psiquiatria, que assenta essencialmente na entrevista clínica, toda a disponibilidade do médico psiquiatra está concentrada em obter uma história clínica correta do doente e, em geral, da sua família. O psiquiatra, através de uma atitude de neutralidade, recetividade e de tolerância, obtém a confiança do doente, alivia o seu sofrimento e mantém a sua espontaneidade. O local de consulta de um Psiquiatra apresenta condições para que os doentes possam descontrair, sentindo que lhes é proporcionada toda a privacidade e confidencialidade.
Para o tratamento, a clínica psiquiátrica faz uso da psicofarmacologia que se traduz no estudo do resultado das drogas nos processos psicológicos, e das psicoterapias que consiste no manuseamento de técnicas especializadas no tratamento de distúrbios mentais ou de problemas de ajustamento às situações da vida quotidiana. Como exemplo de uma psicoterapia temos o psicodrama (Jacob Levi Moreno; 1892-1974), que é uma técnica terapêutica e de diagnóstico, onde um sujeito representa num palco o seu conflito, na presença de um psiquiatra e outras pessoas que podem fazer parte das sessões do psicodrama.
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