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Querela das Investiduras
Numa época de grande fraqueza do poder papal - o século X -, os imperadores germânicos (Otões) permitiram-se escolher diretamente doze papas e depor cinco. Neste quadro de supremacia do poder temporal sobre o espiritual, a Igreja inicia uma tentativa de contrariar essa tendência e de reforçar o seu próprio poder. A partir do ano mil, este vento de reforma que começa a soprar sobre a Igreja consolidar-se-á, pelo papado, com o problema da investidura dos bispos: devem estes ser designados pelo Papa ou pelo Imperador?
Os imperadores não pretendiam renunciar à nomeação, que até então efetuavam, de dignatários, dispondo de um poder temporal considerável.
O confronto atingiu o seu ponto culminante e crítico durante o reinado de Henrique IV (1050-1106). Este recusou o entendimento com o Papa Gregório VII e, em 1076, fê-lo depor teoricamente através da dieta de Worms. O Papa respondeu, depondo e excomungando Henrique IV, preparando igualmente uma coligação para o combater. O Imperador teve que ceder e, na entrevista de Canossa, humilhar-se perante si. Este episódio constitui a maior provação da história do Império.
Excomungado uma segunda vez, Henrique e o seu exército marcharam sobre Roma (1084) e forçaram o Papa a um exílio, onde acabará por morrer. Finalmente, porém, consegue-se um acordo, através de uma fórmula intermédia: os bispos serão investidos como pastores espirituais pelo Papa, antes de serem como senhores temporais pelo soberano.
Mais tarde renascerão as dissensões entre o Império e o papado, com Frederico I Barba-Roxa a tentar dominar os territórios italianos. Este imperador também se humilhou em Veneza, em 1177, portanto um século depois de Canossa, perante Alexandre III, recuperando pela Paz de Constança, em 1183, o seu domínio sobre a península itálica.
Com Frederico II, na primeira metade do século XIII, as lutas entre o sacerdócio e o Império atingiram o auge. Os papas Inocêncio III (falecido em 1216), Gregório IX (1227-1241) e Inocêncio IV (1243-1254) enfrentaram o Imperador com sortes diferentes. O papado saiu, aparentemente, vitorioso no Concílio de Lyon, com a excomunhão e deposição de Frederico II.
Contudo, o espetáculo do imperador Henrique IV reduzido a mendigar a intercessão da condessa Matilde da Toscânia para obter o perdão papal, mesmo apesar do sucesso ulterior da sua política, abalou desde sempre o imaginário alemão, a ponto de, no século XIX, Bismarck legitimar o seu conflito com os católicos e o Papa com o argumento de que os Alemães não mais deveriam retornar a Canossa.
Os imperadores não pretendiam renunciar à nomeação, que até então efetuavam, de dignatários, dispondo de um poder temporal considerável.
O confronto atingiu o seu ponto culminante e crítico durante o reinado de Henrique IV (1050-1106). Este recusou o entendimento com o Papa Gregório VII e, em 1076, fê-lo depor teoricamente através da dieta de Worms. O Papa respondeu, depondo e excomungando Henrique IV, preparando igualmente uma coligação para o combater. O Imperador teve que ceder e, na entrevista de Canossa, humilhar-se perante si. Este episódio constitui a maior provação da história do Império.
Excomungado uma segunda vez, Henrique e o seu exército marcharam sobre Roma (1084) e forçaram o Papa a um exílio, onde acabará por morrer. Finalmente, porém, consegue-se um acordo, através de uma fórmula intermédia: os bispos serão investidos como pastores espirituais pelo Papa, antes de serem como senhores temporais pelo soberano.
Mais tarde renascerão as dissensões entre o Império e o papado, com Frederico I Barba-Roxa a tentar dominar os territórios italianos. Este imperador também se humilhou em Veneza, em 1177, portanto um século depois de Canossa, perante Alexandre III, recuperando pela Paz de Constança, em 1183, o seu domínio sobre a península itálica.
Com Frederico II, na primeira metade do século XIII, as lutas entre o sacerdócio e o Império atingiram o auge. Os papas Inocêncio III (falecido em 1216), Gregório IX (1227-1241) e Inocêncio IV (1243-1254) enfrentaram o Imperador com sortes diferentes. O papado saiu, aparentemente, vitorioso no Concílio de Lyon, com a excomunhão e deposição de Frederico II.
Contudo, o espetáculo do imperador Henrique IV reduzido a mendigar a intercessão da condessa Matilde da Toscânia para obter o perdão papal, mesmo apesar do sucesso ulterior da sua política, abalou desde sempre o imaginário alemão, a ponto de, no século XIX, Bismarck legitimar o seu conflito com os católicos e o Papa com o argumento de que os Alemães não mais deveriam retornar a Canossa.
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Como referenciar
Porto Editora – Querela das Investiduras na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-12 20:24:29]. Disponível em
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