2 min
Querelle, um pacto com o diabo
Drama surreal franco-alemão realizado em 1982 por Rainer Werner Fassbinder, Querelle - Ein Pakt mit dem Teufel foi interpretado por Brad Davis, Franco Nero, Jeanne Moreau, Hanno Poschl, Laurent Malet e Gunther Kaufmann, entre outros. O argumento foi escrito por Fassbinder e Burkhardt Driest, adaptando o livro Querelle de Brest, de Jean Genet.
A história centra-se num jovem marinheiro chamado Querelle (Brad Davis) que chega ao porto de Brest, onde nada é aquilo que parece. O dono do bar local, Nono (Gunther Kaufman), também gere um bordel onde prostitui a própria mulher, Lysiane (Jeanne Moreau). Nono tem por hábito jogar com os seus clientes aos dados. Se ganharem, podem ter relações sexuais com Lysiane. Se perderem, são sodomizados por ele. Lysiane tem por amante declarado Robert (Hanno Poschl), irmão de Querelle. Querelle desperta o desejo de muitos à sua volta, principalmente do seu comandante, o tenente Seblon (Franco Nero), que o contempla à distância, contando do seu desejo para um gravador. Querelle, contudo, pretende provar a si próprio que é capaz de levar a cabo dois crimes: o de um colega marinheiro e o do seu próprio suicídio. Fica então num dilema. Tornar-se-á um herói por via do seu desejo de testar os limites da justiça ou será reduzido a um objeto? Uma discussão acerca dos méritos do sexo entre homens conduz Querelle ao assassínio do colega Vic. Entretanto, no bordel, Querelle perde de propósito aos dados com Nono e descobre o seu gosto por relações homossexuais passivas. Outro marinheiro, Gil, que se assemelha muitíssimo com o irmão de Querelle (e é interpretado pelo mesmo ator), mata outro colega e passa a ser procurado pela polícia pelo seu crime e pelo de Querelle. Fortes laços de amizade vão então desenvolver-se entre Gil e Querelle, conhecendo este o sabor do amor e da traição.
Polémico como todos os trabalhos de Jean Genet - misógino ladrão, para além de artista - o filme joga grande parte dos seus méritos no ambiente claustrofóbico e estilizado que Fassbinder (também ele um autor maldito) fez sobrepor às interpretações, propositadamente pouco trabalhadas. Nota-se um efeito de espelho entre a ficção e a realidade do(s) seu(s) autor(es), colocando-se Fassbinder numa posição quase laboratorial, dando ao filme um cunho de artifício que é comentado e sublinhado do exterior. É, pois, mais uma experiência sensorial do que uma narrativa convencional. Acabou por ser o último filme do seu autor, que morreu de "overdose" quando estava na fase de montagem, pondo um fim precoce a uma breve mas intensa carreira.
A história centra-se num jovem marinheiro chamado Querelle (Brad Davis) que chega ao porto de Brest, onde nada é aquilo que parece. O dono do bar local, Nono (Gunther Kaufman), também gere um bordel onde prostitui a própria mulher, Lysiane (Jeanne Moreau). Nono tem por hábito jogar com os seus clientes aos dados. Se ganharem, podem ter relações sexuais com Lysiane. Se perderem, são sodomizados por ele. Lysiane tem por amante declarado Robert (Hanno Poschl), irmão de Querelle. Querelle desperta o desejo de muitos à sua volta, principalmente do seu comandante, o tenente Seblon (Franco Nero), que o contempla à distância, contando do seu desejo para um gravador. Querelle, contudo, pretende provar a si próprio que é capaz de levar a cabo dois crimes: o de um colega marinheiro e o do seu próprio suicídio. Fica então num dilema. Tornar-se-á um herói por via do seu desejo de testar os limites da justiça ou será reduzido a um objeto? Uma discussão acerca dos méritos do sexo entre homens conduz Querelle ao assassínio do colega Vic. Entretanto, no bordel, Querelle perde de propósito aos dados com Nono e descobre o seu gosto por relações homossexuais passivas. Outro marinheiro, Gil, que se assemelha muitíssimo com o irmão de Querelle (e é interpretado pelo mesmo ator), mata outro colega e passa a ser procurado pela polícia pelo seu crime e pelo de Querelle. Fortes laços de amizade vão então desenvolver-se entre Gil e Querelle, conhecendo este o sabor do amor e da traição.
Polémico como todos os trabalhos de Jean Genet - misógino ladrão, para além de artista - o filme joga grande parte dos seus méritos no ambiente claustrofóbico e estilizado que Fassbinder (também ele um autor maldito) fez sobrepor às interpretações, propositadamente pouco trabalhadas. Nota-se um efeito de espelho entre a ficção e a realidade do(s) seu(s) autor(es), colocando-se Fassbinder numa posição quase laboratorial, dando ao filme um cunho de artifício que é comentado e sublinhado do exterior. É, pois, mais uma experiência sensorial do que uma narrativa convencional. Acabou por ser o último filme do seu autor, que morreu de "overdose" quando estava na fase de montagem, pondo um fim precoce a uma breve mas intensa carreira.
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Como referenciar
Porto Editora – Querelle, um pacto com o diabo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-09 10:30:32]. Disponível em
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Porto Editora – Querelle, um pacto com o diabo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-09 10:30:32]. Disponível em