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Regência Inglesa
O termo regência prende-se aqui com o facto de, apesar de a sua titularidade não estar adstrita a qualquer indivíduo de origem britânica, na prática as figuras cimeiras da governação de Portugal entre 1807 e 1820 serem os militares daquela nacionalidade. Além disso, a influência inglesa era então bem patente em vários outros domínios da vida nacional.
Depois da invasão sem oposição de Junot, general de Napoleão, a família real portuguesa, a corte e as mais altas magistraturas e funcionários superiores da nação abandonam o País em direção ao Brasil, onde se fixam ao todo mais de 10 000 pessoas. O País fica desprovido dos quadros do seu aparelho administrativo. Em 1808, dá-se o desembarque inglês na Figueira e consequente expulsão dos franceses. Mas não é só aqui que nasce a dominação inglesa: os navios que levaram a comitiva real para o Brasil eram ingleses.
Havia muito tempo que o País estava submetido aos interesses e imposições inglesas, particularmente visíveis nos acordos comerciais altamente desfavoráveis para Portugal. A própria mudança da corte para o Brasil obedecia a conversações secretas entre Portugal e Inglaterra, em Londres, em 1807, mal se pressentia a ameaça de Junot. Na base destas conversações, mais do que garantir a integridade da família real, estava o interesse britânico pela abertura "às nações amigas" dos portos brasileiros ao comércio e navegação, quebrando-se a exclusividade nacional, o que de facto ocorreu em 29 de janeiro de 1809. Era, neste tempo, a Inglaterra a dominadora exclusiva dos mares e a nação mais "amiga" de Portugal. O Tratado de Amizade e Aliança e um outro, de Navegação e Comércio, serão assinados em 1810 no Rio de Janeiro. Protegia-se a família real e a Casa de Bragança, consagrava-se a reciprocidade mas também se estendiam os privilégios comerciais ingleses, não só ao Brasil, mas a todas as colónias lusas.
Nas invasões de 1809 e 1810, os ingleses mantêm-se no nosso país, organizando a defesa militar com brilho mas cometendo já abusos de autoridade e arbitrariedades inqualificáveis, de que é exemplo o fuzilamento do comandante da fortaleza de Almeida por não ter resistido mais a Massena. A situação do País depois das invasões francesas era deplorável, com miséria, devastação, abandono dos campos, mutilados, 10 000 mortos, famíllias desfeitas, o tecido produtivo destruído. Só o vinho do Porto, monopólio inglês, conhecia progressos. As pilhagens francesas e inglesas tinham sido imensas. O governo estava no Brasil, aí se demorando e sem sinais de regresso, representado na metrópole por uma regência (junta governativa) impotente e fraca, dominada pelos militares ingleses.
Até 1814, combater-se-á os franceses, perseguindo-os até França, com os ingleses a mobilizarem jovens portugueses à força sem qualquer tipo de opinião ou autoridade das chefias portuguesas, completamente dominadas pelos militares ingleses, instalados nos mais altos cargos - para além do controlo económico do País - desde 1809, quando o comando do exército português (única força real do País) é atribuído, com plenos poderes, ao general Beresford (eleito depois marechal), coadjuvado por compatriotas. Gozava, por isso, de poderes semelhantes aos de um vice-rei, quase soberanos e de direção absoluta. Impunha medidas repressivas até, não poupando os quadros superiores do exército nacional, ao ponto de ter ordenado a execução, em 1817, do general Gomes Freire de Andrade, ilustre figura portuguesa, e de outros sob a acusação de franco-maçonaria e tentativa de conspiração, num clima anti-liberal. O ódio aos ingleses crescia, aliás como a miséria e a sensação de abandono da população. O País encontrava-se em estado de mobilização permanente, absorvendo o exército quase todas as receitas públicas, substituindo os órgãos centrais de poder ausentes. O domínio inglês era, por isso, ainda mais avassalador.
As relações entre exército (ingleses) e junta governativa eram tensas e difíceis, pendendo favoravelmente para o primeiro. Registavam-se, contudo, crispações entre oficiais dos dois países. Crise militar e económica, oposição ao absolutismo, ausência de poder real, domínio pleno dos ingleses (mesmo nas fábricas, onde os seus quadros substituem os portugueses, aumentando o desemprego), descontentamento generalizado. Assim estava o país em 1820.
Os poderes de Beresford serão ampliados nesse ano, quando visita a família real no Rio, até que, em 24 de agosto do mesmo ano, uma sublevação militar iniciada no Porto, apoiada pelo Sinédrio e implantada no País, não deixa o regente militar inglês desembarcar em Portugal, obrigando-o a rumar a Inglaterra. Instaura-se o liberalismo em Portugal, fazendo-se entretanto regressar a família real. O domínio inglês do País terminou, nos moldes em que se vinha verificando, apesar de economicamente continuar enraizado.
Depois da invasão sem oposição de Junot, general de Napoleão, a família real portuguesa, a corte e as mais altas magistraturas e funcionários superiores da nação abandonam o País em direção ao Brasil, onde se fixam ao todo mais de 10 000 pessoas. O País fica desprovido dos quadros do seu aparelho administrativo. Em 1808, dá-se o desembarque inglês na Figueira e consequente expulsão dos franceses. Mas não é só aqui que nasce a dominação inglesa: os navios que levaram a comitiva real para o Brasil eram ingleses.
Havia muito tempo que o País estava submetido aos interesses e imposições inglesas, particularmente visíveis nos acordos comerciais altamente desfavoráveis para Portugal. A própria mudança da corte para o Brasil obedecia a conversações secretas entre Portugal e Inglaterra, em Londres, em 1807, mal se pressentia a ameaça de Junot. Na base destas conversações, mais do que garantir a integridade da família real, estava o interesse britânico pela abertura "às nações amigas" dos portos brasileiros ao comércio e navegação, quebrando-se a exclusividade nacional, o que de facto ocorreu em 29 de janeiro de 1809. Era, neste tempo, a Inglaterra a dominadora exclusiva dos mares e a nação mais "amiga" de Portugal. O Tratado de Amizade e Aliança e um outro, de Navegação e Comércio, serão assinados em 1810 no Rio de Janeiro. Protegia-se a família real e a Casa de Bragança, consagrava-se a reciprocidade mas também se estendiam os privilégios comerciais ingleses, não só ao Brasil, mas a todas as colónias lusas.
Nas invasões de 1809 e 1810, os ingleses mantêm-se no nosso país, organizando a defesa militar com brilho mas cometendo já abusos de autoridade e arbitrariedades inqualificáveis, de que é exemplo o fuzilamento do comandante da fortaleza de Almeida por não ter resistido mais a Massena. A situação do País depois das invasões francesas era deplorável, com miséria, devastação, abandono dos campos, mutilados, 10 000 mortos, famíllias desfeitas, o tecido produtivo destruído. Só o vinho do Porto, monopólio inglês, conhecia progressos. As pilhagens francesas e inglesas tinham sido imensas. O governo estava no Brasil, aí se demorando e sem sinais de regresso, representado na metrópole por uma regência (junta governativa) impotente e fraca, dominada pelos militares ingleses.
Até 1814, combater-se-á os franceses, perseguindo-os até França, com os ingleses a mobilizarem jovens portugueses à força sem qualquer tipo de opinião ou autoridade das chefias portuguesas, completamente dominadas pelos militares ingleses, instalados nos mais altos cargos - para além do controlo económico do País - desde 1809, quando o comando do exército português (única força real do País) é atribuído, com plenos poderes, ao general Beresford (eleito depois marechal), coadjuvado por compatriotas. Gozava, por isso, de poderes semelhantes aos de um vice-rei, quase soberanos e de direção absoluta. Impunha medidas repressivas até, não poupando os quadros superiores do exército nacional, ao ponto de ter ordenado a execução, em 1817, do general Gomes Freire de Andrade, ilustre figura portuguesa, e de outros sob a acusação de franco-maçonaria e tentativa de conspiração, num clima anti-liberal. O ódio aos ingleses crescia, aliás como a miséria e a sensação de abandono da população. O País encontrava-se em estado de mobilização permanente, absorvendo o exército quase todas as receitas públicas, substituindo os órgãos centrais de poder ausentes. O domínio inglês era, por isso, ainda mais avassalador.
As relações entre exército (ingleses) e junta governativa eram tensas e difíceis, pendendo favoravelmente para o primeiro. Registavam-se, contudo, crispações entre oficiais dos dois países. Crise militar e económica, oposição ao absolutismo, ausência de poder real, domínio pleno dos ingleses (mesmo nas fábricas, onde os seus quadros substituem os portugueses, aumentando o desemprego), descontentamento generalizado. Assim estava o país em 1820.
Os poderes de Beresford serão ampliados nesse ano, quando visita a família real no Rio, até que, em 24 de agosto do mesmo ano, uma sublevação militar iniciada no Porto, apoiada pelo Sinédrio e implantada no País, não deixa o regente militar inglês desembarcar em Portugal, obrigando-o a rumar a Inglaterra. Instaura-se o liberalismo em Portugal, fazendo-se entretanto regressar a família real. O domínio inglês do País terminou, nos moldes em que se vinha verificando, apesar de economicamente continuar enraizado.
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Como referenciar
Porto Editora – Regência Inglesa na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-13 13:16:11]. Disponível em
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