Regra de S. Bento
Trata-se de um texto escrito por S. Bento (c. 480 - c. 547) no fim da sua vida, composto a partir de 530. Hoje, admite-se que Bento de Núrsia utilizou uma regra anónima ligeiramente anterior, a Regula Magistri (ou "Regra do Mestre"), cuja redação se deve situar entre 500 e 530.
"Monumento de vastas proporções, de arquitetura sólida", a Regra de S. Bento coloca um abade à cabeça de cada mosteiro (abade deriva do siríaco apa, pai, cuja helenização deu abbas, assim passando ao latim). Se a "Regra do Mestre" determina que o abade deve ser designado pelo predecessor, a Regra de S. Bento prevê a sua eleição pela comunidade, à cabeça da qual será colocado. O abade, segundo S. Bento, deverá amar os seus monges como seus filhos e fazer-se amar por eles.
Rigorosa e exigente no que concerne à disciplina e ao respeito, estrita quanto ao cumprimento do ofício divino, esta Regra distingue-se, todavia, pelo seu carácter humano, fonte de misericórdia e de harmonia. Introduz, igualmente, uma mudança decisiva: as comunidades monásticas, até então a maior parte delas laicas, são a partir de S. Bento compostas de sacerdotes e irmãos leigos.
Nascida das experiências quotidianas da vida comunitária, não seguindo um plano lógico estrito, mas distinguindo-se por um sentido de precisão que atinge os mais pequenos detalhes, serviu de base a todas as regras e textos normativos posteriores.
A princípio com limitada influência, a Regra começou a ser largamente difundida na época carolíngia, com Bento de Aniana, graças à autoridade na Igreja de Gregório, "o Grande", que confere um lugar de destaque a S. Bento e à sua época. Torna-se mesmo, na época românica, o documento fundamental da vida monástica, servindo de modelo a um grande número de novas ordens que a adotam ou nela se inspiram. A ação dos beneditinos (como dos cistercienses, também seguidores da Regra de S. Bento) alterará profundamente a Europa Ocidental e medieval em todos os seus domínios, fazendo com que S. Bento seja considerado o "Pai da Europa", o fundador do ideal europeu. Por outro lado, a Regra de S. Bento unificará e revitalizará o monaquismo ocidental, visto estar melhor adaptada aos novos tempos e aos monges da Europa Atlântica.
Em Portugal, entra com carácter definitivo e de forma clara depois do Concílio Coiança (Castela), em 1020.
A Regra de S. Bento foi o melhor sustentáculo da Igreja Medieval primitiva. Rompendo com o ascetismo intransigente do monaquismo oriental, instituiu uma vida comunitária rigorosa, mas razoável e equilibrada. Os seus vetores fundamentais são a humildade, a pobreza, a obediência ao Padre Abade e o respeito pela liturgia. Seis séculos depois da morte de S. Bento ainda não existia outra regra monástica no Ocidente. Tinha já fornecido 20 papas e inúmeros missionários. O ensino nas abadias beneditinas nos períodos agitados era o único sistema de formação de homens cultos e de administradores, cada vez mais confrontados com formas de governos mais complexas.
Esta Regra ainda hoje se mantém viva em milhares de mosteiros no mundo inteiro.
"Monumento de vastas proporções, de arquitetura sólida", a Regra de S. Bento coloca um abade à cabeça de cada mosteiro (abade deriva do siríaco apa, pai, cuja helenização deu abbas, assim passando ao latim). Se a "Regra do Mestre" determina que o abade deve ser designado pelo predecessor, a Regra de S. Bento prevê a sua eleição pela comunidade, à cabeça da qual será colocado. O abade, segundo S. Bento, deverá amar os seus monges como seus filhos e fazer-se amar por eles.
Rigorosa e exigente no que concerne à disciplina e ao respeito, estrita quanto ao cumprimento do ofício divino, esta Regra distingue-se, todavia, pelo seu carácter humano, fonte de misericórdia e de harmonia. Introduz, igualmente, uma mudança decisiva: as comunidades monásticas, até então a maior parte delas laicas, são a partir de S. Bento compostas de sacerdotes e irmãos leigos.
Nascida das experiências quotidianas da vida comunitária, não seguindo um plano lógico estrito, mas distinguindo-se por um sentido de precisão que atinge os mais pequenos detalhes, serviu de base a todas as regras e textos normativos posteriores.
A princípio com limitada influência, a Regra começou a ser largamente difundida na época carolíngia, com Bento de Aniana, graças à autoridade na Igreja de Gregório, "o Grande", que confere um lugar de destaque a S. Bento e à sua época. Torna-se mesmo, na época românica, o documento fundamental da vida monástica, servindo de modelo a um grande número de novas ordens que a adotam ou nela se inspiram. A ação dos beneditinos (como dos cistercienses, também seguidores da Regra de S. Bento) alterará profundamente a Europa Ocidental e medieval em todos os seus domínios, fazendo com que S. Bento seja considerado o "Pai da Europa", o fundador do ideal europeu. Por outro lado, a Regra de S. Bento unificará e revitalizará o monaquismo ocidental, visto estar melhor adaptada aos novos tempos e aos monges da Europa Atlântica.
Em Portugal, entra com carácter definitivo e de forma clara depois do Concílio Coiança (Castela), em 1020.
A Regra de S. Bento foi o melhor sustentáculo da Igreja Medieval primitiva. Rompendo com o ascetismo intransigente do monaquismo oriental, instituiu uma vida comunitária rigorosa, mas razoável e equilibrada. Os seus vetores fundamentais são a humildade, a pobreza, a obediência ao Padre Abade e o respeito pela liturgia. Seis séculos depois da morte de S. Bento ainda não existia outra regra monástica no Ocidente. Tinha já fornecido 20 papas e inúmeros missionários. O ensino nas abadias beneditinas nos períodos agitados era o único sistema de formação de homens cultos e de administradores, cada vez mais confrontados com formas de governos mais complexas.
Esta Regra ainda hoje se mantém viva em milhares de mosteiros no mundo inteiro.
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Como referenciar
Porto Editora – Regra de S. Bento na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-20 05:15:22]. Disponível em
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