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Reino de Castela
Reino medieval espanhol resultante da emancipação crescente de um condado vassalo do reino de Leão, do qual era a região meridional e frente da Reconquista Cristã.
Durante cerca de dois séculos a partir da invasão muçulmana, em 711, a região de Castela estava restringida a uma comarca dentro do reino de Leão e Astúrias, do qual era a zona fronteiriça mais desprotegida e menos habitada, devastada que fora pela Reconquista. A partir do século IX, o escasso povoamento tende a reagrupar-se, construindo-se, para a sua defesa, uma série de fortalezas no norte da atual província de Burgos.
Todavia, até ao século X, esta comarca fronteiriça não despertava o interesse da nobreza ou das Ordens religiosas, apesar dos esforços de povoamento promovidos por alguns soberanos ásture-leoneses no século IX, com gentes da Cantábria ou das Vascongadas. Um desses reis, Ordonho I (850-866), instituiu o título de conde de Castela, vassalo da monarquia leonesa. Fernán González, conde entre 923 e 970, submeteu ao seu governo, para além de Castela, outros condados vizinhos, conquistando um poder idêntico ao do rei de Leão, em parte devido aos seus esforços na reconquista de terras aos Mouros, vencendo, povoando e governando. Conseguiu também tornar o título condal de Castela um cargo vitalício e hereditário, reforçando a sua autonomia, sem deixar, contudo, de reconhecer o monarca leonês como suserano.
Nesta fase de desvinculação progressiva de Castela a Leão, um facto adverso surgiu: a contraofensiva árabe de Almançor, que devastou a região e obrigou a fronteira castelhana a recuar para norte do Douro. Afastado o perigo árabe, surgiu a sua anexação pelo reino de Navarra em 1029, cujo rei, Sancho III, nomeou seu filho, Fernando, conde de Castela. À morte de Sancho, com Castela já um reino (vassalo de Leão), Fernando ocupou o seu trono, o mesmo fazendo com o de Leão por via do seu casamento com a irmã do rei leonês. Separá-los-ia, porém, aos dois reinos, no seu testamento: seus filhos, Sancho e Afonso, tornaram-se reis de Castela e Leão, respetivamente, ocupando o primeiro o trono até 1072, quando lhe sucedeu o irmão como rei de Leão e Castela (com o nome de Afonso VI). Esta nova união conduziu Castela a um avanço reconquistador até ao Tejo, com a tomada de Toledo em 1085. Com a morte de Afonso VI, sem descendência varonil, sucedeu-lhe D. Urraca, sua filha, unindo-se aqui a história de Leão e Castela com a do Condado Portucalense. Suceder-lhe-ia Afonso VII (primo de D. Afonso Henriques), depois da tentativa de união de Leão e Castela com Aragão através do fracassado casamento de D. Urraca com Afonso I de Aragão, sem apoio da nobreza e clero do reino.
Castela e Leão, unidos sob Afonso VII, separaram-se com a sua morte. Com um dos seus sucessores, Afonso IX, Castela progrediu ainda mais para sul, alcançando-se a vitória sobre os Árabes em Navas de Tolosa em 1212, com a ajuda de outros reinos peninsulares (Portugal, por exemplo), estendendo-se assim o seu domínio até à Andaluzia, que voltaria a ser ocupada pelos castelhanos no reinado de Fernando III, o Santo. Este soberano, pelos acordos com os Almóadas (dinastia árabe), conquistou a Baixa Extremadura, Sevilha, Córdova, Jaén e Múrcia. Em 1230, anexou Leão. A sua obra de consolidação do reino de Castela, baseada na expansão económica e territorial e no repovoamento, foi continuada por seus sucessores, entre eles Afonso X, o Sábio. A pecuária (gado ovino) e o repovoamento cristão da Andaluzia, região rica por excelência, dotariam Castela de grande prosperidade em meados do século XIV, mais tarde devastada, porém, por epidemias e pela Peste Negra (1348).
Foi também neste século que se agudizaram os confrontos entre a monarquia e a nobreza, principalmente no reinado de Pedro o Cruel, entre 1350 e 1369, favorável à burguesia em detrimento dos privilégios nobiliárquicos. Com o seu assassinato pelo irmão, Henrique II de Trastâmara, rei entre 1369 e 1379, a nobreza recuperou as benesses e favores reais. Com João I, seu sucessor, Castela intrometeu-se, sem êxito, na sucessão da Coroa portuguesa, sendo derrotada em Aljubarrota em 1385. Os conflitos da nobreza com o rei reacenderam-se no século XIV, culminando com a vitória de Henrique IV em Olmedo, em 1467. Com a sua morte, estalou a guerra civil de 1475-79 pela sucessão, entre Joana, sua filha (casada com Afonso V de Portugal, pretendente ao trono de Castela), e Isabel, sua tia. Em Toro (1476), Isabel venceu Joana e Afonso V e subiu ao trono. Pelo seu casamento com Fernando de Aragão em 1469, une-se a coroa de Castela com este reino, fundindo-se a sua história e nascendo a nação espanhola.
Durante cerca de dois séculos a partir da invasão muçulmana, em 711, a região de Castela estava restringida a uma comarca dentro do reino de Leão e Astúrias, do qual era a zona fronteiriça mais desprotegida e menos habitada, devastada que fora pela Reconquista. A partir do século IX, o escasso povoamento tende a reagrupar-se, construindo-se, para a sua defesa, uma série de fortalezas no norte da atual província de Burgos.
Todavia, até ao século X, esta comarca fronteiriça não despertava o interesse da nobreza ou das Ordens religiosas, apesar dos esforços de povoamento promovidos por alguns soberanos ásture-leoneses no século IX, com gentes da Cantábria ou das Vascongadas. Um desses reis, Ordonho I (850-866), instituiu o título de conde de Castela, vassalo da monarquia leonesa. Fernán González, conde entre 923 e 970, submeteu ao seu governo, para além de Castela, outros condados vizinhos, conquistando um poder idêntico ao do rei de Leão, em parte devido aos seus esforços na reconquista de terras aos Mouros, vencendo, povoando e governando. Conseguiu também tornar o título condal de Castela um cargo vitalício e hereditário, reforçando a sua autonomia, sem deixar, contudo, de reconhecer o monarca leonês como suserano.
Nesta fase de desvinculação progressiva de Castela a Leão, um facto adverso surgiu: a contraofensiva árabe de Almançor, que devastou a região e obrigou a fronteira castelhana a recuar para norte do Douro. Afastado o perigo árabe, surgiu a sua anexação pelo reino de Navarra em 1029, cujo rei, Sancho III, nomeou seu filho, Fernando, conde de Castela. À morte de Sancho, com Castela já um reino (vassalo de Leão), Fernando ocupou o seu trono, o mesmo fazendo com o de Leão por via do seu casamento com a irmã do rei leonês. Separá-los-ia, porém, aos dois reinos, no seu testamento: seus filhos, Sancho e Afonso, tornaram-se reis de Castela e Leão, respetivamente, ocupando o primeiro o trono até 1072, quando lhe sucedeu o irmão como rei de Leão e Castela (com o nome de Afonso VI). Esta nova união conduziu Castela a um avanço reconquistador até ao Tejo, com a tomada de Toledo em 1085. Com a morte de Afonso VI, sem descendência varonil, sucedeu-lhe D. Urraca, sua filha, unindo-se aqui a história de Leão e Castela com a do Condado Portucalense. Suceder-lhe-ia Afonso VII (primo de D. Afonso Henriques), depois da tentativa de união de Leão e Castela com Aragão através do fracassado casamento de D. Urraca com Afonso I de Aragão, sem apoio da nobreza e clero do reino.
Castela e Leão, unidos sob Afonso VII, separaram-se com a sua morte. Com um dos seus sucessores, Afonso IX, Castela progrediu ainda mais para sul, alcançando-se a vitória sobre os Árabes em Navas de Tolosa em 1212, com a ajuda de outros reinos peninsulares (Portugal, por exemplo), estendendo-se assim o seu domínio até à Andaluzia, que voltaria a ser ocupada pelos castelhanos no reinado de Fernando III, o Santo. Este soberano, pelos acordos com os Almóadas (dinastia árabe), conquistou a Baixa Extremadura, Sevilha, Córdova, Jaén e Múrcia. Em 1230, anexou Leão. A sua obra de consolidação do reino de Castela, baseada na expansão económica e territorial e no repovoamento, foi continuada por seus sucessores, entre eles Afonso X, o Sábio. A pecuária (gado ovino) e o repovoamento cristão da Andaluzia, região rica por excelência, dotariam Castela de grande prosperidade em meados do século XIV, mais tarde devastada, porém, por epidemias e pela Peste Negra (1348).
Foi também neste século que se agudizaram os confrontos entre a monarquia e a nobreza, principalmente no reinado de Pedro o Cruel, entre 1350 e 1369, favorável à burguesia em detrimento dos privilégios nobiliárquicos. Com o seu assassinato pelo irmão, Henrique II de Trastâmara, rei entre 1369 e 1379, a nobreza recuperou as benesses e favores reais. Com João I, seu sucessor, Castela intrometeu-se, sem êxito, na sucessão da Coroa portuguesa, sendo derrotada em Aljubarrota em 1385. Os conflitos da nobreza com o rei reacenderam-se no século XIV, culminando com a vitória de Henrique IV em Olmedo, em 1467. Com a sua morte, estalou a guerra civil de 1475-79 pela sucessão, entre Joana, sua filha (casada com Afonso V de Portugal, pretendente ao trono de Castela), e Isabel, sua tia. Em Toro (1476), Isabel venceu Joana e Afonso V e subiu ao trono. Pelo seu casamento com Fernando de Aragão em 1469, une-se a coroa de Castela com este reino, fundindo-se a sua história e nascendo a nação espanhola.
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Como referenciar
Porto Editora – Reino de Castela na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-15 05:28:32]. Disponível em
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