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Religião e Mitologia Gregas
Na mitologia grega, em torno dos deuses desenvolve-se um ciclo de aventuras que se fundem com a personalidade dos deuses, construindo os mitos. Estes mitos têm como fontes de inspiração o motivo do conto, encontrado em temas sociais, morais ou mágicos, a história transformada em lenda, e a aitia, isto é, a explicação de um facto natural estranho.
Na literatura estão sempre presentes os mitos. Homero e Hesíodo são talvez os autores que lhes conferem a forma definitiva. Estes podem apresentar variações regionais e versões antagónicas. Por exemplo, Ésquilo interpreta-os de uma forma original e Aristófanes brinca com as desfigurações dos deuses.
A religião grega era uma religião coletiva, das cidades-estados, que vivia de manifestações externas e de práticas que excluíam o misticismo de carácter individual, ou seja, é uma religião de Estado ou um fenómeno social. Era um dos traços de união de todas as pólis.
Nesta religião, pode distinguir-se um conjunto de correntes místicas, nas quais os crentes, depois de terem ultrapassado a fase dos ritos de iniciação, participavam nas cerimónias sagradas. Os Mistérios de Elêusis representam uma destas correntes da religiosidade grega, sobre a qual pouco se conhece, pelo facto de se revestir de um forte secretismo, mantido ao longo de muitos séculos, sendo destronada apenas pelo cristianismo.
Todos os cidadãos atenienses eram iniciados nestes mistérios; só depois eram aceites os restantes gregos e, por fim, os imperadores romanos, como foi o caso de Antonino Pio. As duas únicas condições impostas aos adeptos deste culto era saberem a língua grega e nunca terem cometido algum homicídio.
Alguns autores procuraram encontrar as raízes deste culto agrário, algures no Egito ou em Creta, enquanto outros em Micenas. Os dados arqueológicos parecem indicar como mais provável a época micénica, de onde data a mais antiga planta do Telesterion.
Os Mistérios eram celebrados anualmente, no mês de setembro, prolongando-se até ao início de outubro. O centro destas festividades era a aparição do hierofante, vestido com os trajes sacerdotais e inundado em luz; isto segundo informações fornecidas por Plutarco.
O Orfismo também era outra das correntes místicas gregas. Um dos problemas levantados pelo estudo desta manifestação religiosa é estabelecer uma relação entre o Orfeu e o poeta, impossível de encontrar antes do século V a. C.
O Orfismo tem como práticas doutrinárias o não derramamento de sangue, o vegetarianismo, a teoria de que o corpo é a prisão da alma, e a crença na purificação dos pecados através de ritos.
Esta questão tende a complicar-se pois é frequentemente confundida com o Pitagorismo, com quem partilha alguns pontos de vista.
O culto dionisíaco, também ele uma corrente mística, é exterior à mentalidade grega, mas no entanto domina-a totalmente uma vez que a figura desta divindade é absolutamente essencial na religiosidade grega.
Dionísio era o deus da vida, simbolizado pela videira e a hera, sendo representado na companhia de Sátiros e Ménades; os devotos prestavam-lhe um culto selvático. Num período de dois em dois anos, durante a estação do inverno, um grupo de mulheres, parcamente vestidas e sem calçado, escalava, ao som de música, as montanhas da Grécia, em especial do Parnaso, onde se dançava e corria. No ponto alto deste ritual matavam um animal selvagem e, de seguida, comiam-no, para, segundo a tradição, alcançarem a vitalidade deste deus.
Estas celebrações não eram permitidas em Atenas; esta cidade mandava apenas uma delegação em sua representação. Aqui, em honra de Dionísio, havia quatro festas anuais, e em Delfos o seu culto foi admitido no santuário durante o inverno, quando Apolo passava para os Hiperbóreos.
O oráculo de Delfos é o expoente máximo do legalismo, isto é, do esforço para merecer o favor dos deuses. Este local era muito concorrido no mundo grego, pois acreditava-se que através dele Apolo manifestava as suas sentenças. Na sua via sacra estavam dispostos os tesouros de cidades que lhe prestavam homenagem. Este reconhecimento ultrapassava até as fronteiras do mundo grego.
O ritual de consulta ao oráculo era iniciado com a bênção e imolação de uma cabra. Só se prosseguia esta operação se a cabra se sacudisse bem. As consultas eram feitas no dia 7 de abril, no dia de Apolo, e depois de sete em sete dias, excetuando o período do inverno. As consultas terminavam com a receção das mensagens de Apolo transmitidas pela Pítia, ou Pitonisa.
A religião grega, como já foi dito, girava em torno de uma constelação de deuses, que se poderão agrupar em três categorias distintas, referentes a outros tantos períodos cronológicos. Há um primeiro grupo dos deuses antigos onde estão inseridos Zeus, Hera, Atena, Poseidon, Hades, Deméter, Artemisa, Hermes e Cronos. O segundo grupo, dos deuses mais recentes, é composto, entre outros, por Ares, Afrodite, Hefestos, Apolo e Dionísio. E num terceiro grupo, que reúne deuses novos considerados até um pouco estranhos, como Hécate da Cária; a Grande Mãe da Ásia Menor; e Adónis, o deus da vegetação.
Além dos deuses havia os heróis, humanos mitificados pelo seu protagonismo na história da Grécia. O local onde estes eram sepultados exercia uma função protetora.
Por norma, os heróis não se misturam ou confundem com os deuses, à exceção de Asclépios (ou Escolápio, em Roma) em Epidauro, um mortal imortalizado e transformado em deus da Saúde, ou Héracles (ou Hércules, em Roma), o maior herói grego.
Em nenhum lugar como na Grécia houve uma relação tão sui generis do homem com as divindades a quem prestava culto. E houve já quem referisse o facto de os Gregos "terem criado os seus deuses à sua imagem e semelhança". Envolvidos em lendas veiculadas por Homero e Hesíodo, as divindades gregas apresentavam-se como uma vasta família de seres imortais; eram consideradas entes superiores pela sua força, beleza, capacidade de se poderem transformar (metamorfose) e pelos seus poderes sobrenaturais. Porém, e à semelhança dos seres humanos, tinham vícios e virtudes, eram cruéis, invejosos, mentirosos, belos ou feios. Como os humanos, também se envolviam em intrigas e faziam dos mortais joguetes dos seus caprichos, como se pode observar no magistral "Concílio dos Deuses" cantado por Luís de Camões n' "Os Lusíadas". Viviam no Olimpo, montanha sagrada, venerada pelos povos gregos.
Aos deuses estavam atribuídas determinadas qualidades. Zeus era o pai dos deuses, deus do trovão e da tempestade, e tinha uma vasta família. Da sua união com Hera nasceram: Hermes, o mensageiro dos deuses e Apolo, deus da poesia e da música; Atena, protetora da cidade de Atenas e deusa da sabedoria e da guerra; Afrodite, deusa do amor; e Artemisa, deusa da caça. Nos mares e oceanos reinava Poseidon; nos infernos dominava Hades. Deméter era venerada como a deusa da agricultura e Dionísio era o deus do vinho.
Na literatura estão sempre presentes os mitos. Homero e Hesíodo são talvez os autores que lhes conferem a forma definitiva. Estes podem apresentar variações regionais e versões antagónicas. Por exemplo, Ésquilo interpreta-os de uma forma original e Aristófanes brinca com as desfigurações dos deuses.
A religião grega era uma religião coletiva, das cidades-estados, que vivia de manifestações externas e de práticas que excluíam o misticismo de carácter individual, ou seja, é uma religião de Estado ou um fenómeno social. Era um dos traços de união de todas as pólis.
Todos os cidadãos atenienses eram iniciados nestes mistérios; só depois eram aceites os restantes gregos e, por fim, os imperadores romanos, como foi o caso de Antonino Pio. As duas únicas condições impostas aos adeptos deste culto era saberem a língua grega e nunca terem cometido algum homicídio.
Alguns autores procuraram encontrar as raízes deste culto agrário, algures no Egito ou em Creta, enquanto outros em Micenas. Os dados arqueológicos parecem indicar como mais provável a época micénica, de onde data a mais antiga planta do Telesterion.
Os Mistérios eram celebrados anualmente, no mês de setembro, prolongando-se até ao início de outubro. O centro destas festividades era a aparição do hierofante, vestido com os trajes sacerdotais e inundado em luz; isto segundo informações fornecidas por Plutarco.
O Orfismo também era outra das correntes místicas gregas. Um dos problemas levantados pelo estudo desta manifestação religiosa é estabelecer uma relação entre o Orfeu e o poeta, impossível de encontrar antes do século V a. C.
O Orfismo tem como práticas doutrinárias o não derramamento de sangue, o vegetarianismo, a teoria de que o corpo é a prisão da alma, e a crença na purificação dos pecados através de ritos.
Esta questão tende a complicar-se pois é frequentemente confundida com o Pitagorismo, com quem partilha alguns pontos de vista.
O culto dionisíaco, também ele uma corrente mística, é exterior à mentalidade grega, mas no entanto domina-a totalmente uma vez que a figura desta divindade é absolutamente essencial na religiosidade grega.
Dionísio era o deus da vida, simbolizado pela videira e a hera, sendo representado na companhia de Sátiros e Ménades; os devotos prestavam-lhe um culto selvático. Num período de dois em dois anos, durante a estação do inverno, um grupo de mulheres, parcamente vestidas e sem calçado, escalava, ao som de música, as montanhas da Grécia, em especial do Parnaso, onde se dançava e corria. No ponto alto deste ritual matavam um animal selvagem e, de seguida, comiam-no, para, segundo a tradição, alcançarem a vitalidade deste deus.
Estas celebrações não eram permitidas em Atenas; esta cidade mandava apenas uma delegação em sua representação. Aqui, em honra de Dionísio, havia quatro festas anuais, e em Delfos o seu culto foi admitido no santuário durante o inverno, quando Apolo passava para os Hiperbóreos.
O oráculo de Delfos é o expoente máximo do legalismo, isto é, do esforço para merecer o favor dos deuses. Este local era muito concorrido no mundo grego, pois acreditava-se que através dele Apolo manifestava as suas sentenças. Na sua via sacra estavam dispostos os tesouros de cidades que lhe prestavam homenagem. Este reconhecimento ultrapassava até as fronteiras do mundo grego.
O ritual de consulta ao oráculo era iniciado com a bênção e imolação de uma cabra. Só se prosseguia esta operação se a cabra se sacudisse bem. As consultas eram feitas no dia 7 de abril, no dia de Apolo, e depois de sete em sete dias, excetuando o período do inverno. As consultas terminavam com a receção das mensagens de Apolo transmitidas pela Pítia, ou Pitonisa.
A religião grega, como já foi dito, girava em torno de uma constelação de deuses, que se poderão agrupar em três categorias distintas, referentes a outros tantos períodos cronológicos. Há um primeiro grupo dos deuses antigos onde estão inseridos Zeus, Hera, Atena, Poseidon, Hades, Deméter, Artemisa, Hermes e Cronos. O segundo grupo, dos deuses mais recentes, é composto, entre outros, por Ares, Afrodite, Hefestos, Apolo e Dionísio. E num terceiro grupo, que reúne deuses novos considerados até um pouco estranhos, como Hécate da Cária; a Grande Mãe da Ásia Menor; e Adónis, o deus da vegetação.
Além dos deuses havia os heróis, humanos mitificados pelo seu protagonismo na história da Grécia. O local onde estes eram sepultados exercia uma função protetora.
Por norma, os heróis não se misturam ou confundem com os deuses, à exceção de Asclépios (ou Escolápio, em Roma) em Epidauro, um mortal imortalizado e transformado em deus da Saúde, ou Héracles (ou Hércules, em Roma), o maior herói grego.
Em nenhum lugar como na Grécia houve uma relação tão sui generis do homem com as divindades a quem prestava culto. E houve já quem referisse o facto de os Gregos "terem criado os seus deuses à sua imagem e semelhança". Envolvidos em lendas veiculadas por Homero e Hesíodo, as divindades gregas apresentavam-se como uma vasta família de seres imortais; eram consideradas entes superiores pela sua força, beleza, capacidade de se poderem transformar (metamorfose) e pelos seus poderes sobrenaturais. Porém, e à semelhança dos seres humanos, tinham vícios e virtudes, eram cruéis, invejosos, mentirosos, belos ou feios. Como os humanos, também se envolviam em intrigas e faziam dos mortais joguetes dos seus caprichos, como se pode observar no magistral "Concílio dos Deuses" cantado por Luís de Camões n' "Os Lusíadas". Viviam no Olimpo, montanha sagrada, venerada pelos povos gregos.
Aos deuses estavam atribuídas determinadas qualidades. Zeus era o pai dos deuses, deus do trovão e da tempestade, e tinha uma vasta família. Da sua união com Hera nasceram: Hermes, o mensageiro dos deuses e Apolo, deus da poesia e da música; Atena, protetora da cidade de Atenas e deusa da sabedoria e da guerra; Afrodite, deusa do amor; e Artemisa, deusa da caça. Nos mares e oceanos reinava Poseidon; nos infernos dominava Hades. Deméter era venerada como a deusa da agricultura e Dionísio era o deus do vinho.
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Como referenciar
Porto Editora – Religião e Mitologia Gregas na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-08 12:38:30]. Disponível em
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