Reserva Natural do Paul do Boquilobo
O Boquilobo é uma zona plana que faz parte do leito de cheia do rio Tejo, marginada por um afluente deste último, o Almonda, e atravessada por numerosas valas e valados. Em anos de precipitação normal, quase toda a área fica submersa, variando porém o nível das águas de forma acentuada da estação das chuvas para o tempo quente, momento em que, com exceção das valas, quase tudo o mais seca.
Situado no termo da Golegã, o paul, cujo solo, de elevada capacidade agrícola, é constituído por aluviões provenientes dos depósitos feitos pelas cheias do Tejo, vive cercado de olivedos, vinhedos, hortejos e pastagens, a que se associam, consoante a época do ano, milheirais e campos de melão e de girassol. Parte da área é percorrida por manadas de cavalos e de vacas, bem como por rebanhos de cabras.
O paul, ou bunhal, como também já foi conhecido, guarda hoje apenas manchas do bunho que lhe deu o nome, seco por força da drenagem artificial dos terrenos onde vegeta ou ainda impedido de crescer por uma planta invasora e recente, o jacinto-d'água.
Em toda a área inundada da Reserva Natural surgem plantas parcialmente emersas como a espadana e o golfão-branco. Pode-se também encontrar o jacinto-d'água, que, sendo este uma planta infestante, esconde um grande conjunto de malefícios, já que, alastrando com rapidez, se encarrega de obstruir as valas de rega e cobrir progressivamente os vários planos de água, perturbando seriamente o habitat natural ao pôr em causa a sobrevivência de numerosas plantas aquáticas e anfíbias indígenas.
Ao longo das valas que sulcam o paul - Vala Nova, Vala Real e Vala da Sangria -, bem como nas margens do Almonda, podem-se observar choupos negros, freixos e salgueiro-frágil. São sobretudo os salgueiros - o salgueiro-branco, o salgueiro-preto - que dominam a paisagem do Boquilobo, encontrando-se em grande número na zona central da Reserva Natural.
É na margem direita do Almonda e numa área quase permanentemente imersa que se reúnem as condições necessárias à presença da avifauna que nela habita ou que a frequenta. Local privilegiado de nidificação, sobretudo entre abril e junho, para numerosas espécies de aves aquáticas, o paul de Boquilobo destaca-se por albergar uma numerosa colónia de garças - ainda hoje é uma das maiores da Península -, que contém um conjunto de aproximadamente 3000 ninhos.
A espécie dominante é a garça-boieira, seguindo-se-lhe em efetivo a garça-branca, o goraz e, com populações mais reduzidas, a garça-pequena, a garça-vermelha e o papa-ratos. Para além das garças existe também no paul uma colónia de gaivina-dos-pauis, espécie rara no País, de distribuição limitada e ameaçada de extinção na Europa Ocidental. Por outro lado, por se encontrar situado na rota dos migradores, o Boquilobo proporciona boas condições de invernada a grande número de anatídeos, os patos, pertencentes a várias espécies: o arrábio, o zarro, a marrequinha e o pato-colhereiro, e nidificantes como o pato-real e o marreco.
A galinha-d'água e o galeirão, bem como outras espécies aquáticas, abrigam-se e nidificam no bunho do paul, enquanto aves de presa, com a águia-pesqueira, se bem que invernante, sejam vistas durante todo o ano. O paul é também local de eleição para numerosos anfíbios - a vulgar rã, a rela, a saramântiga e o tritão -, nas suas águas vivem peixes como o ruivaço, o barbo e a carpa, enquanto o rato-d'água, muito comum, e a lontra, bem mais rara, vagueiam entre terra e água. Raposas, ginetas e toirões são os mamíferos de maior porte.
A poluição das águas, de que o rio Almonda constitui um caso típico, originada em unidades industriais situadas a montante do paul, a prática imoderada da caça, a que o atrativo da presença de milhares de aves não deixa de ser indiferente, a proliferação do jacinto-d'água, com todas as consequências ecológicas que daí advêm, e a bombagem mecânica das águas, secando parte importante do paul a fim de nela se poder desenrolar a prática agrícola, são outros tantos fatores que, a não serem devidamente controlados, podem comprometer a permanência de um habitat excecional para a sobrevivência de numerosas espécies animais.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura), no âmbito do seu programa "O Homem e a Biofera", considerou o paul do Boquilobo como uma das três centenas de reservas da biosfera representativas dos principais ecossistemas do nosso planeta e espalhadas pelos cinco continentes.
Situado no termo da Golegã, o paul, cujo solo, de elevada capacidade agrícola, é constituído por aluviões provenientes dos depósitos feitos pelas cheias do Tejo, vive cercado de olivedos, vinhedos, hortejos e pastagens, a que se associam, consoante a época do ano, milheirais e campos de melão e de girassol. Parte da área é percorrida por manadas de cavalos e de vacas, bem como por rebanhos de cabras.
O paul, ou bunhal, como também já foi conhecido, guarda hoje apenas manchas do bunho que lhe deu o nome, seco por força da drenagem artificial dos terrenos onde vegeta ou ainda impedido de crescer por uma planta invasora e recente, o jacinto-d'água.
Em toda a área inundada da Reserva Natural surgem plantas parcialmente emersas como a espadana e o golfão-branco. Pode-se também encontrar o jacinto-d'água, que, sendo este uma planta infestante, esconde um grande conjunto de malefícios, já que, alastrando com rapidez, se encarrega de obstruir as valas de rega e cobrir progressivamente os vários planos de água, perturbando seriamente o habitat natural ao pôr em causa a sobrevivência de numerosas plantas aquáticas e anfíbias indígenas.
Ao longo das valas que sulcam o paul - Vala Nova, Vala Real e Vala da Sangria -, bem como nas margens do Almonda, podem-se observar choupos negros, freixos e salgueiro-frágil. São sobretudo os salgueiros - o salgueiro-branco, o salgueiro-preto - que dominam a paisagem do Boquilobo, encontrando-se em grande número na zona central da Reserva Natural.
É na margem direita do Almonda e numa área quase permanentemente imersa que se reúnem as condições necessárias à presença da avifauna que nela habita ou que a frequenta. Local privilegiado de nidificação, sobretudo entre abril e junho, para numerosas espécies de aves aquáticas, o paul de Boquilobo destaca-se por albergar uma numerosa colónia de garças - ainda hoje é uma das maiores da Península -, que contém um conjunto de aproximadamente 3000 ninhos.
A espécie dominante é a garça-boieira, seguindo-se-lhe em efetivo a garça-branca, o goraz e, com populações mais reduzidas, a garça-pequena, a garça-vermelha e o papa-ratos. Para além das garças existe também no paul uma colónia de gaivina-dos-pauis, espécie rara no País, de distribuição limitada e ameaçada de extinção na Europa Ocidental. Por outro lado, por se encontrar situado na rota dos migradores, o Boquilobo proporciona boas condições de invernada a grande número de anatídeos, os patos, pertencentes a várias espécies: o arrábio, o zarro, a marrequinha e o pato-colhereiro, e nidificantes como o pato-real e o marreco.
A galinha-d'água e o galeirão, bem como outras espécies aquáticas, abrigam-se e nidificam no bunho do paul, enquanto aves de presa, com a águia-pesqueira, se bem que invernante, sejam vistas durante todo o ano. O paul é também local de eleição para numerosos anfíbios - a vulgar rã, a rela, a saramântiga e o tritão -, nas suas águas vivem peixes como o ruivaço, o barbo e a carpa, enquanto o rato-d'água, muito comum, e a lontra, bem mais rara, vagueiam entre terra e água. Raposas, ginetas e toirões são os mamíferos de maior porte.
A poluição das águas, de que o rio Almonda constitui um caso típico, originada em unidades industriais situadas a montante do paul, a prática imoderada da caça, a que o atrativo da presença de milhares de aves não deixa de ser indiferente, a proliferação do jacinto-d'água, com todas as consequências ecológicas que daí advêm, e a bombagem mecânica das águas, secando parte importante do paul a fim de nela se poder desenrolar a prática agrícola, são outros tantos fatores que, a não serem devidamente controlados, podem comprometer a permanência de um habitat excecional para a sobrevivência de numerosas espécies animais.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas Para a Educação, Ciência e Cultura), no âmbito do seu programa "O Homem e a Biofera", considerou o paul do Boquilobo como uma das três centenas de reservas da biosfera representativas dos principais ecossistemas do nosso planeta e espalhadas pelos cinco continentes.
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Como referenciar
Porto Editora – Reserva Natural do Paul do Boquilobo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-26 22:06:28]. Disponível em
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