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revolução
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Presume-se que o termo revolução foi importado da Astronomia, a qual assim designa a descrição de uma órbita completa de um corpo celeste. O uso do termo viria a conferir o seu significado atual, que radica na conversão da Revolução Francesa como revolução por antonomásia. Assim, a partir deste modelo de revolução, temos uma primeira definição desta como mudança radical de ideias. Revolutio é o étimo latino de revolução, embora sem o significado atual. Usava-se para designar a sucessiva passagem de um corpo de um estado a outro, ou então a "volta de algo" (re + volvere). Revolutio é a substantivação do adjetivo revolutus, particípio passado de revolvo, revolver, revolutum. Voltar de novo, dar voltas, mas também voltar ao mesmo: no plano das ideias esta última significação não tem sentido, pois perde o valor histórico que o uso do termo conferiu. Ou seja, "voltar ao mesmo" não é revolução.

Como se viu, o termo, no seu sentido atual, baseia-se na Revolução Francesa de 1789, caracterizada por uma mudança radical no plano das ideias, a qual arrastou profundas alterações nas formas de vida e no quadro das relações humanas. Da "fraternidade", que confirma a "igualdade" - elementos de mudança dessa revolução - chegou-se às palavras-chave de uma outra revolução paradigmática, a socialista: luta de classes, valor do trabalho, entre outras.

A revolução ganhou assim um cunho essencialmente político-ideológico, tornando-se, pela via marxista, o elemento-chave para a transformação do curso da história e como motor do processo mudança na conceção do poder. Aqui, através da Revolução Russa, dita socialista, de outubro de 1917, a revolução ganhou contornos de violência, tornou-se génese de luta armada como forma de um grupo, maioritário ou formado por pequenos grupos revolucionários, mudar o rumo político de um país. A revolução passou a ter, a partir da Comuna de Paris (1870) e desta Revolução Russa de 1917 ou da de Cuba em 1959, um significado de transformação violenta. Uma revolta, acontecimento isolado e mais fugaz, pode redundar numa revolução de carácter político-militar (que será assim um conjunto de revoltas, em certa medida).

Mas o termo revolução tem também uma natureza pacífica, quando essencialmente relacionado com a ciência e a tecnologia, a cultura e o pensamento, ou mesmo com a própria sociedade. Nesta, por exemplo, recorde-se a revolução feminista ao longo da segunda metade do século XX, mas com raízes anteriores. Nas ciências e na tecnologia, as descobertas do século XIX, o racionalismo, o empirismo e a industrialização, a partir das conceções liberais que a própria Revolução Francesa desencadeou, agrupam-se num todo que é a chamada revolução científica e tecnológica. Esta não é tão rápida como as de natureza política ou militar, mas pelo seu pendor para a mudança de mentalidades, comportamentos e progressos científicos operados, poderá ser designada como uma revolução constituída por um conjunto de pequenas revoluções que são as descobertas ou as invenções, algo que opera mudanças. Como exemplos destas revoluções, recordemos a invenção da imprensa de caracteres móveis, por Gutenberg (anos 40 do século XV), a própria Revolução Industrial do século XIX ou a revolução informática na segunda metade de Novecentos.

Mais lentas são as revoluções/alterações no campo das mentalidades, já que envolve processos operativos de alteração com maiores resistências e processos de perenidade fortemente enraizados não só nos grupos como em cada indivíduo. O Renascimento ou a Reforma Católica, por exemplo, são "revoluções" culturais e mentais lentas, como também o foram a revolução sexual dos anos 60/70
 

Revoluções (apenas o nome por que são conhecidas)
Liberais
1524-25 (Guerra) dos Camponeses
1642-1653 Primeira revolução inglesa (republicanismo)
1688-89 "Gloriosa" na Inglaterra (monarquia constitucional)
1776 Americana
1789 Francesa
1830 Revoluções de 1830 (Europa, anti-absolutistas)
1848 Revoluções de 1848 (Europa)
1905 Russa (Domingo Sangrento; Couraçado Potemkine)
1910 (-1920) Mexicana (derrube de Porfírio Diaz)
1911 Chinesa ou de Xin Hai (derrube da dinastia Qing)
1918 Alemã (república de Weimar)
1954-62 Argelina
1968 maio '68
1974 25 abril de 1974 (dita dos "Cravos")
1979 Nicarágua
1998 Indonésia
2000 outubro (Sérvia, derrube de Slobodan Milosevic)
 

Socialistas
1919 Insurreição espartakista alemã (Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht)
1936 Espanhola
 

Antissoviéticas
1956 Húngara
1968 primavera de Praga
1988 "Cantante", estónia
1989 Revolução Checa de 1989
 

Marxistas-leninistas
1917 Russa (fevereiro, Menchevique – outubro, Bolchevique)
1920 Mongólia
1948 Coreia do Norte
1919, 1944 e 1949 Hungria
1949 China
1952 Bolívia
1954 Vietname do Norte
1958 Iraque
1959 Cubana
1964 e 1968 Congo
1966 (-1976) Cultural Chinesa
1967 Iémen do Sul
1969 Líbia
1969 Somália
1972 Benim
1974 Etiópia
1974 Guiné-Bissau
1975 Camboja
1975 Vietname do Sul
1975 Laos
1975 Madagáscar
1975 Cabo Verde
1975 Moçambique
1975 Angola
1978 Afeganistão
1979 Granada
1979 Nicarágua
1983 Burkina Faso (Alto Volta)
Islâmicas
1979 Irão
1996 Taliban (Afeganistão)

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Porto Editora – revolução na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-04 14:53:24]. Disponível em
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