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São Patrício
São Patrício, segundo alguns biógrafos, nasceu com o nome de Magnus Sucatus, na Escócia, em Kilpatrick, perto de Dumbarton, no ano de 385 ou 387, e morreu em 17 de março de 461, em Saul, Downpatrick, na Irlanda. É pouco verosímil que São Patrício tenha nascido na Escócia, já que esta região nunca foi conquistada ou povoada pelos romanos, tendo sido mais provável que tivesse nascido na antiga Gália, segundo outros autores, em Boulogne, Normandia, atual França. Com origem numa família romana de elevado nível social, São Patrício teve como pai Calphurnius, decurião na Gália e na Grã-Bretanha, e como mãe Conchessa, parente próxima de uma grande figura da Gália, São Martinho de Tours. Aos 16 anos foi capturado por saqueadores irlandeses e vendido como escravo a Milchu, um chefe e sacerdote druida de Dalriada, um território que hoje faz parte do condado de Antrim, na Irlanda do Norte. Durante 6 anos foi pastor e nesse período passou grande parte do seu tempo a rezar a Deus com grande fervor e fé, como relata no seu Confessio. Esse período de cativeiro foi uma boa preparação para o seu futuro apostolado, aprendendo a língua celta com que mais tarde anunciaria a Boa Nova da Redenção e adquirindo amplos conhecimentos sobre o druidismo que o ajudariam mais tarde a converter o povo irlandês.
Aconselhado por um anjo, São Patrício foge e viaja durante cerca de 300 quilómetros até Westport, no Sul da Irlanda, onde embarca num navio que está pronto a partir para a Britannia. Resolve então abraçar o ministério sagrado e dedicar a sua vida inteiramente a Deus. Vai depois para a Gália, onde se recolhe no mosteiro de São Martinho, em Tours, e em um outro mosteiro da ilha de Lérins, locais famosos de aprendizagem e de prática dos valores cristãos. Quando São Germano começa a sua grande missão como bispo de Auxerre, São Patrício coloca-se sob a sua orientação, desenvolvendo um trabalho missionário no território dos Morini. Depois de São Germano ser destacado pela Santa Sé para combater os ensinamentos errados de Pelágio, na Grã-Bretanha, escolhe São Patrício para o acompanhar, o que lhe dá o privilégio de participar, juntamente com os representantes de Roma, no triunfo sobre a heresia e o paganismo. Os vários acontecimentos extraordinários da expedição incluem uma miraculosa acalmia da tempestade do mar, uma visita às relíquias do templo de Santo Albano e a vitória da Aleluia. Mas em toda a viagem São Patrício não deixa de pensar na Irlanda e tem frequentes visões das crianças de Focluth que o chamam para junto delas.
Sob recomendação de São Germano e pouco antes da sua morte, o Papa Sisto III, responsável pela erradicação das heresias pelagianas e nestorianas, encarrega São Patrício de evangelizar o povo da Irlanda, sagrando-o bispo e dando-lhe o nome de Patercius ou Patricius, não a título honorífico mas como uma antevisão dos resultados e do mérito do seu apostolado. São Patrício desembarca com os seus companheiros na foz do rio Bantry, na Irlanda, no verão de 433, onde os druidas se lhe opõem pelas armas. São Patrício não desanima e procura um lugar mais favorável para iniciar a sua missão, mas antes decide ir a Dalriada, onde tinha sido escravo, para pagar o preço do seu resgate ao seu anterior dono, Milchu, e levar-lhe as bênçãos e a libertação de Deus, em troca da servidão e da crueldade sofridas. Milchu, orgulhoso, não suportaria ouvir a fama dos poderes miraculosos do seu anterior escravo e, juntando os seus tesouros na sua cabana, imola-se pelo fogo junto a todos os seus haveres.
Da passagem de São Patrício pela Irlanda ficaram na tradição a marca do seu pé na rocha na entrada para o porto de Skerries e o seu primeiro milagre em solo irlandês. Quando um chefe local, de nome Dichu, desembainhou a espada para atacar o santo, não a conseguiu erguer dado que o seu braço ficou rígido até que declarou a sua obediência a São Patrício. Dichu, convertido pelos milagres do santo, ofereceu um celeiro que se tornou o primeiro santuário dedicado a São Patrício, em Erin, onde foram construídos um mosteiro e uma igreja, e para onde o santo se retirou mais tarde.
São Patrício converteu Benen, ou Benignus, filho do chefe Secsnen, que se tornou o seu companheiro inseparável e um dos herdeiros da missão sagrada do santo. No domingo de Páscoa de 433, São Patrício compareceu numa reunião de chefes e druidas com o rei dos Celtas, em Tara, onde acendeu o fogo Pascal. As muitas tentativas para apagar o fogo e de punir com a morte o intruso foram goradas e São Patrício combateu os encantamentos dos druidas de tal forma que convenceu o rei a dar-lhe permissão de espalhar a fé cristã por toda a região de Erin. O triunfo de São Patrício foi total e esta sua vitória sobre o paganismo está descrita numa oração popularmente conhecida como St. Patrick's Breast Plate. A partir de Erin, a evangelização de São Patrício estendeu-se aos restantes territórios da Irlanda, onde converteu os chefes dos clãs e os reis dos territórios, organizando paróquias e formando dioceses. São Patrício continuou a visitar e a gerir as igrejas que fundou um pouco por toda a Irlanda, confortando os fiéis nas suas dificuldades e fortalecendo-os na fé e na prática da virtude, chegando a consagrar durante toda a sua vida cerca de 350 bispos. Quando não estava a exercer o sagrado ministério, São Patrício passava o tempo a rezar, sem nunca deixar de fazer os seus exercícios de penitência. Vestindo uma simples túnica, dormia em cima de rochas duras e devolvia todos os tesouros e ornamentos que os poderosos lhe ofereciam. De tempos a tempos, retirava-se por períodos dedicados totalmente à oração e à penitência, preferencialmente para a ilha de Lough Derg, conhecida como o purgatório de S. Patrício, que é, ainda hoje, um grande local de peregrinação. Outro local de isolamento e oração do santo, em obediência às indicações do seu anjo da guarda, era a montanha conhecida nos tempos pagãos por Eagle Mountain e que ficou a ser designada como Croagh Patrick, ou seja, a montanha de São Patrício, e que é venerada como a Montanha Sagrada, o "monte Sinai" da Irlanda. Foi nesta montanha que São Patrício passou 40 dias de oração e jejum, tendo por único abrigo uma caverna, com o objetivo de pedir a Deus uma benção especial e misericórdia para o povo irlandês que tinha evangelizado.
Muitas vezes se pensa que o apostolado de São Patrício na Irlanda consistiu numa série de vitórias pacíficas, mas a verdade é que aconteceu exatamente o contrário. São Patrício sofreu duras provas, tendo sido capturado cerca de doze vezes, uma vez foi amarrado com correias e a sua morte decretada, de tal forma que é honrado como um mártir nos antigos Martirológios. Pouco antes de morrer, São Patrício teve uma visão especial da Irlanda iluminada pelos raios brilhantes da Fé Divina que no passar dos séculos seria ensombrada por nuvens que apenas deixariam umas pequenas luzes em vales remotos. São Patrício rezou para que a luz nunca se extinguisse e foi então que um anjo lhe disse "Não receies, porque o teu apostolado nunca terá fim". E à medida que o santo rezava, a luz voltou a iluminar a Irlanda e o anjo disse-lhe que tal como a luz, a verdade Divina iluminaria a Irlanda. São Patrício recebeu os últimos sacramentos em março de 493 antes de ser enterrado no local onde mais tarde seria construída a Catedral de Down. De entre os muitos escritos atribuídos a S. Patrício, destacam-se a Confessio, a Epistola ad Caroticum, a belíssima oração, conhecida por Faeth Fiada ou Lorica de São Patrício(St. Patrick's Breast Plate), a Dicta Sancti Patritii e uma Regra de S. Patrício.
Aconselhado por um anjo, São Patrício foge e viaja durante cerca de 300 quilómetros até Westport, no Sul da Irlanda, onde embarca num navio que está pronto a partir para a Britannia. Resolve então abraçar o ministério sagrado e dedicar a sua vida inteiramente a Deus. Vai depois para a Gália, onde se recolhe no mosteiro de São Martinho, em Tours, e em um outro mosteiro da ilha de Lérins, locais famosos de aprendizagem e de prática dos valores cristãos. Quando São Germano começa a sua grande missão como bispo de Auxerre, São Patrício coloca-se sob a sua orientação, desenvolvendo um trabalho missionário no território dos Morini. Depois de São Germano ser destacado pela Santa Sé para combater os ensinamentos errados de Pelágio, na Grã-Bretanha, escolhe São Patrício para o acompanhar, o que lhe dá o privilégio de participar, juntamente com os representantes de Roma, no triunfo sobre a heresia e o paganismo. Os vários acontecimentos extraordinários da expedição incluem uma miraculosa acalmia da tempestade do mar, uma visita às relíquias do templo de Santo Albano e a vitória da Aleluia. Mas em toda a viagem São Patrício não deixa de pensar na Irlanda e tem frequentes visões das crianças de Focluth que o chamam para junto delas.
Sob recomendação de São Germano e pouco antes da sua morte, o Papa Sisto III, responsável pela erradicação das heresias pelagianas e nestorianas, encarrega São Patrício de evangelizar o povo da Irlanda, sagrando-o bispo e dando-lhe o nome de Patercius ou Patricius, não a título honorífico mas como uma antevisão dos resultados e do mérito do seu apostolado. São Patrício desembarca com os seus companheiros na foz do rio Bantry, na Irlanda, no verão de 433, onde os druidas se lhe opõem pelas armas. São Patrício não desanima e procura um lugar mais favorável para iniciar a sua missão, mas antes decide ir a Dalriada, onde tinha sido escravo, para pagar o preço do seu resgate ao seu anterior dono, Milchu, e levar-lhe as bênçãos e a libertação de Deus, em troca da servidão e da crueldade sofridas. Milchu, orgulhoso, não suportaria ouvir a fama dos poderes miraculosos do seu anterior escravo e, juntando os seus tesouros na sua cabana, imola-se pelo fogo junto a todos os seus haveres.
Da passagem de São Patrício pela Irlanda ficaram na tradição a marca do seu pé na rocha na entrada para o porto de Skerries e o seu primeiro milagre em solo irlandês. Quando um chefe local, de nome Dichu, desembainhou a espada para atacar o santo, não a conseguiu erguer dado que o seu braço ficou rígido até que declarou a sua obediência a São Patrício. Dichu, convertido pelos milagres do santo, ofereceu um celeiro que se tornou o primeiro santuário dedicado a São Patrício, em Erin, onde foram construídos um mosteiro e uma igreja, e para onde o santo se retirou mais tarde.
São Patrício converteu Benen, ou Benignus, filho do chefe Secsnen, que se tornou o seu companheiro inseparável e um dos herdeiros da missão sagrada do santo. No domingo de Páscoa de 433, São Patrício compareceu numa reunião de chefes e druidas com o rei dos Celtas, em Tara, onde acendeu o fogo Pascal. As muitas tentativas para apagar o fogo e de punir com a morte o intruso foram goradas e São Patrício combateu os encantamentos dos druidas de tal forma que convenceu o rei a dar-lhe permissão de espalhar a fé cristã por toda a região de Erin. O triunfo de São Patrício foi total e esta sua vitória sobre o paganismo está descrita numa oração popularmente conhecida como St. Patrick's Breast Plate. A partir de Erin, a evangelização de São Patrício estendeu-se aos restantes territórios da Irlanda, onde converteu os chefes dos clãs e os reis dos territórios, organizando paróquias e formando dioceses. São Patrício continuou a visitar e a gerir as igrejas que fundou um pouco por toda a Irlanda, confortando os fiéis nas suas dificuldades e fortalecendo-os na fé e na prática da virtude, chegando a consagrar durante toda a sua vida cerca de 350 bispos. Quando não estava a exercer o sagrado ministério, São Patrício passava o tempo a rezar, sem nunca deixar de fazer os seus exercícios de penitência. Vestindo uma simples túnica, dormia em cima de rochas duras e devolvia todos os tesouros e ornamentos que os poderosos lhe ofereciam. De tempos a tempos, retirava-se por períodos dedicados totalmente à oração e à penitência, preferencialmente para a ilha de Lough Derg, conhecida como o purgatório de S. Patrício, que é, ainda hoje, um grande local de peregrinação. Outro local de isolamento e oração do santo, em obediência às indicações do seu anjo da guarda, era a montanha conhecida nos tempos pagãos por Eagle Mountain e que ficou a ser designada como Croagh Patrick, ou seja, a montanha de São Patrício, e que é venerada como a Montanha Sagrada, o "monte Sinai" da Irlanda. Foi nesta montanha que São Patrício passou 40 dias de oração e jejum, tendo por único abrigo uma caverna, com o objetivo de pedir a Deus uma benção especial e misericórdia para o povo irlandês que tinha evangelizado.
Muitas vezes se pensa que o apostolado de São Patrício na Irlanda consistiu numa série de vitórias pacíficas, mas a verdade é que aconteceu exatamente o contrário. São Patrício sofreu duras provas, tendo sido capturado cerca de doze vezes, uma vez foi amarrado com correias e a sua morte decretada, de tal forma que é honrado como um mártir nos antigos Martirológios. Pouco antes de morrer, São Patrício teve uma visão especial da Irlanda iluminada pelos raios brilhantes da Fé Divina que no passar dos séculos seria ensombrada por nuvens que apenas deixariam umas pequenas luzes em vales remotos. São Patrício rezou para que a luz nunca se extinguisse e foi então que um anjo lhe disse "Não receies, porque o teu apostolado nunca terá fim". E à medida que o santo rezava, a luz voltou a iluminar a Irlanda e o anjo disse-lhe que tal como a luz, a verdade Divina iluminaria a Irlanda. São Patrício recebeu os últimos sacramentos em março de 493 antes de ser enterrado no local onde mais tarde seria construída a Catedral de Down. De entre os muitos escritos atribuídos a S. Patrício, destacam-se a Confessio, a Epistola ad Caroticum, a belíssima oração, conhecida por Faeth Fiada ou Lorica de São Patrício(St. Patrick's Breast Plate), a Dicta Sancti Patritii e uma Regra de S. Patrício.
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Como referenciar
Porto Editora – São Patrício na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-11 10:02:12]. Disponível em
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