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4 min

Simbolismo
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IntroduçãoArtes Plásticas e DecorativasLiteraturaIntrodução
O Simbolismo foi um movimento artístico e literário que surgiu em França na década de 80 do século XIX.
Constituindo uma reação contra o materialismo e mecanização da civilização industrial, esta corrente rejeitava simultaneamente o Realismo, o Romantismo e o Impressionismo, acreditando que a arte deveria exprimir ideias a partir de uma conceção simbolista das formas e da cor.
Artes Plásticas e Decorativas
Os pintores simbolistas apresentavam especial preferência por temáticas místicas ligadas à religião, a lendas profanas, à morte ou ao pecado, impregnadas de forte teor moralizante, para as quais a técnica do fresco se adequava perfeitamente.
Os fundamentos filosóficos do Simbolismo remontam ao movimento romântico, através da recuperação de alguns conceitos de pintores como William Blake e Philipp Otto Runge (1777-1810) que abordaram a questão da simbologia da cor e da relação entre forma e cromatismo. Este movimento inspirou-se igualmente nas obras precursoras de Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898), de Gustave Moreau (1826-1898) e de Odilon Redon, todas elas ligadas a temáticas de índole sobrenatural e mitológica, ou, de uma forma mais direta, nos trabalhos de Paul Gauguin do período de Pont-Aven. Não negligenciável foi também a inspiração na arte oriental, com grande divulgação nestes anos por toda a Europa.
Enquanto movimento artístico, o Simbolismo não apresentou uma uniformidade estilística, resultando mais de uma atitude espiritual que de um programa estético rígido. Tendo como principal centro difusor a cidade de Paris, onde se concentrava em torno do influente grupo dos Nabis, fundado por Paul Sérusier (1864-1927) em 1888, e do pintor Toulouse-Lautrec, o Simbolismo encontrou expressão original em artistas de outros meios culturais, como o belga James Ensor, o norueguês Edvard Munch e o inglês Aubrey Beardsley (1872-1898).
Em Munique foi fundado, pelo poeta Stefan George (1868-1933), um círculo de simbolistas, no qual participou o suíço Ferdinand Hodler (1853-1918), um dos pintores mais idealistas do movimento que procurou criar uma linguagem conciliadora e universalizante, ligada ao indivíduo, à sociedade e à história.
A primeira exposição de pintura simbolista realizou-se na Feira Mundial de Paris de 1889, sob a tutela de Paul Gauguin.
Sendo um estilo eminentemente decorativo e ornamental, o simbolismo teve uma repercussão significativa no desenvolvimento das artes decorativas e gráficas.
O Simbolismo foi um dos principais precursores de movimentos como o Fauvismo, o Expressionismo e o Surrealismo.
Literatura
A reação espiritualista da filosofia de Bergson determina a ruína do materialismo e dá origem a uma literatura que satisfaz essa busca de espiritualidade e de transcendência metafísica. Segundo a crítica de Eça em Notas Contemporâneas, em poesia «a voga voa toda para o rutilante Herédia, que nos canta luxuosamente os heróis e semideuses, ou para os simbolistas, que com bocados esfumados de verbo e farrapos indecisos de sentimento nos arranjam um desses nevoeiros poéticos, onde agora as almas têm a paixão de se aninhar e de se esconder da vida... De novo se reimprime Lamartine! A lua das Meditações passa outra vez, pálida e meiga, sobre o lago - e o rouxinol e Deus reentraram na estrofe... Já muito raramente se pinta a paisagem tal como a viram os sinceros e claros olhos de Daubigny, de Th. Rousseau, e a ambição é fixar, por meio de manchas, de lampejos, de fundos de sombras, de abstrações, a emoção risonha ou dolente que a paisagem dá à alma... Os temas que convêm são os que têm o mais subtil simbolismo e os mestres admirados e seguidos são Burne Jones, Moreau, Aman-Jean que nos conduzem a imaginação para o turvo país dos mitos». «Onde esta reação contra o positivismo científico se mostra mais decidida e franca é em matéria religiosa». E volta a dizer: «Ao lado deste movimento negativo contra o positivismo, surge e cresce paralelamente um movimento afirmativo de espiritualidade religiosa». A causa «está toda no modo brutal e rigoroso com que o positivismo científico tratou a imaginação, que é uma tão inseparável e legítima companheira do homem como a razão». O Simbolismo surge entre nós na década de 1880-1890, igualmente em França, com Verlaine, Rimbaud, Mallarmé, cuja produção ao novo gosto aparece no Manifeste Littéraire de l'École Symboliste de Jean Moréas (1886) e manifesta-se como uma viva reação contra a disciplina dos parnasianos. A poesia simbolista é subjetivista. Os novos poetas procuram a musicalidade do verso e daí, pois, também o lugar que vão ocupar os símbolos. Veja-se a poesia Mãos de Eugénio de Castro, na qual as imagens simbólicas transmitem as impressões que experimenta aquele que sente o encanto delas. Os poetas voltam-se para a vida interior que tentam evocar, sugerir, de uma maneira indireta, dirigindo-se principalmente à sensibilidade. Manifesta-se, novamente, o gosto por uma paisagem de cores românticas, surge a poesia confessional, indefinida, vaga, camuflada nos símbolos, nas alegorias, imagens inusitadas, comparações estranhas, sinestesias, prosopopeias, animismo ousado, concretização de estados abstratos, associações de imagens imprevistas, a oferecer-nos um certo estonteamento de sentidos pela musicalidade que os novos processos possibilitam: aliterações abundantes, rondel, quebra das cesuras, ritmos variados dentro da mesma estrofe e medidas de versos diferentes dentro da mesma composição, o versilibrismo. Esta nova corrente, para a difusão da qual tanto contribuíram a poesia de Stéphane Mallarmé e de Verlaine (o poeta do sonho, do vago, da religião), surge entre nós quer em virtude dos contactos com a literatura francesa, quer como consequência do renascer do nacionalismo.
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Como referenciar
Porto Editora – Simbolismo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-26 15:15:17]. Disponível em
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