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sonho
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Os sonhos foram tomados no sentido clínico a partir de estudos efetuados por Sigmund Freud (1900), o famoso psicanalista austríaco. Eles ocorrem durante o sono quando a zona consciente do nosso psiquismo está mais tranquila.
O sonho permite ao adulto e à criança exprimir os seus desejos, soltar as suas pulsões instintivas, mostrar os seus medos e receios, "falar" acerca dos seus sentimentos de inferioridade e até mesmo realizar as suas ambições.
Um sonho traduz um significado afetivo do inconsciente diferente em cada sujeito.
"Sonho causado pelo voo de uma abelha em redor de uma romã, um segundo antes do despertar", de Salvador Dalí, 1944
No início dos estudos da compreensão dos sonhos, na Antiguidade Grega, estes tinham um significado muito premonitório e, posteriormente, na Idade Média, a interpretação dos sonhos baseava-se nas superstições. Foi com Freud que passaram a ser interpretados na sua totalidade pelo método da associação livre praticado pela psicanálise (é sobre os sonhos mais confusos e obscuros que a psicanálise intervém).
No método da associação livre, o sujeito fala livremente sem se preocupar com o sentido das suas ideias. Este método tem por objetivo principal trazer à consciência conteúdos recalcados do inconsciente (como, por exemplo, acontecimentos traumáticos). O recalcamento não é mais do que todo o material (entende-se por material, todas as nossas memórias, recordações e experiências) que não é consciente uma vez que é demasiado penoso ou vergonhoso, gerando alto nível de ansiedade.
O sonhos costumam ser confundidos com aquilo que se chama devaneios. Estes são fenómenos muito generalizados produzidos pela imaginação (sonhar acordado). Surgem muito no período da puberdade e da adolescência e, por vezes, persistem até à idade adulta. O seu conteúdo é inteligível e apresenta cenas muito próximas da realidade de cada um e que satisfazem determinadas necessidades nas pessoas (por exemplo, fantasias de sucesso nos rapazes e histórias amorosas nas raparigas).
Durante o trabalho de interpretação dos sonhos, devem ser respeitadas três regras. Primeiro, o psicólogo não se deve preocupar unicamente com aquilo que o sonho parece dizer-nos, porque pode não ser o material inconsciente que se procura e que mais interessa. Segundo, o psicólogo deve restringir o seu trabalho à recordação do que é importante e não às ideias substitutivas de cada momento. Terceiro, o psicólogo deve aguardar até que o material inconsciente e oculto surja com espontaneidade.
O trabalho do sonho é a transformação do conteúdo latente em conteúdo manifesto (a esta transformação dá-se o nome de elaboração onírica). Ao acordar, o sonhador recorda aquilo que se chama de conteúdo manifesto do sonho. Por outras palavras, é a história que o sonho relata. O que fica escondido, isto é, o que se esconde por trás de certos símbolos através dos quais se traduzem os desejos recalcados, é o conteúdo latente (que é o que se quer descobrir em termos da psicanálise).
Cabe ao psicanalista, interpretar o sonho dando-lhe sentido, descobrindo através do conteúdo manifesto o conteúdo latente (trabalho interpretativo). Para isto ser possível, há que decompor o sonho em tantas partes quantas necessárias, procedendo-se depois ao método da associação livre acima explicado.
Podemos encontrar três grandes grupos de sonhos: os claros e os racionais, que parecem sair da vida quotidiana e que não têm grande interesse em termos interpretativos; os sonhos racionais que mesmo tendo um conteúdo fácil e claro de entender não deixam de surpreender a pessoa (são sonhos estranhos); e o grupo dos sonhos obscuros, bizarros e ininteligíveis (são os mais explorados na psicanálise). No primeiro grupo não há grande intenção recalcada, no segundo já há algum recalcamento e no terceiro grupo de sonhos há ainda mais e é por isso que são os mais interessantes.
Na interpretação dos sonhos pode acontecer que a pessoa, inconscientemente, demonstre uma certa resistência, provocando uma deformação na transformação do conteúdo manifesto para o conteúdo latente ou, ainda, o sonho pode tomar a forma de um símbolo (por exemplo, uma criança que sonhe com um rei e uma rainha a castigá-lo, pode estar a querer dizer que sonhou com os pais). Contudo, não se pode interpretar os sonhos somente a partir de tais símbolos.
Por último, em relação aos sonhos das crianças, estes dizem respeito à experiência que elas tiveram no dia anterior ao sonho. Tal experiência, deixou atrás de si uma mágoa ou um desejo que não foi satisfeito. O sonho vem proporcionar a satisfação direta desse desejo. Nas crianças, o sonho manifesto e o sonho latente coincidem, não exigindo, portanto, uma trabalho interpretativo. O que origina o sonho é um desejo e a forma de satisfação desse desejo é que constitui o conteúdo principal do sonho e, portanto, sobre o qual incide o trabalho do psicoterapeuta.
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Como referenciar
Porto Editora – sonho na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-08 02:24:09]. Disponível em

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