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Sortelha
No alto e rochoso granito beirão, próximo de Sabugal, surge a vila de Sortelha, isolada na segurança das suas fortes muralhas medievais, vigiando o esplendoroso vale de Riba-Coa.
O seu ponto mais elevado atinge a cota de 773 metros. A sua estratégica implantação topográfica e riquezas naturais revelaram uma apetência particular por Sortelha. Os mais antigos testemunhos da presença humana nesta área reportam-se ao Período Neolítico. Possivelmente, esta vila beirã terá sido um importante castro lusitano, assumindo igual destaque durante as ocupações romana e muçulmana.
Contudo, Sortelha seria marcada, decisivamente, ao longo de toda a Idade Média. No início, como influente praça-forte nas lutas da Reconquista Cristã; posteriormente, constituindo-se como defesa da zona de fronteira com Castela. No ano de 1187, D. Sancho I procede à sua reedificação e repovoamento. Já no século XIII, o rei D. Sancho II outorgou-lhe foral, em 1228, reforçando a sua importância em termos de administração municipal. Ao mesmo tempo, Sortelha afirmava-se como ponto nevrálgico da defesa da linha de fronteira até 1297, altura em que D. Dinis assinou o Tratado de Alcanises e a fronteira foi redesenhada para lá das terras de Riba-Coa.
No entanto, o seu papel de protagonista na estratégia militar nacional não ficaria diminuído. D. Fernando e D. Manuel I procederiam a novos restauros e obras de beneficiação nas sua imponentes muralhas graníticas.
No século XVI, D. Luís da Silveira - guarda-mor de D. Manuel I e de D. João III - comprou esta fortaleza e tornou-se seu alcaide, conferindo-lhe D. João III o título de Conde de Sortelha. Em 1510 foi renovado o foral concedido por D. Manuel I, onde se mencionava que os seus habitantes não estavam obrigados a dar hospedaria aos grandes e pequenos do reino, se essa fosse a vontade do povo de Sortelha.
Após 1640, as guerras da Restauração colocaram esta fortaleza no centro das operações militares. As tropas espanholas realizavam diversas e devastadoras incursões na zona raiana, tendo Sortelha, por diversas vezes, travado estas ofensivas militares. Para que o efeito fosse o mais eficiente, procedeu-se a obras de adaptação e a melhoramentos das defesas, de acordo como os métodos modernos da artilharia pirobalística. Sortelha foi, de novo, chamada às armas durante as altercações fronteiriças com Espanha, ocorridas ao longo do século XVIII, bem como nos inícios do século seguinte, aquando das sucessivas campanhas dos exércitos franceses de Napoleão. Desativada alguns anos mais tarde, e extinta como sede de concelho em 1855, Sortelha e a sua valorosa fortaleza entrara num lento processo de decadência e ruína, apenas sustida neste século com obras de restauro e conservação que lhe devolveram parte da sua anterior dignidade e grandeza.
A entrada da cerca do castelo, mandado edificar por D. Sancho I em 1187, abre-se na porta trecentista e ogival porta do nascente. O perfil austero e robusto das muralhas elípticas impõe-se, fundindo-se com as grandes formações rochosas de granito em que se apoiam. Transposta a porta principal, encontra-se o "largo do Curro", terreiro que deixa perceber a disposição de todo o povoado, disposto ao longo das curvas de nível da escarpa. O "Largo do Pelourinho" é a zona central de Sortelha. Para além dos seus símbolos municipais mais marcantes - a antiga Domus Municipalis e o elegante pelourinho do século XVI -, impõe-se nesta zona a volumetria da cidadela, sólido reduto do castelo erguido no topo de uma colina, a que se acede por uma escada. O portal apresenta um arco de volta perfeito, sobre o qual foi colocado um brasão com as armas reais de D. Manuel I. A entrada é encimada por um balcão defensivo misulado, com sistema de mata-cães, popularmente conhecida por "Varanda de Pilatos". No interior da praça de armas localiza-se a cisterna quadrangular e, na parte mais elevada, ergue-se a Torre de Menagem. No topo das muralhas corre um adarve defendido por seteiras de cruzaria.
No topo poente da muralha rasga-se a porta do poente, que tem gravado, no exterior da muralha, as medidas de comprimento que foram usadas no concelho - o "côvado" e a "vara" -, testemunhos da antiga importância comercial de Sortelha e da sua feira. Para norte ergue-se a Torre do Facho, onde foi incorporado um marco geodésico, assinalando o ponto mais elevado da área.
O seu ponto mais elevado atinge a cota de 773 metros. A sua estratégica implantação topográfica e riquezas naturais revelaram uma apetência particular por Sortelha. Os mais antigos testemunhos da presença humana nesta área reportam-se ao Período Neolítico. Possivelmente, esta vila beirã terá sido um importante castro lusitano, assumindo igual destaque durante as ocupações romana e muçulmana.
Contudo, Sortelha seria marcada, decisivamente, ao longo de toda a Idade Média. No início, como influente praça-forte nas lutas da Reconquista Cristã; posteriormente, constituindo-se como defesa da zona de fronteira com Castela. No ano de 1187, D. Sancho I procede à sua reedificação e repovoamento. Já no século XIII, o rei D. Sancho II outorgou-lhe foral, em 1228, reforçando a sua importância em termos de administração municipal. Ao mesmo tempo, Sortelha afirmava-se como ponto nevrálgico da defesa da linha de fronteira até 1297, altura em que D. Dinis assinou o Tratado de Alcanises e a fronteira foi redesenhada para lá das terras de Riba-Coa.
No entanto, o seu papel de protagonista na estratégia militar nacional não ficaria diminuído. D. Fernando e D. Manuel I procederiam a novos restauros e obras de beneficiação nas sua imponentes muralhas graníticas.
Após 1640, as guerras da Restauração colocaram esta fortaleza no centro das operações militares. As tropas espanholas realizavam diversas e devastadoras incursões na zona raiana, tendo Sortelha, por diversas vezes, travado estas ofensivas militares. Para que o efeito fosse o mais eficiente, procedeu-se a obras de adaptação e a melhoramentos das defesas, de acordo como os métodos modernos da artilharia pirobalística. Sortelha foi, de novo, chamada às armas durante as altercações fronteiriças com Espanha, ocorridas ao longo do século XVIII, bem como nos inícios do século seguinte, aquando das sucessivas campanhas dos exércitos franceses de Napoleão. Desativada alguns anos mais tarde, e extinta como sede de concelho em 1855, Sortelha e a sua valorosa fortaleza entrara num lento processo de decadência e ruína, apenas sustida neste século com obras de restauro e conservação que lhe devolveram parte da sua anterior dignidade e grandeza.
A entrada da cerca do castelo, mandado edificar por D. Sancho I em 1187, abre-se na porta trecentista e ogival porta do nascente. O perfil austero e robusto das muralhas elípticas impõe-se, fundindo-se com as grandes formações rochosas de granito em que se apoiam. Transposta a porta principal, encontra-se o "largo do Curro", terreiro que deixa perceber a disposição de todo o povoado, disposto ao longo das curvas de nível da escarpa. O "Largo do Pelourinho" é a zona central de Sortelha. Para além dos seus símbolos municipais mais marcantes - a antiga Domus Municipalis e o elegante pelourinho do século XVI -, impõe-se nesta zona a volumetria da cidadela, sólido reduto do castelo erguido no topo de uma colina, a que se acede por uma escada. O portal apresenta um arco de volta perfeito, sobre o qual foi colocado um brasão com as armas reais de D. Manuel I. A entrada é encimada por um balcão defensivo misulado, com sistema de mata-cães, popularmente conhecida por "Varanda de Pilatos". No interior da praça de armas localiza-se a cisterna quadrangular e, na parte mais elevada, ergue-se a Torre de Menagem. No topo das muralhas corre um adarve defendido por seteiras de cruzaria.
No topo poente da muralha rasga-se a porta do poente, que tem gravado, no exterior da muralha, as medidas de comprimento que foram usadas no concelho - o "côvado" e a "vara" -, testemunhos da antiga importância comercial de Sortelha e da sua feira. Para norte ergue-se a Torre do Facho, onde foi incorporado um marco geodésico, assinalando o ponto mais elevado da área.
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Como referenciar
Porto Editora – Sortelha na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-07 16:47:31]. Disponível em
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