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tempo (gramática)
O tempo é uma noção semântica, traduzida por meios linguísticos, que é utilizada para situar e ordenar os eventos expressos nas línguas. O momento de referência para essa localização temporal pode ser outro tempo ou o próprio momento da enunciação.
O conceito de tempo pode ser entendido em dois sentidos. Em sentido lato, a categoria tempo inclui todos os meios linguísticos capazes de exprimir a temporalidade numa língua, como advérbios de tempo, lexemas, morfemas verbais, frases subordinadas adverbiais de tempo, entre outros (Mateus et al. 2003, Gramática da Língua Portuguesa). Em sentido estrito, o tempo é uma categoria exclusivamente expressa pelo verbo (Vilela, 1999, Gramática da Língua Portuguesa).
É, de facto, ao nível verbal que a categoria tempo apresenta maior complexidade semântica e maior expressão em português.
Morfologicamente, o tempo verbal está contido no mesmo morfema que exprime o modo (na forma verbal <viajava, -va- exprime modo indicativo e tempo pretérito imperfeito). Isto significa que os os morfemas verbais de tempo comportam simultaneamente semas de modo, e além disso, de aspeto (categoria que perspetiva o acontecer verbal como terminado, continuado, etc.), embora nem todos dominem ao mesmo tempo.
Existem três tempos básicos, a partir dos quais se constroem todos os outros: passado, presente e futuro, exprimindo respetivamente a anterioridade, a simultaneidade e a posterioridade em relação ao ponto da enunciação. O passado é o tempo com maior expressão em português, distribuído inclusive por tempos simples e compostos.
Segundo a gramática tradicional, os tempos organizam-se em função dos modos da seguinte forma em português:
• Modo Indicativo
- Presente (gosto)
- Passado:
Pretérito Imperfeito(gostava)
Pretérito Perfeito (gostei)
Pretérito Perfeito Composto (tenho gostado)
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples (gostara)
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto (tinha gostado)
- Futuro:
Futuro Imperfeito (gostarei)
Futuro Perfeito (terei gostado)
• Modo Conjuntivo
- Presente (goste)
- Passado:
Pretérito Imperfeito (gostasse)
Pretérito Perfeito (tenha gostado)
Pretérito Mais-que-Perfeito (tivesse gostado)
- Futuro
Futuro Imperfeito (gostar)
Futuro Perfeito (tiver gostado)
O condicional apresenta os seguintes tempos:
• Condicional Presente ou simples (gostaria)
• Condicional Perfeito ou composto (teria gostado)
Também as formas nominais dos verbos apresentam expressão temporal:
• Infinitivo Impessoal:
Presente (gostar)
Perfeito (ter gostado)
• Infinitivo Pessoal
Presente (gostar, gostares...)
Perfeito (ter gostado, teres gostado...)
• Gerúndio
Presente (gostando)
Perfeito (tendo gostado)
Os tempos compostos são construídos com o verbo <ter como auxiliar seguido de particípio passado do verbo principal e constituem um processo sintático de expressão da categoria tempo, que se soma aos processos flexionais.
A evolução da língua tem enriquecido os valores semânticos veiculados pelos tempos gramaticais dos verbos em português. Assim, por exemplo, o presente do indicativo pode exprimir um tempo:
• Presente, quando coincide com o momento da enunciação: Maria, estás muito bonita hoje!
• Presente, quando exprime ações habituais: Às quintas-feiras vou ao cinema.
• Presente, quando tem valor gnómico ou universal: As avestruzes correm a 70 km/ hora.
• Passado, quando tem valor de presente histórico: Em 1500 Cabral chega ao Brasil.• Futuro, quando se reporta a uma ação posterior ao momento da enunciação: Amanhã chega a encomenda.
Não se deve confundir o valor temporal de uma forma verbal com o seu valor modal. Por exemplo, a forma verbal tradicional do futuro do indicativo tem muitas vezes valor temporal de futuro (cfr. i), mas pode também ter valor modal, quando indica suposição ou incerteza (cfr. ii, iii):
i) No próximo mês entraremos em contacto consigo.
ii) Por esta altura estaremos de férias.
iii) Será que ele não percebe?
À semelhança do que acontece com o presente do indicativo, cada tempo possui a sua especificidade, pelo que deve ser analisado individualmente caso a caso.
O conceito de tempo pode ser entendido em dois sentidos. Em sentido lato, a categoria tempo inclui todos os meios linguísticos capazes de exprimir a temporalidade numa língua, como advérbios de tempo, lexemas, morfemas verbais, frases subordinadas adverbiais de tempo, entre outros (Mateus et al. 2003, Gramática da Língua Portuguesa). Em sentido estrito, o tempo é uma categoria exclusivamente expressa pelo verbo (Vilela, 1999, Gramática da Língua Portuguesa).
É, de facto, ao nível verbal que a categoria tempo apresenta maior complexidade semântica e maior expressão em português.
Morfologicamente, o tempo verbal está contido no mesmo morfema que exprime o modo (na forma verbal <viajava, -va- exprime modo indicativo e tempo pretérito imperfeito). Isto significa que os os morfemas verbais de tempo comportam simultaneamente semas de modo, e além disso, de aspeto (categoria que perspetiva o acontecer verbal como terminado, continuado, etc.), embora nem todos dominem ao mesmo tempo.
Existem três tempos básicos, a partir dos quais se constroem todos os outros: passado, presente e futuro, exprimindo respetivamente a anterioridade, a simultaneidade e a posterioridade em relação ao ponto da enunciação. O passado é o tempo com maior expressão em português, distribuído inclusive por tempos simples e compostos.
Segundo a gramática tradicional, os tempos organizam-se em função dos modos da seguinte forma em português:
• Modo Indicativo
- Presente (gosto)
- Passado:
Pretérito Imperfeito(gostava)
Pretérito Perfeito (gostei)
Pretérito Perfeito Composto (tenho gostado)
Pretérito Mais-que-Perfeito Simples (gostara)
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto (tinha gostado)
- Futuro:
Futuro Imperfeito (gostarei)
Futuro Perfeito (terei gostado)
• Modo Conjuntivo
- Presente (goste)
- Passado:
Pretérito Imperfeito (gostasse)
Pretérito Perfeito (tenha gostado)
Pretérito Mais-que-Perfeito (tivesse gostado)
- Futuro
Futuro Imperfeito (gostar)
Futuro Perfeito (tiver gostado)
O condicional apresenta os seguintes tempos:
• Condicional Presente ou simples (gostaria)
• Condicional Perfeito ou composto (teria gostado)
Também as formas nominais dos verbos apresentam expressão temporal:
• Infinitivo Impessoal:
Presente (gostar)
Perfeito (ter gostado)
• Infinitivo Pessoal
Presente (gostar, gostares...)
Perfeito (ter gostado, teres gostado...)
• Gerúndio
Presente (gostando)
Perfeito (tendo gostado)
Os tempos compostos são construídos com o verbo <ter como auxiliar seguido de particípio passado do verbo principal e constituem um processo sintático de expressão da categoria tempo, que se soma aos processos flexionais.
A evolução da língua tem enriquecido os valores semânticos veiculados pelos tempos gramaticais dos verbos em português. Assim, por exemplo, o presente do indicativo pode exprimir um tempo:
• Presente, quando coincide com o momento da enunciação: Maria, estás muito bonita hoje!
• Presente, quando exprime ações habituais: Às quintas-feiras vou ao cinema.
• Presente, quando tem valor gnómico ou universal: As avestruzes correm a 70 km/ hora.
• Passado, quando tem valor de presente histórico: Em 1500 Cabral chega ao Brasil.• Futuro, quando se reporta a uma ação posterior ao momento da enunciação: Amanhã chega a encomenda.
Não se deve confundir o valor temporal de uma forma verbal com o seu valor modal. Por exemplo, a forma verbal tradicional do futuro do indicativo tem muitas vezes valor temporal de futuro (cfr. i), mas pode também ter valor modal, quando indica suposição ou incerteza (cfr. ii, iii):
i) No próximo mês entraremos em contacto consigo.
ii) Por esta altura estaremos de férias.
iii) Será que ele não percebe?
À semelhança do que acontece com o presente do indicativo, cada tempo possui a sua especificidade, pelo que deve ser analisado individualmente caso a caso.
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Como referenciar
Porto Editora – tempo (gramática) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-01-19 07:08:53]. Disponível em
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