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Teófilo Braga
Político, professor e escritor português, Joaquim Fernandes Braga nasceu a 24 de fevereiro de 1843, em Ponta Delgada, e morreu a 28 de janeiro de 1924, em Lisboa.
Foi um dos principais representantes da Geração de 70 e um dos mais prolíficos autores da segunda metade do século XIX e inícios do século XX, a quem Ramalho Ortigão se referiu como "o trabalho de uma geração inteira empreendido no cérebro de um só homem", tendo deixado uma obra monumental nos domínios da poesia, da história literária, da teoria da literatura, da ficção e da tradução. Órfão de mãe, senhora da aristocracia açoriana, aos três anos de idade, ganhou, aos cinco, uma madrasta ríspida, que o iria hostilizar. Foi aos dez anos, ao matricular-se na instrução primária, que adotou o nome Teófilo. Tentando ser independente, tornou-se aprendiz de tipógrafo e, em 1859, publicou o seu livro de estreia, Folhas Verdes, apadrinhado por Francisco Maria Supico. Em 1861, partiu para Coimbra para cursar Direito. Na universidade, relacionou-se com alguns dos membros da futura Geração de 70, entre os quais Antero de Quental, envolvendo-se nas manifestações de crítica ao academismo e colaborando em revistas como O Instituto, Revista de Coimbra, Revista Contemporânea de Portugal e Brasil e A Grinalda. Em 1864, publicou os livros de poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, muito influenciados por Vítor Hugo, ambos acompanhados de textos teóricos onde expõe a sua conceção de uma poesia filosófica, que descreva as fases ideais da história da humanidade.
No ano seguinte, tomou parte na célebre Questão Coimbrã com o opúsculo As Teocracias Literárias, onde se insurge diretamente contra Castilho, censurando a sua prática poética "palavrosa, nula de ideias" e o seu magistério literário. Ainda em 1865, estreou-se na ficção com a coletânea Contos Fantásticos e publicou o ensaio Poesia do Direito. Em 1866, prosseguiu a sua explicação filosófica da história da Humanidade com o volume de poesias A Ondina do Lago e concluiu o curso de Direito.
Ainda em Coimbra, e até à conclusão do seu doutoramento, em 1868, traduziu Chateaubriand e iniciou o seu estudo das origens da literatura portuguesa, influenciado pelas leituras de Hegel, Schlegel e Grimm, que daria origem, numa primeira fase, a Cancioneiro Popular e Romanceiro Geral (1867), História da Poesia Popular Portuguesa (1867), Floresta de Vários Romances (1868) e Cantos Populares do Arquipélago Açoriano (1869), e, numa segunda fase, a Contos Tradicionais Portugueses (1883). Em 1868, casou e ficou a viver no Porto, onde aprofundou as suas leituras do positivismo de Comte, de que seria um dos principais divulgadores em Portugal (devendo-se-lhe, entre outras obras, os Traços Gerais de Filosofia Positiva, de 1877, e o Sistema de Sociologia, de 1884) e que tentaria mais tarde aplicar a todos os domínios do saber, nomeadamente à história literária.
Em 1869, quando perdeu o seu primeiro filho, publicou História da Poesia Moderna em Portugal e o volume de poesias Torrentes. Durante a década de 70, orientou o seu trabalho no sentido da criação de uma ambiciosa História da Literatura Portuguesa, a que se refere, em carta a F. M. Supico, como "o mealheiro de todas as [suas] ideias, a monomania, a ambição única que [tinha]". Em 1872, já depois de publicadas a História da Literatura Portuguesa. Introdução (1870), a História do Teatro Português (1870-1871) e a Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872), ganhou o concurso para professor de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras.
Refletindo a sua experiência de ensino, publicou o Manual da História da Literatura Portuguesa (1875), a Antologia Portuguesa (1876) e o Parnaso Português Moderno (1876). Na década de 80, enquanto participava na revista literária A Renascença e dirigia as revistas de divulgação das doutrinas positivistas O Positivismo (fundada com Júlio de Matos em 1878), A Era Nova e a Revista de Estudos Livres (fundadas com Teixeira Bastos, respetivamente em 1880 e 1883), orientou os seus estudos literários para a literatura contemporânea, publicando a História do Romantismo em Portugal (1880) e As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa (1892). Em 1884, publicou o último volume de poesias, Miragens Seculares, que viria a concluir o ciclo encetado com a Visão dos Tempos. Entre 1886 e 1887, no espaço de poucos meses, perdeu os dois filhos que lhe restavam; esta enorme tragédia pessoal despertou a simpatia de muitos dos seus adversários, incluindo Camilo, que lhe dedicaram o volume de elegias A Maior Dor Humana. Em 1891, redigiu o manifesto e o programa do partido republicano. Logo após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do Governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino. Entretanto, publicaria uma nova versão da História de Literatura Portuguesa (1909-1918). No âmbito estritamente literário, e numa tentativa de alcançar uma visão de conjunto sobre a obra de Teófilo Braga, cuja amplitude e diversidade são ainda aumentadas pelas constantes reedições, refundições e recapitulações, num esforço permanente de coerência e atualização, podemos notar três orientações: 1. A elaboração poética de uma história filosófica da Humanidade, nos cinco volumes de Visão dos Tempos, Tempestades Sonoras, A Ondina do Lago, Torrentes e Miragens Seculares; 2. A vocação folclorista, de inspiração garrettiana, manifesta na recolha e na análise de poesias, lendas, mitos e contos populares e tradicionais; 3. A conceção de uma história da literatura portuguesa, explanada nas dezenas de volumes, propriamente teóricos ou também didáticos, onde estudou os elementos autóctones e os factos importados, debruçando-se especialmente sobre a poesia popular e a literatura do século XIX, e onde procurou conciliar o princípio estático da raça colhido nas leituras de Schlegel (com a exaltação da raça nacional de origem moçárabe) com o princípio dinâmico do progresso bebido nas doutrinas positivistas.
Foi um dos principais representantes da Geração de 70 e um dos mais prolíficos autores da segunda metade do século XIX e inícios do século XX, a quem Ramalho Ortigão se referiu como "o trabalho de uma geração inteira empreendido no cérebro de um só homem", tendo deixado uma obra monumental nos domínios da poesia, da história literária, da teoria da literatura, da ficção e da tradução. Órfão de mãe, senhora da aristocracia açoriana, aos três anos de idade, ganhou, aos cinco, uma madrasta ríspida, que o iria hostilizar. Foi aos dez anos, ao matricular-se na instrução primária, que adotou o nome Teófilo. Tentando ser independente, tornou-se aprendiz de tipógrafo e, em 1859, publicou o seu livro de estreia, Folhas Verdes, apadrinhado por Francisco Maria Supico. Em 1861, partiu para Coimbra para cursar Direito. Na universidade, relacionou-se com alguns dos membros da futura Geração de 70, entre os quais Antero de Quental, envolvendo-se nas manifestações de crítica ao academismo e colaborando em revistas como O Instituto, Revista de Coimbra, Revista Contemporânea de Portugal e Brasil e A Grinalda. Em 1864, publicou os livros de poemas Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, muito influenciados por Vítor Hugo, ambos acompanhados de textos teóricos onde expõe a sua conceção de uma poesia filosófica, que descreva as fases ideais da história da humanidade.
Ainda em Coimbra, e até à conclusão do seu doutoramento, em 1868, traduziu Chateaubriand e iniciou o seu estudo das origens da literatura portuguesa, influenciado pelas leituras de Hegel, Schlegel e Grimm, que daria origem, numa primeira fase, a Cancioneiro Popular e Romanceiro Geral (1867), História da Poesia Popular Portuguesa (1867), Floresta de Vários Romances (1868) e Cantos Populares do Arquipélago Açoriano (1869), e, numa segunda fase, a Contos Tradicionais Portugueses (1883). Em 1868, casou e ficou a viver no Porto, onde aprofundou as suas leituras do positivismo de Comte, de que seria um dos principais divulgadores em Portugal (devendo-se-lhe, entre outras obras, os Traços Gerais de Filosofia Positiva, de 1877, e o Sistema de Sociologia, de 1884) e que tentaria mais tarde aplicar a todos os domínios do saber, nomeadamente à história literária.
Em 1869, quando perdeu o seu primeiro filho, publicou História da Poesia Moderna em Portugal e o volume de poesias Torrentes. Durante a década de 70, orientou o seu trabalho no sentido da criação de uma ambiciosa História da Literatura Portuguesa, a que se refere, em carta a F. M. Supico, como "o mealheiro de todas as [suas] ideias, a monomania, a ambição única que [tinha]". Em 1872, já depois de publicadas a História da Literatura Portuguesa. Introdução (1870), a História do Teatro Português (1870-1871) e a Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872), ganhou o concurso para professor de Literaturas Modernas no Curso Superior de Letras.
Refletindo a sua experiência de ensino, publicou o Manual da História da Literatura Portuguesa (1875), a Antologia Portuguesa (1876) e o Parnaso Português Moderno (1876). Na década de 80, enquanto participava na revista literária A Renascença e dirigia as revistas de divulgação das doutrinas positivistas O Positivismo (fundada com Júlio de Matos em 1878), A Era Nova e a Revista de Estudos Livres (fundadas com Teixeira Bastos, respetivamente em 1880 e 1883), orientou os seus estudos literários para a literatura contemporânea, publicando a História do Romantismo em Portugal (1880) e As Modernas Ideias na Literatura Portuguesa (1892). Em 1884, publicou o último volume de poesias, Miragens Seculares, que viria a concluir o ciclo encetado com a Visão dos Tempos. Entre 1886 e 1887, no espaço de poucos meses, perdeu os dois filhos que lhe restavam; esta enorme tragédia pessoal despertou a simpatia de muitos dos seus adversários, incluindo Camilo, que lhe dedicaram o volume de elegias A Maior Dor Humana. Em 1891, redigiu o manifesto e o programa do partido republicano. Logo após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do Governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino. Entretanto, publicaria uma nova versão da História de Literatura Portuguesa (1909-1918). No âmbito estritamente literário, e numa tentativa de alcançar uma visão de conjunto sobre a obra de Teófilo Braga, cuja amplitude e diversidade são ainda aumentadas pelas constantes reedições, refundições e recapitulações, num esforço permanente de coerência e atualização, podemos notar três orientações: 1. A elaboração poética de uma história filosófica da Humanidade, nos cinco volumes de Visão dos Tempos, Tempestades Sonoras, A Ondina do Lago, Torrentes e Miragens Seculares; 2. A vocação folclorista, de inspiração garrettiana, manifesta na recolha e na análise de poesias, lendas, mitos e contos populares e tradicionais; 3. A conceção de uma história da literatura portuguesa, explanada nas dezenas de volumes, propriamente teóricos ou também didáticos, onde estudou os elementos autóctones e os factos importados, debruçando-se especialmente sobre a poesia popular e a literatura do século XIX, e onde procurou conciliar o princípio estático da raça colhido nas leituras de Schlegel (com a exaltação da raça nacional de origem moçárabe) com o princípio dinâmico do progresso bebido nas doutrinas positivistas.
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Como referenciar
Porto Editora – Teófilo Braga na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-04 04:11:18]. Disponível em
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