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Tetrarquia
Sistema de governo definido por Diocleciano (284-305 d. C.) em que se previam dois Augustos (dos quais somente o mais velho podia legislar) e dois Césares (estes só podiam ascender ao poder depois dos primeiros abdicarem). O sistema durou até 313, quando Constantino assumiu o poder imperial, unificado na sua pessoa. Diocleciano, imperador originário da Dalmácia, não foi o melhor dos generais romanos mas foi um bom administrador e um hábil político. Perante as ameaças bárbaras, entretanto em acalmia por acordo com Roma, com um império vastíssimo e reinados cada vez mais fugazes e vazios, Diocleciano procurou descentralizar o governo, dividindo-o por quatro imperadores (dois Augustos e dois Césares, estes últimos mais jovens e destinados a suceder aos primeiros), cada qual recebendo um quarto do império onde deveria governar, embora sempre com o escopo da unidade do Império e da preservação das velhas tradições e civilização romanas. Logo em 286, dois anos depois de ascender ao sólio imperial, Diocleciano instala-se à frente do Oriente, como Augusto, e põe no Ocidente Maximiano. Em 293, Maximiano nomeia César Constâncio, antigo Prefeito do Pretório, que fica com a Bretanha e com a Gália. Procedimento idêntico toma Diocleciano no Oriente, atribuindo a Galério o título de César e o governo da região Balcânica. Constâncio tinha como residência imperial Tréveros (atual Trier, na Alemanha), Maximiano em Milão, Galério em Esmirna e Diocleciano em Nicomédia, com Roma a funcionar como capital e referência imperial, mas sem residência de imperadores, tal como sucederá permanentemente depois na Anarquia Militar. Grandes historiadores como Pierre Grimal têm considerado, no entanto, que esta iniciativa de Diocleciano não passava de uma partilha de responsabilidades e não de territórios, além de ser um anúncio do fim da unidade imperial que se registaria mais tarde.
A cada Augusto sucedia o seu César, escolhido por adoção e não por hereditariedade, embora pudesse sê-lo também. Cada um deles alimentava uma hierarquia subsequente e uma intrincada máquina administrativa: em vez de se rodear de colaboradores, Diocleciano preferiu aumentar o número de imperadores, de cortes, de séquitos, de clientelas, de influências, logo de interesses e rivalidades, conspirações e usurpações. Diocleciano divinizou também a tetrarquia: intitulava-se Jovius (ou Jupiteriano, relativo ao mais importante deus romano, Júpiter) e a Maximiano Herculius (Hercúleo), impondo logo aí uma hierarquização divina e imperial e uma teologia do poder, numa altura em que se assistia a uma crescente entronização do Imperador como um deus vivo, como já antes Nero ou Heliogábalo tinham anunciado. Registou-se também uma "grande perseguição" aos Cristãos, em 302, na senda de outras que decorriam da inobservância dos seguidores de Cristo da prestação de sacrifícios públicos ao imperador-deus. Objetores de consciência, os Cristãos era por isso assim descobertos e supliciados, caso não obtivessem o certificado de culto ao Imperador.
A tetrarquia sobressaiu acima de tudo pelas reformas administrativas que conseguiu impor, ainda que com dificuldades e nem sempre com os melhores ou mais duradouros resultados. Aumentou o número de províncias, agrupadas em doze dioceses, subordinadas aos vigários, à exceção das províncias proconsulares de África, da Ásia e da Acaia, ainda dependentes diretamente do imperador. O latim era a língua administrativa, imposta por Diocleciano, e a lex romana o código legislativo supremo. Em termos militares, reforçaram-se as defesas fronteiriças, agora já com recrutas forçados (com muitos Cristãos obrigados) pois faltavam os voluntários. Os bárbaros também integravam algumas destas cinquenta legiões no limes. A tetrarquia conheceu êxitos em termos militares, conseguindo uma defesa eficaz das suas frentes de guerra e de instabilidade, ocupando-se a Arménia e dominando-se a Mesopotâmia, para além de se repelir os Persas e os Godos das fronteiras oriental e danubiana, respetivamente.
As despesas aumentaram como se viu, com todas estas novas máquinas administrativas e o estado precário da economia romana em nada se alterou. Procurou-se regular os preços - édito do máximo (301), estabelecendo-se limites de salários e preços, substituindo o da anona - para se travar a inflação romana, galopante e constrangedora do progresso, mas tudo não passou de um fiasco.
A abdicação de Diocleciano e Maximiano, os Augustos, a 1 de maio de 305, para que a Tetrarquia funcionasse por si mesma, resultou num estado lastimoso e difícil, e esta pouco mais sobreviveu. Mas o balanço do governo daqueles dois Augustos até não foi negativo, se atentarmos ao facto de que se reforçou a administração, a fiscalidade e a defesa das fronteiras, para além de se terem vivificado antigas tradições romanas. Mas o Cristianismo e a inflação ditavam leis e o Império desmoronava-se.
A cada Augusto sucedia o seu César, escolhido por adoção e não por hereditariedade, embora pudesse sê-lo também. Cada um deles alimentava uma hierarquia subsequente e uma intrincada máquina administrativa: em vez de se rodear de colaboradores, Diocleciano preferiu aumentar o número de imperadores, de cortes, de séquitos, de clientelas, de influências, logo de interesses e rivalidades, conspirações e usurpações. Diocleciano divinizou também a tetrarquia: intitulava-se Jovius (ou Jupiteriano, relativo ao mais importante deus romano, Júpiter) e a Maximiano Herculius (Hercúleo), impondo logo aí uma hierarquização divina e imperial e uma teologia do poder, numa altura em que se assistia a uma crescente entronização do Imperador como um deus vivo, como já antes Nero ou Heliogábalo tinham anunciado. Registou-se também uma "grande perseguição" aos Cristãos, em 302, na senda de outras que decorriam da inobservância dos seguidores de Cristo da prestação de sacrifícios públicos ao imperador-deus. Objetores de consciência, os Cristãos era por isso assim descobertos e supliciados, caso não obtivessem o certificado de culto ao Imperador.
A tetrarquia sobressaiu acima de tudo pelas reformas administrativas que conseguiu impor, ainda que com dificuldades e nem sempre com os melhores ou mais duradouros resultados. Aumentou o número de províncias, agrupadas em doze dioceses, subordinadas aos vigários, à exceção das províncias proconsulares de África, da Ásia e da Acaia, ainda dependentes diretamente do imperador. O latim era a língua administrativa, imposta por Diocleciano, e a lex romana o código legislativo supremo. Em termos militares, reforçaram-se as defesas fronteiriças, agora já com recrutas forçados (com muitos Cristãos obrigados) pois faltavam os voluntários. Os bárbaros também integravam algumas destas cinquenta legiões no limes. A tetrarquia conheceu êxitos em termos militares, conseguindo uma defesa eficaz das suas frentes de guerra e de instabilidade, ocupando-se a Arménia e dominando-se a Mesopotâmia, para além de se repelir os Persas e os Godos das fronteiras oriental e danubiana, respetivamente.
As despesas aumentaram como se viu, com todas estas novas máquinas administrativas e o estado precário da economia romana em nada se alterou. Procurou-se regular os preços - édito do máximo (301), estabelecendo-se limites de salários e preços, substituindo o da anona - para se travar a inflação romana, galopante e constrangedora do progresso, mas tudo não passou de um fiasco.
A abdicação de Diocleciano e Maximiano, os Augustos, a 1 de maio de 305, para que a Tetrarquia funcionasse por si mesma, resultou num estado lastimoso e difícil, e esta pouco mais sobreviveu. Mas o balanço do governo daqueles dois Augustos até não foi negativo, se atentarmos ao facto de que se reforçou a administração, a fiscalidade e a defesa das fronteiras, para além de se terem vivificado antigas tradições romanas. Mas o Cristianismo e a inflação ditavam leis e o Império desmoronava-se.
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Como referenciar
Porto Editora – Tetrarquia na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-09 11:11:06]. Disponível em
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