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Titanic
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Southampton, no sul de Inglaterra, e Nova Iorque, nos EUA, eram os extremos da viagem inaugural de um majestoso transatlântico considerado por todos, principalmente o seu ufano e orgulhoso capitão, como insubmergível. Esta segurança baseava-se na existência de dezasseis compartimentos estanques no porão, pois mesmo que se verificasse a remota possibilidade - conforme todos acreditavam - de quatro deles se inundarem, o navio não se afundaria.
Esta firme crença era sustentada principalmente pela empresa que construiu o Titanic, a White Star, nos seus estaleiros de Belfast, na Irlanda do Norte, que o considerava indestrutível, não o dotando, por isso - o que seria desprestigiante e entendido como uma fraqueza daquele gigante dos mares - de botes e coletes salva-vidas suficientes para todos os passageiros. Era, pois, o orgulho do seu tempo, o maior prodígio da engenharia do começo do século, famoso ainda antes de zarpar. Para mais, este navio custou, na época, 1 500 000 libras, um valor que só por si, segundo pensavam os construtores, garantia a máxima qualidade e ausência de riscos, afastando-se assim qualquer eventualidade negativa para um navio tão grande e caro.
Todavia, esta aura de inafundabilidade e segurança máxima apenas durou quatro dias. O Titanic levantou ferros de Southampton a 10 de abril de 1912. Transportava mais de 2 000 passageiros, entre muito ricos e pobres emigrantes, para além de muitas dezenas de tripulantes. Fez apenas duas escalas na Europa, a primeira em Cherbourg, na França, e a segunda em Queenstown, na Irlanda.
Naufrágio do Titanic a 14 de abril de 1912
Uma orquestra animava os serões dos mais abastados, trajados com fatos e vestidos de gala, num ambiente requintado mas sumptuoso, o transplante de um caríssimo hotel ou restaurante parisiense ou londrino para as águas frias do Atlântico. O Titanic era a apoteose de uma época, do poder do dinheiro e da capacidade técnica do Ocidente. Era também a imagem da sociedade do seu tempo: se em cima se dançava, gozava e comia como nas melhores cortes europeias, em baixo, no navio, pululavam centenas de pobres e remediados em busca de uma América que poderia solucionar as suas vidas. Aquela passagem custava-lhes muito tempo de trabalho, mas significava a aposta no futuro, ali já do outro lado de um oceano cada vez mais "estreito" com estes transatlânticos gradualmente mais rápidos e poderosos.
Mas no dia 14 de abril, cerca das 23 horas e 50 minutos, a 925 km a sudeste da gélida Terra Nova, o orgulho dos mares e passaporte para a felicidade de muitos que nele iam, colidia com um iceberg, que ninguém vira na bruma da noite, rasgando o casco do transatlântico e provocando danos irreparáveis. Decorridas duas horas e meia após o impacto, já no dia 15, as 46 000 toneladas do Titanic amortalhavam-se para sempre nas águas do Atlântico Norte. A cerca de 20 milhas náuticas do local navegava o Californian, navio que não ouviu o sinal de socorro do Titanic por o seu telegrafista ter adormecido. Apenas o Carpathia detetou o SOS, mas encontrava-se a 1 hora e 20 minutos de distância, o que inviabilizava qualquer esforço para salvar as 1513 vítimas mortais do naufrágio do Titanic. A maior parte destas morreu de hipotermia, congeladas enquanto esperavam por um salvamento que tardou em chegar. Sobrevieram apenas 705 pessoas.
Para além das falhas humanas de deteção do iceberg, para não falar nas negligências em termos de segurança - acresce uma tradição de que vários navios avisaram o comandante de aquela rota estava pejada de icebergs, o que foi sobranceirmente ignorado, o Titanic navegava a uma velocidade excessiva em águas geladas e onde eram frequentes aquelas formações de gelo flutuante. Na ânsia de confirmar o poderio e as espectativas geradas em torno deste imponente navio, o seu comandante talvez desejasse chegar a Nova Iorque antes da data prevista, o que aumentaria a fama do navio e seria uma extraordinária operação publicitária face à concorrência, que eram então forte entre as empresas de navegação transatlântica. Desaparecia um mito, nascia uma obsessão que perdurou durante muitos anos: a procura dos destroços do navio, que criou uma série de histórias e lendas e até filmes e documentários. Aqueles foram encontrados em 1987, por Robert Ballard, voltando cerca de dez depois a ser "redescobertos" pelo mundo através do filme com o mesmo nome do navio.
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Como referenciar
Porto Editora – Titanic na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-02 13:29:54]. Disponível em

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