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Para mim, ler e escrever foram, sobretudo, sempre uma forma de entender o mundo ao meu redor e as pessoas que nele vivem. Tenho um enorme fascínio por pessoas – saber o que as motiva, observar a dinâmica das suas relações, perceber porque agem como agem e o que pode estar escondido sob a superfície.
Foi este último ponto que me inspirou a escrever ficção policial, na série protagonizada pela detetive Elin Warner. Em cada livro, esforço-me por explorar o que motiva alguém a cometer um crime e o que pode estar oculto por detrás da fachada que apresenta ao mundo; e também para entender quão difícil é conhecermos realmente uma pessoa – inclusive, a nós próprios.
N’O Retiro, o segundo romance desta série, todas as personagens, incluindo Elin e o seu namorado Will, possuem um lado que se sentem confortáveis em partilhar com o mundo e um outro lado que gostariam de manter escondido. Na maioria dos casos, este último é benigno, mas, quando combinado com um terrível segredo, pode revelar-se devastador.
A ideia de um lado obscuro e oculto é algo que também utilizo nos meus cenários. Quando escrevo, adoro usar o ambiente externo para refletir os mundos internos e a turbulência das personagens. No meu primeiro romance, O Sanatório, isso resultou num antigo sanatório abandonado, com um passado sinistro, que é convertido num hotel; e n’O Retiro, num luxuoso retiro de bem-estar, situado numa ilha remota, que já foi o lar de um serial killer. Assim como as personagens do livro, o local parece tranquilo e bonito por fora, mas depressa descobrimos que é tudo menos isso.
Sarah Pearse